Ucrânia renova pedidos por sistemas antimísseis ocidentais; forças de
Kiev enfrentam situação 'extremamente difícil' em Lysychansk.
A Ucrânia denunciou o
"terror russo deliberado" e renovou os pedidos por sistemas
antimísseis ocidentais após ataques mortais na região de Odessa, enquanto as
forças de Kiev enfrentam uma situação "extremamente difícil" em
Lysychansk, cidade-chave na batalha pelo Donbass. Segundo autoridades
militares e civis ucranianas, pelo menos 21 pessoas, incluindo um menino de 12
anos, foram mortas na sexta-feira (1) por três mísseis russos que destruíram
"um grande edifício" e "um complexo turístico" em Serhiivka,
uma cidade na costa do Mar Negro, a cerca de 80 km de Odessa, no sul da
Ucrânia. "Isso é terror russo deliberado e não erros ou um ataque
acidental com mísseis", denunciou o presidente ucraniano, Volodimir
Zelenski, na noite de sexta-feira, enquanto as autoridades locais asseguraram
que "não havia qualquer alvo militar" no local dos ataques.Em
resposta às acusações ucranianas, o Kremlin garantiu que "as forças
armadas da Rússia não operam contra alvos civis" na Ucrânia, uma reação
descrita como "desumana e cínica" por Berlim. Dezenas de feridos
De acordo com Kiev, os ataques em Serhiivka feriram 38 pessoas, incluindo cinco
crianças, duas delas em estado grave. "Peço aos nossos parceiros que
forneçam à Ucrânia sistemas de defesa antimísseis o mais rápido possível.
Ajudem-nos a salvar vidas", implorou o ministro das Relações Exteriores,
Dmytro Kouleba, chamando a Rússia de "Estado terrorista".De acordo
com o exército ucraniano, os projéteis usados contra Serhiivka foram mísseis de
cruzeiro soviéticos datados da Guerra Fria e projetados para atacar
porta-aviões, do mesmo tipo daqueles que atingiram um shopping center em
Kremenchuk, no centro da Ucrânia, em plena luz do dia na segunda-feira matando
pelo menos 19 pessoas.Zelenski reconheceu que a situação continua
"extremamente difícil" em Lyssytchansk, no Donbass, onde a maior
parte dos combates está concentrada e onde os russos "tentam cercar"
o exército ucraniano "pelo sul,leste e oeste", segundo o governador
local, Serguiï Gaïdaï. Em sua atualização diária sobre a situação no
front, o Estado-Maior ucraniano afirmou neste sábado (2) que "os russos
realizaram uma ofensiva [em direção a uma localidade a poucos quilômetros a
oeste da cidade], sem sucesso".Na sexta-feira, o ministério da Defesa
russo anunciou que suas forças "chegaram na entrada de Lysytchansk" e
infligiram "pesadas perdas" ao exército ucraniano. Lyssytchansk
é a última grande cidade que ainda não está nas mãos dos russos na região de
Lugansk, uma das duas províncias do Donbass.Cerca de sessenta quilômetros mais
a oeste, em Sloviansk, uma cidade do Donbass não muito distante das de Izium e
Lyman já nas mãos das forças russas, um ataque com foguetes atingiu casas
habitadas na sexta à noite, causando a morte de uma mulher que estava em seu
jardim e ferindo o marido, informou uma vizinha a um jornalista da AFP.De
acordo com o governador da região de Donetsk, Pavlo Kyrylenko, quatro civis
foram mortos e 12 feridos em Sloviansk desde a manhã de sexta-feira.Sloviansk
vem sofrendo disparos diurnos e noturnos de foguetes há pelo menos uma semana,
atingindo áreas residenciais. Apoio internacional à Ucrânia Respondendo
às demandas ucranianas por armas adicionais, o Pentágono anunciou na
sexta-feira US$ 820 milhões em nova ajuda militar para Kiev, incluindo até
150.000 projéteis de 155 mm, novos mísseis para os lançadores múltiplos de
foguetes Himars, que chegaram recentemente ao campo de batalha, bem como
sistemas de defesa antiaérea NASAMS. A Noruega, por sua vez, anunciou uma
ajuda sob a forma de uma doação de cerca de 960 milhões de euros, que permitirá
a Kiev comprar armas. Perante o bloqueio marítimo que lhe é imposto pela
Rússia e que a impede de exportar o seu trigo, a Ucrânia pediu na sexta-feira à
Turquia que interceptasse um cargueiro russo que saiu do porto de Berdiansk, na
zona ocupada, e suspeito de transportar milhares de toneladas de grãos roubados
por Moscou. Ilustrando a questão da guerra de grãos imposta por Moscou e
que preocupa muitos países africanos que dependem do trigo ucraniano para sua
segurança alimentar, o exército ucraniano afirmou na sexta-feira, com um vídeo
de apoio, que o exército russo havia bombardeado duas vezes com bombas de
fósforo a Ilha das Serpentes, uma ilhota no Mar Negro perto das costas
ucraniana e romena e essencial para controlar o tráfego marítimo, de onde
Moscou havia garantido no dia anterior ter se retirado em "sinal de boa
vontade".Kiev, por sua vez, afirma que os russos foram expulsos por
repetidos ataques ucranianos. Na frente diplomática, a presidente da
Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, dirigindo-se ao parlamento de Kiev por
vídeo na sexta e pediu que acelere suas reformas anticorrupção, como parte da
candidatura da Ucrânia à adesão ao bloco.Ela também saudou a aprovação de uma
lei destinada a combater "a influência excessiva dos oligarcas na
economia" e pediu a adoção de uma "lei sobre a mídia, que alinha a
legislação ucraniana com os padrões da União Europeia".( Fonte R 7
Noticias Internacional)