É essencial que as
autoridades competentes deem prioridade à segurança da infraestrutura viária,
realizando inspeções regulares e intervenções preventivas para evitar acidentes
e proteger os usuários das rodovias.
A recente tragédia no Maranhão, com o colapso da ponte Juscelino
Kubitschek de Oliveira sobre o Rio Tocantins, trouxe à tona preocupações sobre
a segurança das pontes em todo o Brasil, especialmente em Goiás. O incidente, ocorrido
em 22 de dezembro, véspera de Natal, resultou na morte de pelo menos nove
pessoas encontradas. Vale destacar que a estimativa da Defesa Civil local é de
aproximadamente 19 pessoas envolvidas no momento do desabamento. Em Goiás, a
situação das pontes também desperta apreensão. Em março de 2023, um relatório
do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Goiás (Crea-GO) apontou que
dez pontes em Goiânia estavam em estado crítico, incluindo a ponte da Avenida
T-63 sobre o Córrego Cascavel e a ponte da Rua Doutor Constâncio Gomes sobre o
Córrego Botafogo. Além disso, a Agência Goiana de Infraestrutura e Transportes
(Goinfra) tem enfrentado desafios significativos na manutenção e reconstrução
de pontes em diversas regiões do estado. Em janeiro de 2024, a Goinfra declarou
estado de emergência para a ponte sobre o Rio das Palmeiras, na GO-442, em
Campinaçu, devido aos danos provocados por fortes chuvas. Por outro lado, a
Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba
(Codevasf) tem avançado na instalação de novas pontes em Goiás, contribuindo
para a melhoria da infraestrutura e da segurança viária. Apesar desses
esforços, a tragédia no Maranhão reforça a necessidade de investimentos
constantes na manutenção e modernização das pontes, tanto em Goiás quanto em
outras regiões do país. É essencial que as autoridades competentes deem
prioridade à segurança da infraestrutura viária, realizando inspeções regulares
e intervenções preventivas para evitar acidentes e proteger os usuários das rodovias.
Para aprofundar a análise sobre a situação das pontes em rodovias estaduais e
federais de Goiás, o Jornal Opção consultou
os órgãos responsáveis, e um engenheiro especialista em construções de pontes
que apresentaram um panorama das condições de trafegabilidade dessas
estruturas; veja a seguir: Goinfra
Intensifica Trabalhos em Pontes de Rodovias Estaduais A Agência
Goiana de Infraestrutura e Transportes (Goinfra) informa que está finalizando o
levantamento das condições das obras de arte especiais, como pontes e bueiros,
nos mais de 21 mil quilômetros da malha rodoviária estadual. O mapeamento, que
inclui intervenções realizadas em 2024, deve ser concluído até o primeiro
trimestre de 2025. De acordo com a agência, para garantir a segurança dos usuários,
40 equipes de manutenção atuam em todas as regiões do estado, realizando
vistorias e serviços rotineiros, inclusive nas pontes. Além disso, são
realizadas manutenções preventivas e planejadas obras mais complexas, como
melhorias funcionais, restaurações ou até a substituição completa de
estruturas. Entre as obras de recuperação já programadas estão a ponte sobre o
Rio Paranaíba, na GO-139 (Ponte Quincas Mariano), e as pontes sobre o Rio dos
Bois (GO-206) e o Rio Corrente (GO-184). De 2019 a 2022, a Goinfra esclarece
que executou a construção de mais de 130 pontes de concreto, substituindo
estruturas de madeira e criando travessias. O levantamento referente aos anos
de 2023 e 2024 está em fase de conclusão. Em 2026, a agência planeja lançar um
novo programa de implantação de obras de arte especiais (OAEs), contemplando
tanto a substituição de pontes de madeira quanto a construção de novas
estruturas. Vale destacar que todos os investimentos em pontes são custeados
exclusivamente pelo Tesouro Estadual, sem repasses do governo federal via
Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). No caso específico da ponte sobre
o Rio Água Parada, na GO-341, a Goinfra está finalizando a instalação de uma
estrutura provisória com vigas de concreto pré-moldado para atender a região
emergencialmente. Paralelamente, a construção de uma nova ponte de 60 metros,
projetada para suportar o tráfego intenso de veículos de carga, está em
andamento. Com essas ações, a Goinfra reforça seu compromisso com a segurança e
a eficiência da malha viária estadual. Em relação a uma denúncia de produtores
sobre a queda de uma ponte sobre o Rio Água Parada, na GO-341, no município de
Mineiros, a Goinfra comunica que está concluindo a implantação de uma estrutura
com vigas de concreto pré-moldado para atender emergencialmente a região,
enquanto executa a construção de uma nova ponte de 60 metros, mais robusta e
capaz de absorver todo o tráfego de veículos de carga. A ponte caiu quando um
caminhão carregado de grãos passava por ela. Um produtor que fez a denúncia
disse que a rodovia possui tráfego intenso de caminhões pesados e é essencial
para o escoamento da produção agrícola da região. Na véspera de Natal,
motoristas que trafegavam pela GO-164 perceberam uma rachadura na cabeceira da
ponte sobre o Rio Crixás Açu, no trecho que liga São Miguel do Araguaia à
GO-156/Novo Mundo, e postaram vídeos nas redes sociais mostrando a situação. Logo
após as denúncias, a Goinfra afirmou que, assim que o problema foi
identificado, na tarde de 25 de dezembro, equipes se deslocaram ao local para
iniciar os serviços, sendo necessária a interdição total da pista, com o
acompanhamento do Comando de Policiamento Rodoviário (CPR). Ainda segundo a
Goinfra, os trabalhos foram iniciados por volta das 18 horas, com reparos no
solo para fortalecer a base, e o tráfego foi reestabelecido ainda na noite do
dia 25. Na manhã de quinta-feira, 26, as equipes retomaram os trabalhos para a
conclusão dos reparos no solo e a execução da capa asfáltica. De acordo com a
Goinfra, todo o trabalho foi concluído e o tráfego sobre a ponte foi
normalizado. Em uma publicação nas redes sociais, o presidente da Goinfra,
Pedro Sales, enfatizou que todos os motoristas que passam pelas rodovias
estaduais são os verdadeiros fiscais da pasta e pediu que, ao perceberem
qualquer anomalia nas estradas ou nas pontes, façam a denúncia através do
Instagram da Goinfra. “Quero deixar uma dica para os motoristas: ao verem algum
tipo de intercorrência, nos comuniquem através do Instagram da Goinfra e
imediatamente tomaremos as devidas providências para solucionar os problemas
apontados”, garantiu. Sales ressaltou que a Agência possui equipes de prontidão
nas 20 regionais espalhadas pelo estado, e o tempo de resposta não ultrapassa
48 horas. Pedro Sales afirmou que, devido às ocorrências causadas pelo período
chuvoso, estará de prontidão durante todo o mês de janeiro. “Não arredarei o pé
do meu posto de trabalho, pois sei que os eventos climáticos mais dramáticos
acontecem em janeiro e muitas decisões precisam ser tomadas de imediato”,
disse. Pedro Sales também afirmou que a Goinfra está trabalhando para
substituir todas as pontes de madeira por pontes de concreto. Engenheiro alerta sobre as condições das
pontes em Goiás e no Brasil O engenheiro civil Rodrigo Carvalho
da Mata, formado pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO),
mestre pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e doutor em
Engenharia de Estruturas pela Universidade de São Paulo (USP), conversou com o Jornal Opção sobre a situação
das pontes em Goiás e no Brasil. Ele destacou, em especial, a ponte de 360
metros de comprimento sobre o Rio das Almas, localizada na BR-153, entre Nova
Glória e Jardim Paulista. Rodrigo, que possui em seu portfólio mais de 50
projetos de pontes, alertou sobre as condições reais de trafegabilidade dessa
estrutura. “Essa ponte foi construída na década de 60, seguindo normas
semelhantes às da ponte que desabou na divisa do Tocantins com o Maranhão”,
afirmou. O especialista fez um alerta às autoridades sobre avarias importantes
na estrutura da ponte. “Essa ponte tem problemas parecidos com a que desabou”,
destacou. O professor chama atenção para a tipologia do carregamento da década
de 60. Ele explica que, naquela época, o veículo dimensionado pela norma tinha
32 toneladas, enquanto hoje o equivalente é de 45 toneladas. “Essas pontes
antigas devem passar por reabilitações devido a essas características de
carregamento”, frisou. Rodrigo lembra que, em 2017, o governo federal publicou
um decreto permitindo caminhões de até 94 toneladas em algumas estradas, além
de aumentar a porcentagem de transbordo de carga, ou seja, o excesso de peso. Rodrigo
da Mata fez uma análise das normativas ao longo dos anos. De 1950 a 1960, a
carga tipificada era de 12 toneladas; de 1960 a 1975, a norma foi ajustada para
36 toneladas; entre 1945 e 1985, começaram a aparecer pontes mais largas, mas
ainda com a permissão de 36 toneladas. De 1985 a 2013, as normas passaram a
permitir veículos de 45 toneladas. Contudo, a partir de 2013, o professor
destaca que o coeficiente de impacto se tornou mais rigoroso, exigindo reforços
adicionais. Entretanto, ele alerta que caminhões chegam a trafegar com cargas
de 90 toneladas em pontes construídas sob as normas de 1960. “Isso é
preocupante”, afirmou. O engenheiro também ressalta que, no período da colheita
de cana, caminhões com mais de 120 toneladas trafegam sobre a ponte em questão,
além de outras. Rodrigo da Mata também destacou casos recentes no estado de
Goiás: “Duas pontes caíram este ano. No início do ano, uma ponte de madeira
sobre o Rio do Peixe, na região de Crixás, colapsou. Outra, no córrego Água
Fria, em Caiapônia, caiu em julho ou agosto, mesmo após termos feito uma
inspeção a pedido da FAEG no início do ano.” Segundo o engenheiro, os
principais fatores que levam ao colapso de pontes de madeira são a falta de
manutenção e o excesso de carga. “As pontes de madeira podem durar 30 ou 40
anos, desde que sejam mantidas e não sobrecarregadas. No entanto, com caminhões
cada vez mais pesados, essas estruturas não conseguem suportar”, explicou. Rodrigo
reforçou a necessidade de fiscalização de carga e de manutenção periódica.
“Muitas vezes, os órgãos responsáveis, como o DNIT e a Seinfra, não possuem
informações atualizadas sobre as condições das pontes, mesmo existindo normas,
como a NBR 9452, que exigem inspeções anuais.” Ao comentar sobre a ponte do Rio
das Almas, ele afirmou que, sem balanças e planos de manutenção, a estrutura
também está em risco. “Não estamos dizendo que a ponte vai cair amanhã, mas ela
precisa ser inspecionada e monitorada. Caso contrário, o susto será muito
maior.” Rodrigo ainda destacou o desafio das pontes construídas há décadas. “Na
época, os engenheiros não previam que caminhões de até 90 toneladas passariam
por essas pontes. A quantidade e o peso dos veículos de hoje são agravantes
sérios.” Ele sugere soluções, como limitar a carga permitida ou, em casos mais
extremos, construir uma nova ponte. “É preciso fazer um estudo de engenharia.
Se o custo do reforço for próximo ao de uma nova construção, então o
planejamento deve priorizar a substituição. No entanto, há casos em que é
possível limitar o tráfego a veículos leves, como na ponte Hercílio Luz, em
Florianópolis, que foi restaurada por seu valor histórico”, exemplificou. O
engenheiro finalizou ressaltando a importância da ação preventiva. “Nós, da
academia, temos alertado sobre o risco das pontes antigas há anos. A questão é
que, muitas vezes, nem mesmo os municípios sabem quantas pontes possuem, quanto
mais as condições delas. É necessário refletir antes que uma tragédia maior
aconteça.” Grupo EcoRodovias
Responsável pela manutenção da ponte sobre o Rio das Almas, a concessionária
Ecovias do Araguaia enviou uma nota esclarecendo as reais condições da ponte.
Veja a nota na íntegra. A Ecovias do Araguaia,
concessionária do Grupo EcoRodovias, esclarece que a estrutura sobre o Rio das
Almas, localizada no km 284 da BR-153/GO, conforme vistoria técnica recente,
está em condições seguras, não oferecendo assim riscos à segurança dos
condutores. Reiteramos que, anualmente, são
realizadas avaliações técnicas por especialistas em todas as pontes e viadutos
do sistema rodoviário sob nossa concessão. No caso específico da Obra de Arte
Especial (OAE) sobre o Rio das Almas, a estrutura passou recentemente por uma
avaliação detalhada, sem identificar qualquer patologia que comprometa sua
capacidade estrutural. Além disso, com o avanço das obras de duplicação
previstas para o trecho sob nossa administração, a ponte será submetida a intervenções
de alargamento e demais adequações, seguindo o padrão das melhorias já
entregues nas pontes sobre o Córrego Pouso do Meio na BR-153, Rio Baião e Rio
Lajinha, na BR-414, e sobre o Córrego Cancela, na BR-080. Por fim, a Concessionária reforça que seu corpo técnico realiza
monitoramento contínuo de todas as estruturas para garantir a segurança dos
usuários, especialmente neste período de aumento no fluxo devido às festas de
fim de ano. Entendemos que recentes casos
envolvendo pontes em outras regiões podem gerar apreensão, mas reforçamos que a
disseminação de informações sem a devida avaliação técnica pode provocar
interpretações equivocadas, causando preocupações desnecessárias entre os
usuários. Por isso, orientamos que os usuários busquem fontes confiáveis e
priorizem dados técnicos ao compartilhar informações. Nosso compromisso é
assegurar a segurança e a transparência em todas as nossas operações, mantendo
a sociedade sempre bem-informada. Triunfo Concebra assegura a segurança das pontes sob sua
administração em Goiás A Triunfo Concebra, em resposta à
reportagem, afirmou que as pontes localizadas no trecho sob sua
responsabilidade não apresentam risco de colapso. De acordo com a
concessionária, a manutenção dessas estruturas é realizada regularmente por
empresas especializadas, seguindo os critérios técnicos estabelecidos pelas
normas do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT). No
trecho da BR-153 em Goiás, administrado pela Triunfo Concebra, há 73 Obras de
Arte Especiais (OAEs), que incluem pontes e viadutos. A empresa destacou que a
responsabilidade estrutural é exclusiva dos viadutos que fazem continuidade
direta à rodovia concedida. Em relação à ponte Ciro de Almeida, localizada
sobre o Rio Paranaíba, na divisa entre Goiás e Minas Gerais, a concessionária
esclareceu que não há problemas estruturais. No entanto, foi identificada uma
erosão em uma descida d’água. A Triunfo Concebra informou que uma intervenção
paliativa já foi realizada e que está sendo definida a solução de engenharia
para a correção definitiva. A obra tem previsão de conclusão para o primeiro
trimestre de 2025, após a finalização do cronograma. Codevasf Além da Goinfra, a
Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba
(Codevasf) também executa a construção de pontes em Goiás. A instituição
esclareceu que não realiza repasses para outros entes, mas constrói as pontes
diretamente. A Codevasf destacou que já construiu 56 pontes no estado, todas
com estrutura mista, composta por viga metálica e concreto armado. Defesa Civil O Corpo de
Bombeiros Militar de Goiás coordena o programa “Operação Goiás Alerta e
Solidário”, em parceria com a Defesa Civil estadual e diversos órgãos. O
programa abrange ações de prevenção, preparação para desastres, resposta,
assistência às vítimas e reconstrução das áreas afetadas por desastres,
especialmente durante o período chuvoso. A instituição reforça que está
preparada para oferecer uma resposta ágil e eficaz a qualquer desastre que
possa ocorrer no estado. Equipes da 18ª Companhia Independente de Bombeiros
Militar (CIBM) de Ceres realizaram, na manhã desta sexta-feira, 27, uma
vistoria na ponte sobre o Rio das Almas, após a circulação de vídeos nas redes
sociais que alertavam sobre fissuras na estrutura. Durante a inspeção, foram detectadas
algumas fissuras nas cabeceiras e na parte central da ponte, próximas à junta
de dilatação. O comandante da companhia, Major Almeida, explicou que a vistoria
foi realizada para averiguar as condições da ponte e tranquilizar a população.
“Nossa vistoria verificou algumas fissuras nas cabeceiras e na parte central,
junto à junta de dilatação. Porém, numa primeira análise, essas fissuras não
representam risco imediato à segurança”, afirmou. Ele ainda esclareceu que,
devido ao sistema de construção da ponte, por balanço sucessivo, a estrutura
possui certa mobilidade, o que pode gerar fissuras no asfalto. “Esse tipo de
construção permite que a ponte se movimente de forma controlada, o que pode
causar o surgimento dessas fissuras, mas isso não significa que há risco
iminente”, explicou. O relatório da vistoria será encaminhado ao Comando de
Operações de Defesa Civil e à concessionária ECOVIAS, responsável pela
administração do trecho. A própria ECOVIAS já informou que uma vistoria foi
realizada e que a ponte está em condições adequadas para o tráfego, sem riscos
à segurança dos motoristas. “A ECOVIAS, sendo responsável pela via, já
confirmou que a ponte está segura para o tráfego”, concluiu o Major Almeida. Também
na manhã desta sexta-feira, 27, o Corpo de Bombeiros Militar de Goiás, em
parceria com a Defesa Civil de Minas Gerais e a Coordenadoria Municipal de
Proteção e Defesa Civil (Compdec) de Araguari (MG), realizou uma vistoria
preliminar na ponte Quinca Mariano, localizada na divisa entre os estados de
Goiás e Minas Gerais. Com 1.200 metros de extensão, a estrutura, que atravessa
o lago das Centrais Elétricas de Furnas, formado pelas águas do Rio Paranaíba,
exibe rachaduras e buracos na pista. Moradores, motoristas e políticos locais
vêm denunciando essas avarias há bastante tempo. A ponte, construída em 1975,
apresenta sérios problemas estruturais. De acordo com a Defesa Civil de Goiás,
a vistoria realizada foi de caráter preliminar, consistindo em uma inspeção
visual acompanhada de registro fotográfico. O relatório gerado será enviado aos
órgãos técnicos especializados em engenharia e infraestrutura. Apesar dos
problemas observados, a ponte permanece em condições normais de uso, sem
alterações no tráfego local. A Agência Goiana de Infraestrutura e Transportes
(Goinfra) informou que realiza manutenções periódicas na ponte e está
atualmente preparando sua restauração. Goiânia
Em 2022, o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Goiás (Crea-GO)
realizou uma vistoria nas Obras de Arte Especiais (OAEs) da capital. Das 75
OAEs cadastradas no Crea, 66 foram vistoriadas, sendo 49 pontes e 17 viadutos.
O relatório elaborado pelo órgão, na época, apontou pelo menos 10 pontes em
situação crítica, necessitando de intervenções urgentes. O relatório, realizado
em parceria com a PUC Goiás e o Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias
de Engenharia de Goiás (Ibape-GO), foi apresentado à Prefeitura de Goiânia no
dia 24 de janeiro de 2023. De acordo com o documento, as pontes que exigem
maior prioridade de intervenção estão localizadas em áreas de intenso tráfego,
como a ponte da Avenida T-63 sobre o Córrego Cascavel e as pontes sobre o
Córrego Botafogo. O engenheiro Rodrigo da Mata, que trabalhou no projeto,
relata que, até o momento, nada foi feito pela prefeitura. Confira a lista das
dez pontes mais críticas apontadas no relatório:
- Ponte da Avenida T-63 sobre o Córrego Cascavel
- Ponte da Rua Doutor Constâncio Gomes sobre o
Córrego Botafogo
- Ponte da Avenida Universitária sobre o Córrego
Botafogo
- Ponte da Avenida 24 de Outubro sobre o Córrego
Cascavel
- Ponte da Rua José Hermano sobre o Ribeirão
Anicuns
- Ponte da Avenida Perimetral Norte sobre o
Ribeirão João Leite
- Ponte da Avenida T-9 sobre o Córrego Cascavel
- Ponte da Avenida Presidente Kennedy sobre o
Ribeirão João Leite
- Ponte da Avenida Marechal Rondon sobre o
Ribeirão Anicuns
- Ponte da Avenida das Pirâmides sobre o Córrego
Água Branca
O Crea enfatiza que as estruturas de engenharia necessitam de
acompanhamento, monitoramento e manutenções periódicas para preservar suas
características estruturais, funcionais e de durabilidade ao longo de sua Vida
Útil de Projeto (VUP), que é o tempo estimado para um sistema atender aos
requisitos de desempenho. Para as OAEs, esse período é de 50 anos ou mais,
conforme a ABNT NBR 15.575: 2013. A entidade alerta que os acidentes envolvendo
OAEs estão frequentemente relacionados à falta de manutenção e à ausência de
medidas preventivas. Nesse contexto, a Engenharia Diagnóstica desempenha um
papel fundamental, pois as OAEs precisam ser avaliadas periodicamente para
prevenir, identificar e mitigar falhas que possam comprometer sua operação
segura como elementos de infraestrutura urbana e de mobilidade. O engenheiro
Lamartine Moreira, presidente do Crea-GO, explicou que, a partir das
constatações oriundas das vistorias, foram atribuídas notas aos parâmetros
estrutural, durabilidade e funcional de cada Obra de Arte Especial (OAE),
conforme estabelece a norma ABNT NBR 9452:2019. Além disso, uma quarta nota foi
atribuída levando em conta a Hierarquia Viária da via onde a OAE está
localizada. “Por meio de uma equação específica, as quatro notas atribuídas a
cada OAE foram ponderadas e resultaram no Grau de Deterioração (Gd), que deve
ser utilizado como critério para a priorização de intervenções e manutenções
nas pontes e viadutos da Capital”, destacou Lamartine. Após a conclusão do
estudo, o relatório foi encaminhado à Prefeitura de Goiânia e ao Ministério
Público. No final do primeiro semestre deste ano, o engenheiro e sua equipe
promoveram uma roda de conversa com os pré-candidatos a prefeito de Goiânia,
entregando o material a todos, incluindo o prefeito eleito, Sandro Mabel. “Uma
das recomendações que fizemos foi a retirada das placas metálicas dos viadutos
da Avenida 85. Infelizmente, a remoção só foi iniciada após o trágico incêndio
ocorrido no viaduto”, lamentou Lamartine. No estudo, a classificação da
condição de conservação das OAEs, conforme a ABNT NBR 9452:2019, envolveu a
atribuição de notas de 1 a 5 para os parâmetros estrutural, durabilidade e
funcional. Para o cálculo do Grau de Deterioração (Gd), também foi considerada
a nota referente à hierarquia da via onde as Obras de Arte Especiais estão
localizadas. Seinfra Indagada
sobre o assunto, a Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana (Seinfra)
enviou uma nota ratificando a gravidade dos problemas, mas minimizando a
urgência das intervenções. Veja a nota na íntegra: A Prefeitura de Goiânia, por meio da Secretaria Municipal de
Infraestrutura Urbana (Seinfra), recebeu um relatório do CREA, que apresentou
uma análise visual das pontes da capital, classificando-as de acordo com o grau
de risco. A partir desse relatório, a
Seinfra contratou uma empresa para realizar um trabalho semelhante, mas com
testes, ensaios e cálculos, também atribuindo uma classificação de risco.
Embora algumas pontes tenham sido classificadas com problemas graves, nenhuma
apresentou risco de queda imediata. No relatório da empresa, foram indicadas soluções para cada
problema identificado. Com base nessas informações, iniciou-se o processo de
licitação para contratar o projeto de recuperação dessas pontes. Atualmente, o
processo encontra-se na Secretaria de Finanças. Não há necessidade de contratação emergencial,
visto que o relatório concluiu que nenhuma ponte da capital apresenta risco de
queda. Leia também: Ponte da década de 60 que
liga o Tocantins ao Maranhão cai e deixa vítimas, neste domingo; (Fonte Jornal Opção Noticias GO)