Covid: vacina brasileira pode criar memória imunológica por 12 anos.
Versamune ainda vai passar por testes em humanos, que serão capazes de
mostrar mais detalhes sobre o nível da imunização.
Pesquisadores brasileiros buscam
a produção de uma vacina contra
a covid-19 que seja 100% nacional. Isso poderia
diminuir custos e agilizar a imunização em massa no país. A Faculdade de
Medicina de Ribeirão Preto (FMRP), da USP, desenvolveu a Versamune, em parceria
com a Farmacore Biotecnologia e a norte-americana PDS Biotechnology.O consórcio
entrou com pedido junto à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância
Sanitária) para iniciar os testes clínicos em humanos e espera uma resposta da
agência. Enquanto as
autorizações não chegam, é possível dizer que os testes em animais foram muito
promissores.De acordo com Helena Faccioli, CEO da Farmacore, os testes
pré-clínicos mostram que a vacina não causou danos aos animais.“Estudos
demonstram que a Versamune é segura, não apresentou efeitos tóxico nos animais,
e tem grande capacidade de ativação de anticorpos, especialmente de células T
(células de defesa que ajudam a combater agentes infecciosos)”, afirmou. Qual é a expectativa da resposta imunológica da
Versamune?Em entrevista ao Jornal da USP, o professor do Departamento de
Bioquímica e Imunologia da FMRP Celio Lopes Silva comemorou o fato dos estudos
mostrarem a possibilidade que a memória imunológica da célula T dure cerca de
12 anos.“A Versamune tem a capacidade de ativar todo o sistema imunológico que
impede não só a entrada do SARS-CoV-2 para dentro das células como também matam
as células já infectadas. Acreditamos que o imunizante gere uma memória
imunológica de até 12 anos”, contou o professor.Como o imunizante foi desenvolvido?O imunizante foi desenvolvido
pela junção de uma réplica da proteína S1, que é um pedacinho da proteína
spike, parte do SARS-CoV-2 responsável pela entrada do vírus nas células
humanas, com uma nanopartícula.
Essa combinação é injetada no organismo das pessoas e a expectativa é
que o sistema imunológico crie anticorpos contra esse pedaço do coronavírus e
bloqueie instalação dele nas células.Além disso, essa nanopartícula induz a
ação dos linfócitos T. Então, mesmo que a proteína S1 não produza a resposta
esperada, os linfócitos ativados neutralizariam o novo coronavírus. "Ao
contrário das tecnologias de vírus e adjuvantes, essa vacina gera uma resposta
imune muito específica, direcionada e poderosa, com capacidade de gerar memória
imunológica no organismo e prevenir futuras reinfecções", diz Faccioli.Quantas doses cada pessoa deve receber?A
fase pré-clínica mostrou ser necessária a aplicação de duas doses, com um
intervalo de 21 dias entre elas, para o imunizante ser eficaz.Qual foi o pedido feito na Anvisa?O
consórcio pediu autorização para fazer os estudos das fases 1 e 2, que têm o
objetivo de verificar a segurança e a eficácia da Versamune em humanos.Se
aprovado pela Anvisa, o teste será feito com 360 voluntários saudáveis, com
idade entre 18 e 55 anos, e em um segundo momento, de 55 a 75 anos.No período
de 3 a 4 meses serão avaliados os efeitos colaterais e se os voluntários
produziram anticorpos contra o vírus da covid.A partir de bons resultados, será
feito o pedido para a fase 3. A última etapa de testes vai durar cerca de seis
meses, e 10 mil voluntários serão testados.Quando
o imunizante estará disponível?Se a resposta for positiva, o consórcio
pretende pedir o uso emergencial do imunizante junto à Anvisa no começo de
2022. Qual a capacidade de produção da
Versamune?A capacidade de produção diária do imunizante ainda não está
definida, porque o consórcio ainda negocia com indústrias brasileiras para a
fabricação em grande escala das doses.De acordo com a assessoria de imprensa da
Versamune, o acordo deve ser fechado nos próximos 30 dias.Quais os custos da vacina?A Farmacore não
informou qual será o preço final da Versamune, mas Heloisa Faccioli garantiu
que não será mais cara do que as já usadas no país.“O preço será determinado na
fase de escalonamento industrial, mas terá o custo médio das vacinas que estão
sendo usadas hoje no Brasil”, garantiu.Os custos da produção da vacina são de
cerca R$ 633 milhões. A empresa informou ao R7 os valores gastos divididos pelas
fases de produção.“O investimento inicial do governo federal, exclusivo para as
pesquisas não clínicas realizadas sob coordenação da Faculdade de Medicina de
Ribeirão Preto, foi de aproximadamente 3 milhões de reais. Para o ensaio
clínico de fase 1/2, o consórcio está buscando recursos com o Governo Federal,
estimados em R$ 30milhões. Com tudo certo, o investimento para a fase 3, por
questões de um maior número de voluntários e toda a questão logística que esse
processo demanda, deverá girar em torno de R$ 300 milhões (os valores são
estimados e é necessário atualizar as cotações e orçamentos de acordo com o
número de participantes dos ensaios clínicos)”, divulgou a assessora de
imprensa do consórcio.Além da Versamune, o Butantan
também espera a resposta da Anvisa para começar testes clínicos da Butanvac.A
Agência informou que ainda faltam protocolos dos estudos pré-clínicos dos dois
imunizantes, para que sejam analisados e, a partir daí, liberados.( Fonte R 7
Noticias Nacional)