Hormônio ajuda a aumentar
o desejo e o prazer sexual, mas o uso em excesso pode trazer riscos à saúde.
A testosterona
para mulheres na pós-menopáusicas, cujo desejo sexual havia desaparecido, era
quase que um tabu. As mulheres temiam desenvolver “traços masculinos”, como
pelos corporais ou uma voz mais grave. LEIA TAMBÉM Canabidiol pode ajudar
sintomas da pós-menopausa, afirma estudo americano Mulheres que fizeram
reposição hormonal têm 22% mais risco de Alzheimer O cenário, porém,
mudou. Em todo o país, profissionais de saúde feminina relataram um aumento
semelhante nos últimos meses, impulsionado por influenciadas da menopausa no
Instagram e TikTok, que promovem os benefícios da testosterona para o
bem-estar. Especialistas afirmaram ao The Times que a deficiência
cultural pela testosterona, além de nuances sobre o medicamento estão se
perdendo. Embora décadas de evidências sugiram que baixas doses de testosterona
podem aumentar o desejo sexual de algumas mulheres com alguns efeitos
colaterais, alguns defensores estão exagerando na capacidade dos hormônios de
melhorar o humor, a cognição, a força muscular e a saúde cardiovascular,
disseram os especialistas, subestimando seus riscos potenciais. “As pessoas
estão tentando tomar testosterona para tudo, virou o novo medicamento para se
sentir bem. Mas, para qualquer coisa além da libido, se você realmente analisar
os dados, ainda não estão prontos para serem usados amplamente”, explicou a
médica Risa Kagan ao O Globo. Testosterona
e mulheres Há esclarecimentos sobre o papel da testosterona nos corpos das
mulheres, mas ainda há muito a descobrir, de acordo com a endocrinologista e
uma das principais pesquisadoras sobre mulheres e hormônios sexuais Susan
Davis, da Universidade de Monash, na Austrália. “Embora os homens tenham cerca
de 10 vezes mais testosterona do que as mulheres, os hormônios desempenham um
papel importante na saúde reprodutiva de ambos os sexos. Nas mulheres, a
testosterona é produzida principalmente pelos ovários e glândulas supra-renais
e ajuda na produção de óvulos em cada ciclo menstrual, entre outras funções”,
disse ao O Globo. Além da reprodução, os pesquisadores continuam
tentando entender como a testosterona afeta a saúde das mulheres. “Eles estão
intrigados pelo fato de que as mulheres possuem receptores de testosterona por
todo o corpo, incluindo o coração, cérebro, músculos e ossos, o que sugere uma
ligação com a saúde desses órgãos”, diz Davis. De forma geral, os níveis de
testosterona nas mulheres atingem o pico nos 20 anos e depois diminuem
gradualmente com o tempo. Eles parecem ter aumentado novamente nos 70 anos,
conforme pesquisa da endocrinologista. Para algumas mulheres, à medida que seus
níveis de testosterona diminuem, seu desejo sexual também diminui. “Mas isso
está longe de ser verdade para todos. Mulheres podem ter níveis de testosterona
próximos de zero e ainda assim ter um desejo sexual intenso, enquanto outras
podem ter níveis normais a altos e enfrentar uma completa falta de desejo”. Como
a testosterona pode melhorar a saúde? Para algumas mulheres
pós-menopáusicas com baixo desejo sexual, tomar uma dose baixa de testosterona
pode melhorar a libido, incluindo atração, orgasmo e frequência do que os
pesquisadores chamam de “eventos sexuais urgentes”. “A testosterona melhorou a
saúde sexual em cerca de 50% das mulheres que experimentaram, mas não é algo
instantâneo e milagroso”, conta Kagan. Isso ocorre em parte porque a função
sexual feminina é complexa, e a libido pode ser afetada por muitos fatores:
dores e desconfortos, depressão e seu relacionamento com o parceiro sexual,
entre outros. Como tomar? A forma mais segura de usar testosterona
para o desejo sexual é por meio de um gel aplicado na parte de trás da
panturrilha ou na coxa, conforme orientações de grandes sociedades médicas. Entretanto,
as mulheres enfrentam obstáculos para o acesso ao medicamento, uma vez que a
Administração de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos (FDA) nunca
aprovou testosterona para mulheres, apesar de ter aprovado 31 produtos
diferentes de testosterona para homens. O FDA ainda não aprovou nenhum
medicamento para tratar a disfunção sexual em mulheres pós-menopáusicas. No
entanto, aprovou dois medicamentos, Addyi e Vyleesi, para mulheres
pré-menopáusicas. No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa) não aprovou o uso de testosterona para mulheres, afirmando que o uso
de hormônios sem indicação e a inexistência no mercado de medicamentos
adequados para uso feminino, podem levar a efeitos colaterais a curto e longo
prazo. Como resultado, as opções para as mulheres são limitadas. É possível
usar um gel formulado para homens, aplicando um décimo da dose diária
masculina, utilizando o próprio julgamento para racionar um tubo ao longo de 10
dias. Outra alternativa é obter uma dose formulada para mulheres em uma
farmácia de manipulação, embora a concentração desses produtos seja
frequentemente menos consistente. Uma terceira opção é tentar importar um creme
de testosterona para mulheres da Austrália, o único país que aprovou o medicamento
para mulheres. Riscos Se os níveis de testosterona forem muito altos por
muito tempo, podem ocorrer efeitos colaterais — alguns reversíveis, outros não.
Esses efeitos incluem afinamento do cabelo na cabeça, crescimento dos pelos no
rosto e no tórax, aprofundamento da voz, acne, aumento do clitóris,
irritabilidade e agressividade. Níveis elevados de testosterona também podem
causar espessamento do revestimento uterino, sangramento vaginal e aumentar o
risco de câncer endometrial, já que o corpo converte o excesso de testosterona
em estrogênio. (Fonte Jornal Opção Noticias GO)