Líderes da diplomacia e da Defesa são os primeiros funcionários de alto escalão do país que irão encontrar Zelenski após a invasão.
Os líderes da diplomacia e da Defesa dos Estados Unidos chegam a
Kiev neste domingo (24) para sua primeira visita desde que a Rússia invadiu a
Ucrânia há dois meses, enquanto intensos combates ofuscam a Páscoa ortodoxa. Os
secretários de Estado, Antony Blinken, e da Defesa, Lloyd Austin, fazem a
visita à capital ucraniana quando a guerra, que deixou milhares de mortos e
milhões de deslocados, completa dois meses. Desde o início do conflito, vários
líderes europeus viajaram para Kiev para se encontrar com o presidente Volodmir
Zelenski e prestar apoio à Ucrânia, mas os Estados Unidos não haviam enviado
até agora nenhum alto funcionário. A visita de Blinken e Lloyd à Ucrânia
coincide com a Páscoa do país amplamente ortodoxo. "Nossas almas estão
cheias de um ódio feroz pelos invasores e tudo o que eles fizeram. Não vamos
deixar a raiva nos destruir por dentro", disse Zelensky em um comunicado
marcando o feriado. O Departamento de Estado dos Estados Unidos se recusou a
comentar a viagem altamente sensível de dois dos principais membros do gabinete
do presidente Joe Biden. No terreno, as forças russas não mostram sinais
de reduzir os seus ataques após o lançamento de um míssil na cidade de Odessa,
no sul do país, que a Ucrânia diz ter matado oito pessoas, incluindo um bebê. "Entre
os mortos está uma bebê de três meses. Como ele ameaçou a Rússia? Parece que
matar crianças é uma nova ideia nacional da Federação Russa", denunciou
Zelenski. Ele também acusou a Rússia de
ser um Estado terrorista e de agir como os nazistas na devastada cidade de
Mariupol, fortemente bombardeada há semanas. ONU
pede trégua em Mariupol A ONU pede uma trégua "imediata" em Mariupol
para permitir a retirada de cerca de 100 mil civis que permanecem presos nesta
cidade portuária ucraniana controlada quase inteiramente pelo exército russo,
de acordo com um comunicado emitido neste domingo (24) pelo seu coordenador na
Ucrânia. "Precisamos de uma pausa nos combates agora para salvar vidas.
Quanto mais esperarmos, mais vidas estarão ameaçadas. As pessoas devem ser
autorizadas a sair agora, hoje. Amanhã será tarde demais", disse Amin
Awad. A última de várias tentativas de retirar os civis da cidade fracassou no
último sábado, e uma unidade de combatentes ucranianos em túneis sob uma usina
siderúrgica parece estar em uma situação desesperadora. No sábado, cerca de 200
moradores se reuniram em um local de saída designado em Mariupol, mas foram
"dispersados" pelas forças russas, informou no Telegram Petro
Andyushchenko, um funcionário municipal. Ele assegurou que os russos impediram
a saída e que outros civis foram levados para ônibus com destino a locais sob
controle da Rússia. Nesta madrugada, a Ucrânia disse que as forças russas
continuavam a bombardear a cidade do Mar de Azov, incluindo a siderúrgica
Azovstal, o último reduto de resistência dos combatentes ucranianos. Mariupol,
que o Kremlin afirma ter tomado, é fundamental para os planos militares russos
de estabelecer um corredor terrestre entre a Crimeia e o leste da Ucrânia. Embora os combates tenham se espalhado pela maior parte
do país, muitos ucranianos enfrentaram as bombas para receber a tradicional
bênção da Páscoa ortodoxa, que os ucranianos celebraram neste domingo. Míssil em Odessa Mais a oeste, um
míssil atingiu um prédio residencial no porto de Odessa, no Mar Negro, matando
oito pessoas e ferindo 18, segundo Zelensky, que disse que cinco mísseis
atingiram a cidade. "Vamos identificar os responsáveis por este ataque, os
responsáveis pelo terror russo", acrescentou. O ministério da Defesa russo
assegurou que tinha como alvo um depósito de armas perto de Odessa e indicou
que os serviços especiais ucranianos estão preparando uma "provocação com
o uso de produtos químicos tóxicos" para culpar a Rússia. As potências
ocidentais afrimam que o país faz tais acusações para encobrir ataques
planejados por suas próprias forças. Já um oficial militar russo de alto
escalão garantiu que o objetivo de seu país é assumir o controle total da
região do Donbass, no leste, e o sul da Ucrânia. As forças russas, que se retiraram do norte da Ucrânia e dos arredores
de Kiev após tentativas frustradas de tomar a capital, já ocupam grande parte
do Donbass e do sul. Crime de guerra Depois de mudar seu
foco estratégico para o sul e leste da Ucrânia, as forças russas deixaram para
trás um rastro de destruição ao redor de Kiev. Uma missão da ONU na cidade de
Bucha, perto da capital, documentou "assassinatos ilegais, incluindo a
execução sumária de cerca de 50 civis", segundo o escritório do Alto
Comissariado da ONU para os Direitos Humanos.As tropas "bombardearam
indiscriminadamente áreas povoadas, matando civis e destruindo hospitais,
escolas e outras infraestruturas, o que pode constituir crimes de guerra",
diz o documento.Tania Boikiv, de 52 anos, declarou que as forças russas levaram
seu marido de sua casa em Bucha, o prenderam por duas semanas e depois o
espancaram até a morte."A coisa mais
terrível da minha vida é que meu marido, meu amor, não está aqui",
lamentou à AFP. "Eu não sei o que poderia ser pior". Guerra da Ucrânia completa dois meses com
massacre de civis e milhões de refugiados. ( Fonte R 7 Noticias Internacional)