Se alguma das pré-candidatas se eleger e Leila Barros seguir na Casa, DF terá pela primeira vez bancada de maioria feminina.
Pela primeira vez, quatro mulheres se colocaram como
pré-candidatas a uma cadeira no Senado pelo Distrito Federal. No páreo estão a
ex-ministra Damares Alves (Republicanos), a deputada federal Flávia Arruda
(PL), a colega de bancada Paula Belmonte (Cidadania) e a ex-diretora do
Sindicato dos Professores Rosilene Corrêa (PT). Agora, se uma delas for eleita e Leila seguir no Senado — ela aspira
sair candidata ao governo local —, o DF pode alcançar outro feito inédito: ter maioria
de mulheres na bancada. Hoje, os três senadores do DF são Izalci
Lucas (PSDB), Antônio Reguffe (Podemos) e Leila. Neste ano, o Senado
renova um terço (27) das cadeiras. Izalci e Leila ainda têm mais quatro
anos de mandato. "Sem representatividade feminina, qualquer estudo
sobre democracia, especialmente a representativa, é estéril. A consciência
crescente dessa premissa tem estimulado as mulheres a enfrentarem os desafios
de suas escolhas e estarem mais disponíveis para ocuparem seus lugares nos
espaços de poder", explica a professora de Direito Constitucional do Ceub
Christine Peter. "Não é o fato isolado de termos duas senadoras e um
senador pelo Distrito Federal que vai, como num passe de mágica, mudar a
cultura patriarcal de nossa sociedade e nossas instituições. Mas se for eleita
mais uma senadora pelo DF, certamente teremos mais uma voz feminina para
naturalizar a ocupação qualificada desse importante espaço político",
assinalou. Ainda que a pauta da igualdade de gênero seja endereçada por
grupos de esquerda, as legendas mais à direita é que lançaram as
pré-candidatas. "Os nomes que estão vindo para a disputa são ligados ao
presidente Bolsonaro, que aqui em Brasília é muito forte. Nomes ligados à
direita mais conservadora acabam tendo esse protagonismo", disse a
cientista política Noemi Araújo. Cotas
de gênero Em reformas no sistema eleitoral, ações afirmativas e incentivos
à participação feminina na política que levassem ao aumento
da representação nas esferas de poder foram incorporadas à legislação. Em
abril, o Congresso promulgou a Emenda Constitucional 117, que obriga os
partidos políticos a gastarem 30% dos recursos do Fundo Eleitoral (R$ 4,9
bilhões) e do Partidário (R$ 1,1 bilhão) com as candidatas. A mesma proporção
deverá ser observada no tempo de propaganda no rádio e na TV dedicado às
mulheres. As agremiações ainda devem destinar 5% do Fundo Partidário para
promover a promoção política das mulheres. No entanto, essa norma anistiou os
partidos que não aplicaram os recursos para que usem o dinheiro na eleição
seguinte. "Se tínhamos essas políticas com esses avanços, e hoje temos a
possibilidade desse perdão aos partidos que não cumprirem, que tipo de
incentivo eles vão ter para repassar esses recursos financeiros para as
mulheres?", indaga Noemi Araújo. Mais
representatividade Na última semana, o tema da representação feminina na
política dominou o debate. Na quarta-feira (1º), a Câmara Legislativa inaugurou
um painel com as 21 mulheres que exerceram mandatos como distritais em 32 anos.
Enquanto isso, no Congresso Nacional, a senadora Leila
Barros promoveu uma série de debates sobre o assunto. “Para
nós mulheres estarmos aqui dentro, para quem vê de fora é: 'você escolheu
isso'. É como se fosse um castigo, senti isso na pele”, disse a senadora no
seminário Mais Mulheres na Política. “As nossas agressões, é uma luta diária.
Isso aqui tem um preço, nós somos mães de família, temos filhos. O que deu
força a essas mulheres a continuarem nisso? A esperança de ver dias melhores e
ver mulheres ocupando esses espaços”. Pioneiras
Apesar de primeira senadora eleita pelo DF, outras disputaram a vaga antes
Leila Barros. A primeira vez que uma mulher disputou uma cadeira na Casa pelo
DF foi em 1994: Márcia Kubitschek, filha do ex-presidente JK. Ao longo de 28
anos, apenas 7,7% dos 77 candidatos a senador pelo DF foram mulheres.Em