Indicado a presidir Conselho de Administração da
estatal recusou convite e informou ao presidente sobre sua decisão.
Indicado pelo presidente Jair Bolsonaro para
assumir a presidência da Petrobras, o economista Adriano
Pires informou ao Planalto que desistiu do cargo, diante de
questionamentos sobre possível conflito de interesse. Ele é diretor-fundador do
CBIE (Centro Brasileiro de Infraestrutura), consultoria que diz ser uma das cem
mais influentes do Brasil no
setor de energia e referência no setor de infraestrutura. Pires atua
coordenando projetos e estudos para a indústria de gás natural, a política nacional
de combustíveis, o mercado de derivados de petróleo e gás natural.A indicação
ocorreu oficialmente no último dia 28, quando o MME (Ministério de Minas e
Energia) divulgou uma nota apontando Pires como indicado à presidência
da estatal. Em documento do último dia 31, o subprocurador-geral
do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU), Lucas Rocha
Furtado, pediu que fosse determinado à CGU (Controladoria-Geral da União)
investigação sobre possível conflito de interesse na indicação de Pires
"diante da longa e relevante atuação do indicado na iniciativa
privada".No documento, ele ainda questiona indícios de interferência do
presidente Bolsonaro na estatal. "Se o presidente da República objetiva,
com a alteração da direção da estatal, modificar essa política de preços,
configura-se clara ofensa aos dispositivos da Lei das Estatais acima
destacados, o que é expressamente vedado ao acionista controlador, no caso, a
União, por intermédio da vontade exclusiva do governante da nação",
afirmou.Furtado ressalta que "primeira situação indesejável e contrária à
legislação pode ser caracterizada como uma intervenção direta na empresa".
"No intuito de promover o controle dos preços dos combustíveis, com
intenção puramente eleitoral, visto que o atual presidente da República é
candidato à reeleição, sendo certo que o aumento constante dos preços dos
derivados do petróleo — como vem ocorrendo recentemente — não favorece bons
índices de popularidade do governante que ocupa momentaneamente o Palácio do
Planalto", frisou.Na ocasião em que Pires foi indicado, o MME também fez a
indicação de Rodolfo Landim como presidente do Conselho de Administração. No último sábado
(2), Landim, que é presidente do clube de futebol Flamengo,
enviou uma nota ao ministro Bento Albuquerque (Minas e Energia) agradecendo a
demonstração de confiança, mas declinando o convite. Na nota, Landim afirmou
que o compromisso com o Flamengo se tornou prioridade em sua vida profissional.
"Entendo que o atual momento de mudanças, agora não só do Conselho, mas
das duas principais posições de liderança da empresa, exigirá para a função que
me seria designada uma demanda de trabalho e foco, ao menos por um bom período,
que vai além do que normalmente seria esperado para o cargo que fui
indicado", disse.Após uma série de aumentos no preço dos combustíveis, Bolsonaro decidiu
trocar o comando da Petrobras, retirando o general Joaquim Silva e Luna do
posto. Na semana passada, em uma palestra
no STM (Superior Tribunal Militar), Luna defendeu a gestão e as
decisões tomadas pela estatal. Ele argumentou que não cabe à Petrobras segurar
artificialmente os preços e que precisa seguir o movimento do mercado.
"Tem responsabilidade social? Tem. Pode fazer política pública? Não. Muito
menos política partidária", afirmou.( Fonte R 7 Noticias Brasil)