19 brasileiros estão desaparecidos na costa da Guiana Francesa.
Canoa
superlotada com 24 pessoas a bordo afundou no último dia 28; pessoas tentavam
entrar clandestinamente no país.
Desde o dia 28 de agosto, pelo
menos 19 brasileiros estão desaparecidos no mar, depois que um barco
clandestino naufragou na costa da Guiana Francesa,
ao norte do estado do Amapá. A canoa levava 17 homens e sete mulheres que
pretendiam conseguir trabalho em um garimpo ilegal no território vizinho. Leia também: Acionistas
processam diretoria da Boeing por acidentes do 737 MAX Quatro
sobreviventes e um corpo foram resgatados, até as buscas serem interrompidas.
Passados 11 dias do naufrágio, ainda não há uma lista oficial de mortos ou
desaparecidos. Parentes dos desaparecidos criticam o descaso das autoridades.
Conforme a Polícia Federal do Amapá, a embarcação partiu de Oiapoque, no
extremo norte do Estado, com destino a Caiena e Kourou, no departamento
ultramarino da França. Os brasileiros seguiam em busca de trabalho em um
garimpo. Pelo que já se apurou, a canoa tinha capacidade para dez pessoas e
saiu superlotada.Além dos passageiros, o barco levava três tripulantes. Antes
de chegar ao Oceano Atlântico, um dos pilotos teria feito uma parada em Vila
Vitória, distrito de Oiapoque, onde mais cinco pessoas embarcaram. Havia ainda
700 quilos de carga no barco.A presidente da Comissão de Relações Exteriores da
Assembleia Legislativa do Amapá, deputada Cristina Almeida (PSB) informou ter
sido criado um comitê com a Secretaria de Inclusão e Mobilização Social do
Estado para ajudar os familiares de brasileiros desaparecidos no naufrágio."Até
o momento foram encontradas quatro pessoas vivas, sendo três homens e uma
mulher. Dois homens, ao serem resgatados, conseguiram fugir antes de serem
identificados. Na lista de sobreviventes, temos os nomes de Maria Elinete
Corrêa Costa, natural do Maranhão, e Ronaldo Rodrigues Mota, do Pará",
contou.Segundo ela, apesar de ter acontecido no dia 28, somente no dia 31 de
agosto as autoridades brasileiras e francesas tiveram conhecimento do
naufrágio, que aconteceu na foz do rio Aprouague no cabo Pointe Béhague, após
encontrar uma sobrevivente. Além dos quatro sobreviventes, as autoridades
francesas encontraram três corpos no oceano."Um corpo já estava em
decomposição e foi para análise, porque estão supondo que não seja de vítima do
naufrágio. Dos outros dois, ainda esperamos informações que serão repassadas
pela polícia nacional francesa à Polícia Federal do Brasil", disse. À deriva Moradora de Macapá, a dona de casa
Lana Santos se desespera com a falta de notícias da filha, Ellen Pantoja dos
Santos, que estava no barco. "Já fui na Polícia Federal, no quiosque da
fronteira, na polícia da Guiana Francesa e não há informação nenhuma. O governo
não está fazendo nada por nós, estamos com as mãos atadas", disse. Segundo
ela, as autoridades francesas interromperam as buscas após três dias.
Voluntários de Oiapoque e de Saint-George (Guiana) fizeram as buscas por mais
seis dias e pararam por falta de combustível e alimentação. Foram eles que
encontraram um dos corpos. Lana conta que conversou com a única mulher
sobrevivente, Maria Elinete, conhecida como Neta. "Ela contou que minha
filha estava com ela e outra mulher, à deriva no mar, agarradas a um corote
(pequeno barril de madeira). Ficaram três dias e duas noites assim, segundo
jogadas pelas ondas. A mulher estava sem colete e se desgarrou, mas a minha
filha continou com ela, as duas com sede, com fome. Não tinha água potável. Ela
dizia para minha filha não engolir água do mar." Lana teve a conversa com
a sobrevivente em um hospital de Caiena. "Eu já a conhecia, minha filha
embarcou com ela. Iriam arriscar lá no garimpo ou pegar um serviço em Caiena.
Minha filha estava debilitada, com o rosto machucado, tinha tirado quase toda a
roupa porque estava pesando muito. No fim, veio uma onda grande e separou as
duas. Ela não conseguiu ver mais minha filha. Eu preciso saber o que aconteceu.
Ela estava de colete, quem sabe? Só que o governo do Amapá não está fazendo
nada, a Polícia Federal está calada. Não temos mais informações." Entre os
desaparecidos estão Carlos Adriano Almeida, de 22 anos, e sua mulher Karine
Oliveira Soares, de 18. A irmã de Karine, Géssica Oliveira Soares, de 22, e a
mãe delas, Geane Oliveira, de 43, também embarcaram na canoa. A mãe de Carlos,
Jonilde Almeida, disse que o filho fazia a viagem contra sua vontade. Ele
tentaria emprego em um garimpo do lado francês do Rio Oiapoque. Também havia
embarcado Maria da Conceição Silva Santos de 58 anos, nascida no Maranhão e que
vivia em Roraima. Nos últimos 20 anos, ela trabalhou em garimpos na região.Outras
pessoas que estavam no barco, segundo informaram as famílias, são Raimundo de
Souza Melo, de 44 anos, e Ingridh de Souza Pereira, de 39. Nesta quinta-feira,
9, a Polícia Federal começa a receber familiares dos desaparecidos para coleta
de material genético na superintendência de Macapá e na delegacia federal de
Oiapoque. As amostras serão enviadas ao governo da Guiana Francesa para comparação
com o material colhido dos corpos. A PF abriu inquérito para apurar o
naufrágio. O Ministério Público de Caiena também apura o caso.De acordo com a
deputada Cristina, a maioria dos brasileiros era residente no Amapá, embora
procedessem de outros estados. Ela destacou a preocupação com a entrada ilegal
de brasileiros na Guiana Francesa. "Na semana passada, dialogamos bastante
sobre essa situação e decidimos lançar em novembro a campanha Brasileiro Legal,
com o objetivo de conscientizar as pessoas a não atravessarem a fronteira de
forma ilegal. O passaporte se tira muito rápido, mas o visto é, sim, um
problema, mas é preciso compreender que essa relação com o país vizinho precisa
ser obedecida", disse.A reportagem entrou em contato com a Marinha do
Brasil, pedindo informações sobre o naufrágio e as buscas. Também pediu ao
governo do Amapá e ao Consulado do Brasil em Caiena mais informações sobre os
desaparecidos e sobre o apoio às famílias, mas ainda não recebeu os retornos.)
Fonte R 7 Noticias Internacional)