Despedida ocorreu depois de funeral privado em templo budista; político
levou dois tiros durante um comício na sexta-feira (8) .
Milhares de pessoas se reuniram
nesta terça-feira (12) nas ruas de Tóquio para observar a passagem do cortejo
fúnebre do ex-primeiro-ministro japonês Shinzo Abe, assassinado na semana
passada. O cortejo ocorreu depois de um funeral privado organizado em um templo
budista.A cerimônia fúnebre teve apenas familiares e amigos como convidados,
mas longas filas de pessoas vestidas de preto foram observadas diante do templo
Zojoji para se despedir do primeiro-ministro que permaneceu mais tempo no poder
no Japão. "Não consigo superar a tristeza. Vim para deixar flores e
orar", declarou à AFP a consultora Tsukasa Yokawa, de 41 anos, que chamou
Abe de "grande primeiro-ministro".Abe foi baleado na última
sexta-feira (8) durante um comício na cidade de Nara, dois dias antes das
eleições para o Senado, nas quais seu partido consolidou uma grande maioria no
domingo (10).O criminoso, Tetsuya Yamagami, de 41 anos, detido logo depois de
atirar contra o ex-premiê, declarou à polícia que o atacou porque acreditava
que Abe estava vinculado a uma organização religiosa que, ao que parece,
prejudicou sua família. "É desprezível", disse Yuko Takehisa, uma
enfermeira que também acompanhou a passagem do cortejo."Poderiam ter feito
mais para evitar isso", afirmou, antes de apontar que "ninguém
denunciou Yamagami" à polícia, apesar dos relatos de que ele havia tentado
fazer uma arma de fabricação caseira antes do ataque. Após a homenagem, o
cortejo com o caixão de Abe passou por locais emblemáticos da capital japonesa
e pelos símbolos do poder, como a residência oficial do primeiro-ministro,
conhecida como Kantei, e a sede do Parlamento.Do lado de fora dos edifícios,
funcionários prestaram reverência como sinal de respeito.A viúva de Abe, Akie,
sentou na parte da frente do carro da funerária com a lápide de seu marido com
seu nome póstumo, de acordo com a tradição budista. Akie retribuiu as
reverências durante o cortejo. No trajeto, várias pessoas rezaram e exibiram
fotografias de Abe. Falhas de segurança Satoshi Ninoyu, presidente da Comissão
Nacional de Segurança Pública, organismo que supervisiona a polícia, prometeu
uma análise profunda das possíveis falhas de segurança.A polícia de Nara
admitiu problemas no esquema de segurança de Abe, que foi atacado por trás em
plena luz do dia.Na casa do suspeito, a polícia encontrou peças que poderiam
ser utilizadas para fabricar armas como a que usou no ataque, informou a
imprensa japonesa.Yamagami teria passado três anos na Marinha japonesa e
supostamente afirmou aos investigadores que sua mãe fez uma grande doação a uma
organização religiosa, o que deixou a família com problemas financeiros.A
Igreja da Unificação, um movimento religioso fundado nos anos 1950 na Coreia do
Sul, conhecido como "seita Moon", afirmou na segunda-feira que a mãe
de Yamagami era integrante da igreja, mas não citou as doações que ela teria
feito. Condolências O assassinato de Abe provocou uma grande comoção e revolta
no Japão e no mundo, com muitas mensagens de condolências.O ministro das
Relações Exteriores, Yoshimasa Hayashi, disse que o governo recebeu mais de
1.700 mensagens de condolências de mais de 250 países, territórios e
organizações internacionais.O secretário de Estado americano, Antony Blinken,
fez uma visita não programada a Tóquio para prestar homenagem a Abe, que chamou
de "homem de visão".O vice-presidente taiwanês William Lai também
visitou Tóquio, segundo a imprensa local. Sua presença pode irritar a China,
mas Hayashi afirmou que o funcionário taiwanês fez a viagem em caráter pessoal.Abe
era de uma família tradicional da política japonesa e se tornou o
primeiro-ministro mais jovem do pós-guerra quando assumiu o poder pela primeira
vez em 2006, aos 52 anos, um mandato que durou 12 meses. Ele retornou ao poder
em 2012 e renunciou oito anos depois, por problemas de saúde. Suas opiniões
nacionalistas provocaram divisão no país, em particular o desejo de reformar a
Constituição, e ele enfrentou vários escândalos, incluindo denúncias de
favorecer amigos.Outros o elogiavam por sua estratégia econômica baseada em uma
política monetária expansiva, estímulos fiscais e reformas estruturais,
batizada pela imprensa como "Abenomics".Muitos também destacaram seus
esforços para posicionar o Japão no cenário mundial, incluindo a relação
próxima que estabeleceu com o ex-presidente americano Donald Trump.( Fonte R 7
Noticias Internacional)