Dólar fecha acima de R$ 2,41, mesmo
após 3 intervenções do BC
Moeda fechou em alta de 0,83%, a R$ 2,4159.
BC anunciou para 3ª venda até US$ 4 bilhões no mercado à vista.
260 comentários
O dólar norte-americano fechou em alta, acima de R$ 2,41, nesta segunda-feira (19), influenciada pelos movimentos no exterior e pela persistente desconfiança de investidores com a economia brasileira, mesmo após o Banco Central ter realizado três leilões de swap cambial e anunciado venda no mercado à vista para terça-feira.
A moeda fechou em alta de 0,83%, a R$ 2,4159. É a maior cotação desde 2 de março de 2009. Veja cotação
Na máxima do dia, a divisa norte-americana chegou a subir 1,37%, cotada a R$ 2,4288. No mês, a moeda tem alta de 5,58% e no ano, acumula valorização de 18,15%.
"O próximo nível de resistência está em R$ 2,50. A alta deve-se ao ceticismo dos investidores com os nossos fundamentos... Fora do Brasil estão aparecendo oportunidades melhores, com Europa começando a caminhar e os Estados Unidos ganhando inércia. O dinheiro vai onde tem melhores rendimentos", afirmou o gerente de análise da XP Investimentos, Caio Sasaki.
saiba mais
Para o operador de câmbio da Intercam Glauber Romano, investidores também estão pressionando as cotações do dólar para elucidar a postura do BC brasileiro.
O BC realizou nesta sessão três leilões de swap cambial tradicional – equivalente a venda de dólar futuro –, sendo um de rolagem, repetindo intervenção realizada pela última vez em 31 de julho deste ano e que, antes disso, não acontecia desde agosto de 2002.
Venda na 3ª
Pouco após o anúncio do terceiro leilão, a autoridade monetária divulgou que fará, na terça-feira, leilões de venda de dólares dos Estados Unidos, ofertando US$ 4 bilhões ao todo.
"Eu acho que amanhã vai ser um massacre, vão jogar a taxa de câmbio para baixo", disse o diretor de câmbio da Pioneer Corretora, João Medeiros, ressaltando que o leilão de linha anunciado pelo BC deve retirar, pelo menos no curto prazo, parte da pressão de fortalecimento do dólar.
Em nota, o presidente do Banco Central do Brasil, Alexandre Tombini, afirmou que a instituição está atenta ao processo de "realinhamento global das moedas" e que "acompanha com atenção os desenvolvimentos no mercado doméstico de câmbio".
Na semana passada, a divisa norte-americana avançou mais de 5% ante o real. Apenas na sexta-feira, a alta foi de 2,46%, devido ao mau humor de investidores com a política econômica brasileira e após o ministro da Fazenda, Guido Mantega, ter dito que o câmbio mais desvalorizado beneficia a indústria brasileira.
"O mercado está um pouco delicado e o dólar subiu além da conta, está muito alto e é lógico que tem especulação. Por isso que hoje teria espaço para cair", afirmou o superintendente de câmbio da Advanced Corretora, Reginaldo Siaca.
Estimulos nos EUA
No mercado internacional, prevalece a expectativa sobre a redução da política de estímulos feita pelo Federal Reserve, banco central norte-americano, que injeta atualmente US$ 85 bilhões ao mês nos mercados.
Com os sinais de recuperação da maior economia do mundo, o Fed --que divulga na quarta-feira a ata da última reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês)-- também já indicou que deve começar a retirar esses estímulos, o que vai reduzir a liquidez mundial.
Na sexta-feira (16), o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que o governo possui "muitas armas" para enfrentar a volatilidade cambial, entre elas as reservas elevadas.
Intervenções
O dólar abriu em forte alta este pregão, praticamente ignorando o fato de o BC ter anunciado na noite de sexta-feira a rolagem de 20 mil contratos de swap cambial tradicional, equivalente à venda de dólares no mercado futuro.
A autoridade monetária acabou vendendo o lote todo, com volume financeiro equivalente a US$ 986,1 milhões e, assim, já rolou 40 mil contratos dos 100,8 mil que vencem no início de setembro.
Mas, antes de realizar o leilão para rolagem, o BC anunciou outra venda de swap cambial tradicional --desta vez não para rolagem. Foi vendido o lote integral de 40 mil contratos com vencimentos em 1º de novembro deste ano e 1º de abril de 2014. Como consequência, a moeda anulou a alta após o resultado e passou a cair, batendo na mínima de R$ 2,3851.
No terceiro leilão, realizado durante a tarde, a autoridade monetária vendeu 10,05 mil contratos de swap cambial tradicional com vencimento em 1º de novembro de 2013 e 2,5 mil contratos com vencimento em 1º de abril de 2014. A oferta total era de até 40 mil contratos.
"Acabou fazendo preço esse lote todo que ele aceitou no leilão", disse um operador de câmbio de banco brasileiro.
Diante do fator de o mercado acreditar que a moeda continuará o movimento de escalada, testando novos patamares de alta, pesquisa Focus do BC mostrou que os economistas elevaram pela segunda semana seguida a expectativa para o dólar no final deste ano, para R$ 2,30, ante R$ 2,28 anteriormente. Para 2014, a projeção subiu a R$ 2,35, ante R$ 2,30.(fonte G1)