CPI
quebra sigilo de Eduardo Pazuello, Ernesto Araújo e “gabinete paralelo”.
A CPI da Pandemia aprovou nesta quinta-feira (10) a
quebra dos sigilos telefônico e telemático dos ex-ministros Eduardo Pazuello
(Saúde) e Ernesto Araújo (Relações Exteriores). Também são alvos da
transferência de dados a secretária do Ministério da Saúde Mayra Pinheiro, o
assessor internacional da Presidência da República, Filipe Martins, o
empresário Carlos Wizard e o virologista Paolo Zanotto. Os dois últimos são
apontados como integrantes de um “gabinete paralelo” que orientava o presidente
Jair Bolsonaro no enfrentamento ao coronavírus. O senador Alessandro Vieira
(Cidadania-SE) é o autor de 21 dos 23 requerimentos aprovados. Para ele,
Eduardo Pazuello “é personagem essencial” na investigação, por ter recorrido a
“indefensáveis escusas” para não comprar vacinas. Ainda segundo o autor do
requerimento, o ex-ministro “não envidou os esforços necessários para conter o
colapso da saúde” em Manaus (AM) em janeiro deste ano. A quebra dos sigilos de
Ernesto Araújo busca apurar “uma lamentável negligência do ex-chanceler para
conseguir vacinas e insumos para o Brasil”. “A transferência dos dados
permitirá avaliar os esforços que foram ou não envidados, a autonomia ou não de
sua atuação, a existência ou não de planejamento”, argumenta Alessandro Vieira.
“Gabinete
paralelo” Outros
dois alvos da quebra de sigilo são Carlos Wizard e Paolo Zanotto, apontados
como integrantes do “gabinete paralelo”. Alessandro Vieira argumenta que Wizard
era “mais do que um mero conselheiro” do ex-ministro Eduardo Pazuello. Segundo
o parlamentar, há “indícios de que (o empresário) tenha mobilizado recursos
financeiros para fortalecer a aceitação das medidas que o presidente da
República julgava adequadas, mesmo sem qualquer comprovação científica”. O
autor do requerimento lembra ainda que, durante reunião com Jair Bolsonaro, o
virologista Paolo Zanotto recomendou “tomar um extremo cuidado” com o uso de
vacinas. O virologista também admitiu ter enviado uma carta a Arthur Weintraub,
ex-assessor do presidente da República. Na correspondência, ele sugere a
formação de um shadow cabinet (gabinete das sombras) para orientar o
Palácio do Planalto na pandemia. A transferência de sigilo telefônico e
telemático da médica Nise Yamaguchi estava na pauta, mas não chegou a ser
votado. Ela também estava na reunião entre Paolo Zanotto e outros integrantes
do “gabinete paralelo” com Jair Bolsonaro. Os senadores aprovaram ainda a
quebra dos sigilos do tenente-médico da Marinha Luciano Dias Azevedo. Segundo o
senador Alessandro Vieira, o militar “foi o autor da minuta de decreto que
teria como objetivo alterar a bula da cloroquina”. O tema foi discutido durante
reunião no Palácio do Planalto. Outros alvos A CPI da Pandemia aprovou a quebra dos sigilos
telefônico e telemático da secretária de Gestão do Trabalho e Educação do
Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro. Em mensagem enviada à Prefeitura de Manaus
no ápice da pandemia, ela avaliou que seria “inadmissível” a não utilização de
medicamentos como cloroquina e ivermectina, drogas sem eficácia comprovada
contra a covid-19. Os senadores também quebraram os sigilos do assessor
internacional da Presidência da República, Filipe Martins. Segundo Alessandro
Vieira, “há suspeitas fundadas” de que Martins integrava o “famigerado gabinete
do ódio”. De acordo com o parlamentar, a “máquina de mentiras e difamação” do
Palácio do Planalto pretende “destruir a reputação de qualquer pessoa que
defenda a aquisição de vacinas ou combata o chamado ‘tratamento precoce’”. Um
requerimento do senador Humberto Costa (PT-PE) prevê a transferência de dados
do auditor afastado do Tribunal de Contas da União (TCU), Alexandre Figueiredo
Costa e Silva. O servidor introduziu, de forma não autorizada, no sistema do
TCU um documento que coloca em dúvida o número de óbitos por covid-19 no
Brasil. A informação foi desmentida pelo TCU, mas, antes, foi citada pelo
presidente Jair Bolsonaro para minimizar o impacto do coronavírus. A CPI da
Pandemia aprovou as seguintes quebras dos sigilos telefônico e telemático: Ministério da Saúde Francieli Fontana Sutile
Tardetti Fantinato, coordenadora-geral do Programa Nacional de Imunizações
(PNI) Hélio Angotti Neto, secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos
Estratégicos em Saúde, Arnaldo Correia de Medeiros, secretário de Vigilância em
Saúde,Antonio Elcio Franco Filho, ex-secretário-executivo-adjunto,Camile
Giaretta Sachetti, ex-diretora do Departamento de Ciência e Tecnologia da
Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos,Flávio Werneck,
ex-assessor de Relações Internacionais,Zoser Plata Bondin Hardman de Araújo,
ex-assessor especial ,Laboratórios,Francisco
Emerson Maximiano, sócio da Precisa Medicamentos Túlio Silveira, representante
da Precisa Medicamentos, Crise no Amazonas, Marcellus Campelo, ex-secretário
de Saúde do Amazonas, Francisco Ferreira Filho, ex-coordenador do Comitê de
Crise do Amazonas , Pessoas jurídicas- Quatro pessoas jurídicas são alvos de transferência de dados mais
abrangentes: Associação Dignidade Médica de Pernambuco (bancário e fiscal) Profissionais
de Publicidade Reunidos (bancário, fiscal, telefônico e telemático) Calya/Y2
Propaganda e Marketing (bancário, fiscal, telefônico e telemático) Artplan
Comunicação (bancário, fiscal e telemático). Fonte: Agência Senado