Enquadram-se nesse caso pessoas que têm poucos ou não constroem
verdadeiros relacionamentos sociais e/ou se sentem sozinhas, por exemplo.
Um estudo recente publicado no
Journal of the American Heart Association mostrou que o isolamento social e a
solidão estão ligados a um aumento de cerca de 30% do risco de morte por ataque
cardíaco ou AVC (acidente vascular cerebral), ou por ambos.“Mais de quatro
décadas de pesquisa demonstraram claramente que o isolamento social e a solidão
estão associados a resultados adversos à saúde”, disse a presidente do grupo de
redação da declaração científica, Crystal Wiley Cené, em comunicado. A
definição dada pelo estudo a isolamento social se refere a pessoas que têm
pouco contato com os demais, ou seja, não constroem relacionamentos sociais com
familiares, amigos ou membros da mesma comunidade.Já a solidão se caracteriza
pelo sentimento de estar sozinho ou por ter menos relações com os outros do que
o indivíduo realmente deseja.Alguns fatores socioambientais, como transporte,
insatisfação com familiares e desastres naturais, também são condições que
prejudicam as conexões sociais e podem levar ao isolamento ou a quadros de
solidão. “Embora o isolamento social e a solidão estejam relacionados, não são
a mesma coisa. Indivíduos podem levar uma vida relativamente isolada e não se
sentirem solitários e, inversamente, pessoas com muitos contatos sociais ainda
podem sentir solidão”, acrescentou Crystal. A pesquisa sugere também que a
pandemia de Covid-19 pode ter aumentado os casos de isolamento social e solidão
principalmente entre jovens e adultos de 18 a 25 anos, idosos, mulheres e
pessoas de baixa renda.Além do mais, uma pesquisa do projeto Making Caring
Common, da Universidade Harvard, retrata a geração Z (faixa etária entre 18 e
22 anos) como o grupo mais solitário devido ao uso excessivo de mídias sociais.
Descobertas Os dados divulgados pelos pesquisadores demonstraram que há uma
ligação consistente entre o isolamento social, a solidão e a morte por doença
cardíaca e AVC. De forma detalhada, os dois parâmetros aumentam em 29% o risco
de ataque cardíaco e/ou morte por doença cardíaca e elevam para 32% a probabilidade
de AVC e morte por derrame cerebral.“O isolamento social e a solidão também
estão associados a pior prognóstico em indivíduos que já têm doença coronariana
ou acidente vascular cerebral”, complementou a especialista.A pesquisa
reconheceu, com base em um estudo de acompanhamento de seis anos, que pessoas
com alguma doença cardíaca que optaram por viver socialmente isoladas morreram
de duas a três vezes mais se comparadas a indivíduos que não se submeteram a
essas condições. Ademais, a taxa de sobrevida (prolongamento da vida) de cinco
anos de indivíduos com insuficiência cardíaca foi de 60% para pessoas isoladas
e 62% para aquelas que viviam em isolamento e com depressão, números baixos se
comparados aos de indivíduos que tinham contatos sociais e não apresentavam
quadros depressivos (79%).Os problemas do isolamento social e da solidão não se
limitam apenas a essas doenças. Eles influenciam também comportamentos que são
negativos para a saúde cardiovascular e cerebral em geral, como pouca atividade
física, sedentarismo e menor ingestão de frutas e vegetais.“Há uma necessidade
urgente de desenvolver, implementar e avaliar programas e estratégias para
reduzir os efeitos negativos do isolamento social e da solidão na saúde
cardiovascular e cerebral, principalmente para populações em risco”, considera
Crystal.E acrescenta: “Os médicos devem perguntar aos pacientes sobre a
frequência de sua atividade social e se estão satisfeitos com seu nível de
interação com amigos e familiares. Eles devem, então, estar preparados para
encaminhar pessoas socialmente isoladas ou solitárias – especialmente aquelas
com histórico de doença cardíaca ou derrame – para programas da comunidade a
fim de ajudá-las a se conectar com outras pessoas”.Grupos mais vulneráveis O
estudo descobriu que alguns grupos são mais frágeis ao isolamento social e à
solidão, como crianças, pessoas de grupos étnicos e raciais sub-representados,
indivíduos LGBTQIA+, portadores de deficiência física e moradores de áreas
rurais, por exemplo.O risco de isolamento social, mais precisamente, aumenta
conforme a idade devido a diversas influências, como a viuvez e a
aposentadoria.Os cientistas mostraram que quase um quarto dos americanos com 65
anos ou mais vive em isolamento social. O número aumenta quando se trata da
solidão, que é comum entre 22% e 47% deles.Os idosos fazem parte do percentual
vulnerável e, de acordo com os cientistas, programas de condicionamento físico,
atividades recreativas e acompanhamento psicológico, por exemplo, são medidas
viáveis para a redução do isolamento e da solidão.“Mais pesquisas são
necessárias para examinar as associações entre isolamento social, solidão,
doença coronariana, acidente vascular cerebral, demência e comprometimento
cognitivo, e para entender melhor os mecanismos pelos quais o isolamento social
e a solidão influenciam os resultados de saúde cardiovascular e cerebral”,
finaliza a presidente.O estudo promove a conscientização sobre a incidência de
doenças cardiovasculares e AVC e colabora com a base de dados sobre os cuidados
com a saúde, todavia não prescreve nenhum tipo de tratamento.Além disso, os
cientistas tiveram dificuldade de encontrar dados sobre ações que podem
melhorar a saúde cardiovascular de pessoas isoladas ou solitárias.( Fonte R 7
Noticias Brasil)