Deputados ainda precisam analisar sugestões de mudanças
pontuais no texto.
A Câmara dos Deputados aprovou na madrugada desta quinta-feira
(4) o texto-base da PEC (Proposta de
Emenda à Constituição) dos Precatórios. O texto foi
aprovado com 312 votos a favor e 144 contra. Para a aprovação de uma PEC são
necessários pelo menos 308 votos favoráveis. Agora, os deputados devem votar
destaques ao texto, que são sugestões pontuais sobre a proposta. Apesar da
aprovação da PEC, o governo não conseguiu levar a voto o texto aprovado na
comissão especial e precisou fazer negociações ao longo do dia para aprovar a
nova versão.Além dos destaques, a proposta precisa passar pela votação em
segundo turno, em que tem de alcançar novamente a votação mínima de 308 votos
favoráveis. Só então o texto segue para a análise do Senado. A PEC votada na
noite desta quarta-feira foi fruto de um acordo costurado nos
últimos dias, com as negociações intensificadas ao longo de toda a quarta. A
votação estava marcada para começar às 18h, mas a sessão só teve início às
21h30, após a apresentação de um novo texto que, segundo o presidente da
Câmara, o deputado Arthur Lira (PP-AL), englobou demandas feitas durante o
feriado prolongado. Uma das principais reivindicações quanto à PEC era no
sentido de que o pagamento das dívidas em torno do Fundef (Fundo de Manutenção
e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério) fosse
priorizado.No texto que foi a votação, redigido após conversas com os
governadores da Bahia, do Ceará e de Pernambuco — estados que têm
valores bilionários a receber da União — e com
sindicatos de professores, os precatórios do Fundef seriam pagos em três anos,
com 40% do valor quitado em 2022, 30% em 2023 e os 30% restantes em 2024.A PEC
não citava explicitamente o fundo, mas esbarrava nas quantias a serem recebidas
por estados para o pagamento de docentes em processos já transitados em
julgado, e que estão nos valores calculados na fatia dos precatórios a ser paga
anualmente. “São várias situações que já constam no texto, mas o acordo que foi
feito hoje é de priorizar. Não é parcelar, é priorizar os precatórios do Fundef
junto com o do RPV [Requisições de Pequeno Valor] e o dos de alimentícios, que
são os pequenininhos. [São] R$ 25 bilhões, mais ou menos, de RPVs e precatórios
alimentícios pequenos, logo após o precatório do Fundef na proporção de 40% em 2022,
30% em 2023, e 30% em 2024”,
afirmou Lira antes da votação. Os RPVs são precatórios devidos pela União que
estão abaixo do limite de 60 salários mínimos. Para que a PEC fosse
votada, Lira também afirmou ter concordado com a votação de um projeto de lei
que determina que os precatórios do Fundef poderão pagar a remuneração de
professores da educação básica e as despesas com a manutenção da educação, como
a aquisição de materiais. O projeto citado por Lira já foi aprovado por duas
comissões e está em tramitação conclusiva na CCJ (Comissão de Constituição e
Justiça), ou seja, ao ser aprovado pelo colegiado, não precisará passar pelo
plenário e seguirá para o Senado.O presidente da Câmara tinha afirmado ainda
que não teria “plano B”
para uma eventual rejeição. Lira afirmou que, caso a proposta fosse rejeitada,
seria necessário enfrentar “as dificuldades orçamentárias e políticas sociais
que a situação vai requerer”. Críticas
O texto votado foi apresentado por volta das 21h e gerou reclamações por
parte da oposição. Os deputados afirmaram que a
chamada emenda aglutinativa — que reúne emendas propostas ao texto em análise —
juntava emendas que nem sequer haviam sido apresentadas antes do texto
final. O líder do PT na Câmara, Bohn Gass (RS), disse em discurso na tribuna
da Casa que a emenda não tinha amparo legal. Desoneração Outro argumento usado por
Lira e pela base do governo para tentar aprovar o texto era o do espaço fiscal
no Orçamento que seria criado para manter a desoneração da folha de pagamento
em 2022. Segundo o presidente da Casa, não há vinculação textual da desoneração
na PEC, mas o espaço fiscal seria aberto.“Não tem nenhum texto. Eu estou
afirmando, porque na realidade nós fizemos contas. Então não tem nada
vinculando no texto, mas a desoneração, o texto sendo aprovado rapidamente será
votado na CCJ”, disse.O projeto de lei que prorroga a desoneração da folha
de pagamento até 2026 está na Câmara e ainda
não tem parecer publicado pelo relator, o deputado Marcelo Freitas (PSL-MG).
Segundo Freitas, o espaço fiscal vai se abrir com o andamento da PEC.
Atualmente, são 17 setores de empresas que pagam apenas alíquotas de 1% a 4,5%
sobre a receita bruta, em vez de 20% sobre a folha de salários. A desoneração
da folha desses setores está garantida apenas até dezembro deste ano.( Fonte R 7 Noticias Brasil)