Aliados pedem explicações a EUA e Dinamarca por caso de espionagem.
Reportagem de TV dinamarquesa implicou os dois países em um esquema para
monitorar comunicações de líderes europeus.
O presidente francês, Emmanuel
Macron, e a chefe do governo alemão, Angela Merkel, pediram nesta segunda-feira
(31) explicações aos Estados Unidos e Dinamarca sobre as acusações de
espionagem a responsáveis europeus, entre eles a líder alemã. "Não
é aceitável entre aliados, muito menos entre aliados e sócios europeus",
disse Macron no final de um conselho de ministros franco-alemão. A chanceler
alemã apoiou as declarações do chefe de Estado francês."Só posso me juntar
às palavras de Emmanuel Macron", respondeu Angela Merkel, que disse estar
"tranquila" com a reação do governo dinamarquês. "É uma boa
base, não só para esclarecer os fatos, mas também para estabelecer uma relação
de confiança", acrescentou.De acordo com uma reportagem do canal de
televisão público dinamarquês "Danmarks Radio" (DR), em parceria com
vários meios de comunicação europeus, e exibida no domingo, Washington utilizou
instalações dinamarquesas ao menos até 2014 para poder escutar várias
autoridades de quatro países (Alemanha, Suécia, Noruega e França), incluindo a
chanceler alemã, Angela Merkel. "É algo extremamente grave. Precisamos
verificar se nossos sócios dinamarqueses da União Europeia cometeram erros, ou
falhas, em sua cooperação com os serviços americanos", declarou o
secretário de Estado francês para Assuntos Europeus, Clément Baune.No que diz
respeito à parte americana, o ministro pediu para "constatar se
efetivamente aconteceram escutas, espionagem dos líderes políticos", sem
descartar a possibilidade de "avaliar as consequências em termos de
cooperação". A espionagem de Washington sobre aliados europeus é
amplamente conhecida desde as revelações de Edward Snowden, mas o papel que
países da UE podem ter desempenhado na operação amplia ainda mais o escândalo. Operação Dunhammer De acordo com o canal
DR, a Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês) americana teve
acesso a SMSs, ligações telefônicas e atividades na Internet, o que inclui
buscas, chats e serviços de mensagens dos funcionários espionados. Entre eles,
também está o ministro alemão das Relações Exteriores da época, Frank-Walter
Steinmeier. O que Copenhague sabia a respeito? A espionagem de altos
funcionários poderia acontecer por sua colaboração no programa
"XKeyscore", sem seu conhecimento?. As revelações do canal DR estão
baseadas em um relatório confidencial da Inteligência militar dinamarquesa
(FE). Batizada "Operação Dunhammer", foi ordenada em uma data não
revelada pela direção da FE após o caso Snowden — algo que sugere que este
serviço poderia não estar a par — e entregue em maio de 2015. Procurada pela
AFP, a FE se recusou a fazer comentários. Sem mencionar diretamente a questão,
a ministra da Defesa da Dinamarca, Trine Bramsen, considerou
"inaceitável", em um breve comunicado, "a espionagem sistemática
de aliados próximos". "É inaceitável que países que mantêm cooperação
estreita entre aliados sintam a necessidade de se espionar", considerou a
primeira-ministra sueca, Erna Solberg, citada pela emissora NRK. O ministro
sueco da Defesa, Peter Hultqvist, afirmou que esteve "em contato com o
Ministério da Defesa dinamarquês para perguntar se usaram plataformas
dinamarquesas para espionar políticos suecos". Por sua vez, o porta-voz do
governo alemão também afirmou que Berlim "está em contato com todos os interlocutores
nacionais e internacionais para obter esclarecimentos". Muito próximo a Washington O caso joga
nova luz sobre a destituição em agosto de 2020 do diretor da FE, Lars Findsen,
de seu antecessor, Thomas Ahrenkiel — a quem havia sido prometido o cargo de
embaixador justamente em Berlim —, e de outros três agentes. Eles foram
destituídos por Bramsen que, de acordo com a DR, foi informada sobre a
espionagem dos europeus na ocasião. O motivo preciso do afastamento do grupo
nunca foi divulgado, mas o governo os criticou por terem "ocultado
informações essenciais e cruciais" e por "apresentação de informações
incorretas" sobre as obtidas entre 2014 e 2020. O serviço também foi
criticado por ter obtido informações "não autorizadas" sobre cidadãos
dinamarqueses e por não ter "acompanhado, ou investigado, outros indícios
de espionagem". "São novas peças do quebra-cabeças. É exatamente o
mesmo escândalo que aquele que demonstrou que os serviços alemães haviam
ajudado os americanos a espionar há alguns anos", declarou à AFP Thomas
Wegener Friis, especialista em Inteligência da Universidade do Sul da
Dinamarca. Único país nórdico membro da Organização do Tratado do Atlântico
Norte (Otan) e da UE, a Dinamarca é um dos aliados mais próximos dos Estados
Unidos na Europa e cedeu soldados durante a guerra no Iraque. Snowden, que
atualmente vive na Rússia, pediu a Copenhague e a Washington transparência
"completa" sobre o tema em uma mensagem no Twitter.( Fonte R 7
Noticias Internacional)