ONU: Unicef condena ataque no
Níger que matou 58 pessoas.
Aumento da violência armada no Sahel Central já afeta sobrevivência e
desenvolvimento dos jovens da região.
ONU: Unicef condena ataque no
Níger que matou 58 pessoas.
Aumento da violência armada no Sahel Central já afeta sobrevivência e
desenvolvimento dos jovens da região.
Maior luta do primeiro negro campeão de boxe
foi contra o racismo.
No Dia da Consciência Negra, campeão mundial Jack
Johnson simboliza luta pela identidade, em época de intenso racismo nos EUA no
início do século 20.
O debate sobre a consciência
negra, celebrada nesta sexta-feira (20), ganhou visibilidade hoje em dia. Mesmo
assim, muitos cidadãos negros ainda sofrem grandes dificuldades para se
inserir, diante de uma resistência muitas vezes velada, mas preconceituosa, de
setores da sociedade. Imagine, então, as dificuldades de um negro, poucos anos
após a abolição da escravidão nos Estados Unidos, em uma sociedade que em grande parte era opressora e abertamente racista. Com pouco estudo, mas muita
consciência, o filho de escravos Jack Johnson, nascido em Galveston (Indiana)
em 31 de março de 1878, desafiou os dogmas da intolerância de muitos americanos
ainda revoltados por perderem privilégios com a derrota da Guerra de Secessão
(1861-1865). Johnson lutou, literalmente, e, como boxeador, soube resistir às
pancadas daquela guerra aberta, muito mais fortes e dolorosas do que nos
ringues. "O racismo nos Estados Unidos é estrutural e permeia a fundação
da sociedade moderna, que, por um lado, privilegia a liberdade suprema por via
do desenvolvimento econômico e da democracia enquanto processo político, mas
ainda não conseguiu encarar a questão da democracia racial de forma mais
profunda", afirma Marília Carolina de Souza, professora de Relações
Internacionais da Fecap (Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado), em São
Paulo. Na infância, após permanecer apenas cinco anos na escola, Johnson teve
de trabalhar como estivador, para sustento da família. Já praticado na
antiguidade, inclusive entre os sumérios (4500 a.c a 1900 a.c), o boxe era um
esporte comum durante a Grécia Antiga, mas, após um período de desaparecimento,
voltou no século 18, principalmente no Reino Unido, por causa da Revolução
Industrial. E da consequente urbanização. Dos colonizadores ingleses, o esporte
chegou aos Estados Unidos. No contexto de Johnson, o boxe era um instrumento de
demonstração de força e coragem, em um mundo com leis ainda instáveis, bem como
direitos e relações sociais.Desde jovem, Johnson se inseriu no esporte e,
obstinado, o transformou em profissão. E, além da busca da ascensão social, o
jovem alto e forte via no boxe (termo provavelmente originário do holandês,
boke, pancada) uma forma de firmar a própria identidade negra. Tornou-se,
assim, o símbolo de toda uma luta, encampada décadas depois por Muhammad Ali
(1942-2016), antes conhecido como Cassius Clay. "Tudo o que ocorria nos
ringues e ao redor de Jack Johnson tinha consequências nas ruas. A cada vitória
sua, e não foram poucas, havia protestos violentos de cunho racista. Por este
motivo, além de sua incrível capacidade de superação e de se manter com o
cinturão por um longo tempo, havia também a capacidade de saber, também para
além daquele momento histórico, que o ringue, naquela época, significava força
para as lutas que enfrentava fora dele", observa Marília. Sua primeira
luta de repercussão ocorreu em 1901, quando o pugilista, peso-pesado, perdeu
para o competente Joe Choynski que, apesar de não ter sido campeão mundial,
derrubou o futuro campeão, James Jackson Jeffries. Mas como o boxe era proibido
no Texas, onde aconteceu o combate, Johnson e Choynski foram presos. Na prisão,
Choinsky se tornou técnico de Johnson, percebendo que lhe faltava técnica,
apesar do grande pontecial. Ficaram amigos. Desafio pelo título Mesmo com o trabalho em conjunto com seu treinador, que era
branco, Johnson sofreu com o preconceito e não conseguia desafiar os campeões
mundiais, pelo fato deles se recusarem a lutar contra um negro. Ele insistiu,
em uma época em que era considerado um perigoso atrevimento tal tipo de
desafio. Depois de se tornar o "campeão mundial dos negros" vencendo
John Haines, Hank Griffin, Frank Childs e Denver Ed Martin, Johnson desafiou o
campeão mundial dos pesos-pesados, James Jeffries, que se negou a lutar contra
ele. Foram anos de tentativas, a última bem-sucedida, após ele seguir o campeão
mundial Tommy Burns, indo até o Reino Unido e depois para a Austrália, onde
finalmente se realizou o combate e Burns foi derrotado. Diz a lenda que Burns
só aceitou participar do combate contra o pugilista afro-americano por causa do
cachê de 30 mil dólares. Na iminência de Burns ser nocauteado, a organização
interrompeu a luta no 14º assalto, inclusive com intervenção policial, mas não
havia como tirar o título de Johnson, o novo campeão mundial dos pesados, e o
primeiro negro a conquistar o título. A partir de então, houve uma obsessão
entre os brancos em reconquistar o cinturão, no que se chamou de "A Grande
Esperança Branca", expondo o intenso conflito racial da época. E assim,
Philadelphia Jack O'Brien, Tony Ross, Al Kaufman e até mesmo o campeão mundial
dos pesos-médios, Stanley Ketchel, que se dispôs a vencer Johnson, foram
derrotados. Foi quando Jeffries decidiu sair da aposentadoria, aceitando lutar
contra o grande campeão negro, em combate que atraiu mais de 20 mil pessoas ao
ringue em Reno, Nevada, em 4 de julho de 1910, dia da comemoração da
Independência dos Estados Unidos. "Vou participar dessa luta apenas pelo
simples objetivo de provar que um homem branco é melhor do que um negro",
disse Jeffries. Segundo o Washington Post, o escritor Jack London conclamou
Jeffries a "remover aquele sorriso dourado do rosto de Jack Johnson".
Pela própria identidade Jeffries, que nunca havia caído em combate, foi
implacavelmente derrotado, tendo sido derrubado duas vezes, para o desgosto da
multidão, que pedia o encerramento antecipado da luta. O resultado incendiou o
país. Conflitos raciais, com barricadas e protestos nas ruas se espalharam por
mais de 50 cidades, deixando pelo menos 25 mortos. O negro havia mostrado que a
cor da pele jamais é motivo para tornar alguém pior, ou melhor. Johnson, alçado
ao estrelato, acumulou uma fortuna com o boxe. Usava dentes de ouro e se tornou
dono de boate. Excêntrico e apreciador de champanhe gostavam de passear com um
leopardo de estimação. No palco, não escondia seus dons artísticos. O Post
lembrou uma história em que, certa vez, ao ser parado por um guarda por excesso
de velocidade, Johnson deu uma nota de 100 dólares, para pagar a multa de 50.
Alertado pelo policial, ele respondeu que pretendia acelerar acima do limite
também na volta. Nem a fama, porém, o livrou das perseguições. Ele nunca abriu
mão de sua identidade. Chegou a ficar um ano preso, por ter se apaixonado por
Lucille Cameron, uma moça branca de 18 anos. Lucille foi uma de suas três
esposas, entre 1912 e 1924. Johnson foi detido algumas vezes, uma delas por
transportá-la e atravessar outro estado. A mãe dela, F. Cameron-Falconet, o
denunciou por sequestro à polícia de Chicago. "A busca pela 'esperança
branca' não teve sucesso, preconceitos foram se acumulando contra mim, e certas
pessoas injustas, ressentidas porque eu era campeão, decidiram que, se não
podiam me pegar de um jeito, pegariam de outro", desabafou Johnson na
ocasião. Ele morreu em 10 de junho de 1946, na cidade de Raleigh (Carolina do
Norte), aos 68 anos. Lutou até os 60, após ter perdido o título para Jess
Willard, em 1915, no 26º assalto (numa luta de 47 assaltos). Para Marília, o
legado de Johnson está aí presente, em movimentos como o "Black Lives
Matter", que emergiram após recentes incidentes, como o da morte do
cidadão negro George Floyd, asfixiado por um policial branco, em 25 de maio
último, em Mineápolis. "Se hoje, a luta racial ainda está presente no dia
a dia norte-americano, imagine no início do século 20, quando todos os direitos
dos negros eram negados e Jack Jonhson sequer era considerado um legítimo
cidadão", diz. A professora completa.( Fonte R 7 Noticias Internacional)
França interfere no Líbano e busca recuperar poder no Oriente Médio.
Indicação de
novo primeiro-ministro libanês remete aos tempos em que França e Reino Unido
redesenharam a região, após a Primeira Guerra.
A indicação do diplomata Mustapha Adib como primeiro-ministro do Líbano, na segunda-feira (31), sob influência da França, foi mais um evidente exemplo da configuração do Oriente Médio após a Primeira Guerra Mundial. Adib se reuniu em Beirute com o presidente francês Emmanuel Macron. Ele foi escolhido após o governo anterior renunciar por causa da explosão no porto de Beirute, no início de agosto. Neste modelo, há uma tipo de controle indireto. Em vez de se enraizarem nos próprios países, administrando-os diretamente, potências europeias como a França e o Reino Unido, historicamente, buscaram livrar-se da pressão e ficar apenas com as vantagens deste tipo de domínio. A solução encontrada foi a tentativa de conceder aos países desta área conflituosa uma espécie de "independência controlada". Com o tempo, porém, fatores internos, como a briga pelo poder entre etnias locais, e externos, com a ascensão dos Estados Unidos e da União Soviética, depois Rússia, passaram também a influenciar o jogo político, esvaziando o objetivo inicial. Mas resquícios deste domínio europeu ainda predominam, exemplificados nas últimas interferências francesas na política libanesa. A ingerência vem sendo retomada principalmente desde 2018, quando o então primeiro-ministro Saad Hariri, sentindo-se ameaçado pelo Hezbollah, renunciou e foi para a Arábia Saudita, depois retomando a função. Na ocasião, Macron recebeu Hariri no palácio presidencial do Eliseu para uma reunião que ajudou a fortalecer a base do primeiro-ministro. Além da tentativa de pacificar o Líbano, este papel de mediador, para o governo da França, o impulsiona a se manter no jogo de poder na região, na qual ela vinha perdendo força, apesar de seu forte vínculo cultural com a sociedade libanesa, que em grande parte fala o idioma francês. França e Reino Unido, desde o esfacelamento do Império Otomano, que controlava a região até o fim da Primeira Guerra, viam nesta parte do Oriente Médio uma posição estratégica e riqueza petrolífera. Ambas, inclusive, já interferiam na região desde o século 19, nos prenúncios da industrialização e da busca de mão de obra e fornecedores baratos. Em 1842, após conflitos violentos entre drusos e maronitas, franceses e britânicos aproveitaram para apoiar os grupos locais.Ganharam, assim, terreno por aquelas áreas, mesmo com o Império Otomano tendo formalmente o controle do que antes era apenas denominado como Síria (a Grande Síria, que englobava o Líbano). Os franceses deram apoio aos maronitas no norte e os ingleses apoiaram os drusos no sul. Sangrentos conflitos se sucederam, enfraquecendo o poderio otomano, que, já sem recursos e infraestrutura, via seu domínio se esfacelar. Foi um passo inicial para uma nova configuração do Oriente Médio, que iria se desenhar a partir de 1918, quando o fim da guerra deu início a novas disputas. Disputa territorial O Acordo Sykes-Picot, assinado em 1918 por França e Reino Unido combinava, em vez da plena autonomia, uma divisão daquele cobiçado Oriente Médio entre os dois governos. A informação foi vazada pela Rússia, inimiga na Primeira Guerra, e acabou fazendo com que ingleses e franceses perdessem a confiança das populações árabes. O jeito, então, foi buscar governos que atendessem aos interesses das duas nações europeias e, ao mesmo tempo, conseguissem manter sob controle as populações. A Conferência de San Remo ratificou o acordo Sykes-Picot. Pela divisão, os ingleses continuaram com o controle da província otomana da Mesopotâmia (hoje Iraque) e da parte sul da província otomana da Síria (Israel, Palestina, Síria e Jordânia). Para a França, foi destinada outra parte da Síria do império otomano (o atual Líbano e a província de Hatay, hoje parte da Turquia). Os ingleses não deixaram os franceses ocuparem a parte setentrional da então Palestina (hoje Israel), argumentando que a Declaração Balfour (que prometia conceder aos judeus o direito a um Estado na refião) lhes dava legitimidade sobre a área. O interesse maior era competir com os franceses, que iriam controlar o oleoduto de Mossul, no controle do oleoduto de Haifa, o que deu aos ingleses o mandato sobre a Palestina. Iniciou-se, então, uma disputa velada entre França e Reino Unido que instigou muitas revoltas de árabes contra judeus. O interesse francês era financiar combatentes árabes para alimentarem a instabilidade da região e obter ganhos territoriais, já que as fronteiras ainda não estavam estabelecidas. Membros de famílias poderosas locais, então, barganhavam o poder. A divisão dos países acabou ocorrendo com base em interesses da França e do Reino Unido. Grupos ligados a Faiçal, por exemplo, filho do xerife de Meca, derrotaram franceses na região mas, no momento em que este iria assumir o trono da Síria, acabou expulso pela própria França. Os ingleses, então, para compensá-lo, ofereceram o controle da região ao redor de Bagdá e ele foi proclamado rei de um novo país, o Iraque. Seu irmão, Abdullah, passou a comandar a recém-criada Jordânia. A ideia de a França e Reino Unido manterem militares nestes locais e governá-los diretamente, portanto, estava para caducar, em função da revolta das populações contra a presença de ambos. Seria mais fácil, então, interferir à distância. Mas, com o tempo, disputas locais acabaram por desviar a prioridade destes novos governantes em atender os desejos das potências que, por outro lado, abriram mão da perda de poder direto para, pelo menos, ajudá-los a se manter no cargo. Algo semelhante ao que acontece hoje com o sírio Bashar al-Assad e seu protetor maior, a Rússia. E a rotina do Oriente Médio prossegue atendendo muito mais aos interesses de governos aliados a potências ou a grupos que predominam pela violência.( Fonte R 7 Noticias Internacional)
Do nevoeiro à pandemia: a Rainha Elizabeth já viu de tudo.
No mundo
ocidental, ela é a única que se manteve no poder em um país durante tantas
décadas, testemunhando a História.
Faz 68 anos. Em 9 dezembro de 1952, chegava ao fim o grande nevoeiro de Londres. O fenômeno levou à morte 12 mil pessoas, após uma frente fria chegar e, por causa da inversão térmica, aprisionar na atmosfera o carvão de baixa qualidade usado na época pelas indústrias e também pela população, em função das baixas temperaturas. Os hospitais ficaram lotados e aqueles cujos sistemas respiratórios eram mais sensíveis, tal qual ocorre hoje com a covid-19, pereceram. A jovem Elizabeth II, rainha que assumira o trono em fevereiro daquele ano, acompanhou tudo do Palácio de Buckingham, num momento em que se deparava com o desafio de lidar com seus anseios humanos e familiares, abrindo mão deles em função das exigências da realeza. Tudo pode ser visto por dois ângulos. Há aqueles que criticam a monarquia britânica, acusando-a de hipócrita, de autoritária, de controladora dos verdadeiros sentimentos, de retrógrada, de opulenta. Por outro lado, não mais poder sair de casa quando bem entender, opinar sobre qualquer assunto, ter responsabilidades em relação a diferentes pensamentos, ter a obrigação de seguir regras milenares, não pelo autoritarismo, mas por uma organização necessária, tira do monarca aquela aura de estar acima dos outros. Pelo contrário, no fundo, ele se torna, por tempo indeterminado, um servidor de algo maior. Elizabeth teve sorte. Deu seus primeiros passos na relação política com o Reino Unido tendo Winston Churchill como interlocutor. O primeiro-ministro, no país, é sempre um consultor e, ao mesmo tempo, um seguidor da monarquia. Churchill, naquele momento, vivia o epílogo de sua carreira política. Estava sombrio, bem diferente do homem sarcástico e vigoroso que praticamente comandara os aliados na vitória na Segunda Guerra. Mas, ainda, como aquele craque veterano, tinha seus lampejos e contribuía com sua experiência e visão. Pois Elizabeth teve o privilégio de contracenar com Churchill em seus últimos momentos. Em troca, presenteou o velho político com a possibilidade de ver o país entrar em uma nova era. Mesmo com toda sua tradição, a monarquia acaba se moldando às mudanças de cada tempo. É assim que ela caminha, entre a flexibilidade e a rigidez. Foi assim que Elizabeth foi coroada, cresceu e envelheceu. Entre o amor de mãe e a missão que lhe foi conferida. Aprendendo a aproveitar os momentos íntimos da família como algo precioso e praticamente oculto. Tal qual os de uma mulher comum. No poder, ela viu Churchill morrer, em 1965, e acompanhou o histórico funeral do líder, que abarrotou as ruas de Londres como a passagem de reis em sua carruagem. Outro líderes, de outros países, também assumiram suas funções, governaram e morreram enquanto ela reinava: Dwight D. Eisenhower; John F. Kennedy; Lyndon B. Johnson; Richard Nixon; Gerald Ford; Ronald Reagan e George Bush. Ela acompanhou fases democratas e republicanas. Viu o nascer da causa dos negros, a luta de Martin Luther King e de Nelson Mandela, até Barack Obama se eleger e ter sido substituído pelo opositor Donald Trump, outro que teve seu ciclo encerrado. Enquanto ela prosseguia. Elizabeth foi amadurecendo enquanto acompanhava como líder os conflitos no Oriente Médio, rejubilando-se com a derrota de Gamal Abdel Nasser na Guerra de Suez, em 1956, vendo Golda Meir ser uma das pioneiras na luta pela igualdade de gênero enquanto governava Israel, acompanhando os governos de David Ben- Gurion, Levi Eshkol; Menachem Begin; Yitzhak Rabin; Shimon Peres; Yitzhak Shamir; Ehud Barak; Ehud Olmert e Binyamin Netanyahu. Observou à distância as turbulências na França nacionalista de Charles de Gaulle, a busca da integração europeia promovida por Valéry Giscard d'Estaing, a ascensão do socialismo com François Miterrand, a volta da direita com Jacques Chirac, o surgimento de Emmanuel Macron. Do palácio, acompanhou a ascensão do liberalismo com Margareth Tatcher, a busca da terceira via com Tony Blair, o trabalhismo de John Major, o populismo de Boris Johnson. Viu a Alemanha ser reconstruída com Konrad Adenauer, Willy Brandt e sua política de integração entre o Leste e o Oeste europeus em meio à Guerra Fria, Helmut Kohl e Angela Merkel. Após ser contemporânea de Joseph Stálin, Nikita Kruschev, Leonid Brejnev, testemunhou a maior parte da Guerra Fria até a dissolução da União Soviética com Mikhail Gorbatchov. Devia se manter estupefata com a dituadura na China, desde os tempos de Mao Tse-tung até a regidez política e o liberalismo econômico de Deng Xiaoping, que hoje por lá vigoram. Muitas pessoas comuns também viram tudo isso, é verdade. Mas ela, no mundo ocidental, é a única que se manteve no poder em um país. Na minha existência comum, enquanto o Brasil ganhava Copas, Pelé surgia e se despedia, Maradona encantava o mundo e recentemente morria, Sócrates fundava a Democracia Corintiana, o Brasil entrava e saía da ditadura, Tancredo era eleito e morria quase na véspera de assumir, e os governos Sarney, Itamar, Collor, Fernando Henrique, Lula e Dilma se sucediam, antes de Bolsonaro, ela estava lá. Como monarca. Mas, no fundo, eu tinha a sensação de que se tratava de uma pessoa comum. Cheia de restrições, por causa de sua função. E, por isso, de frustrações. Na última terça-feira, o Reino Unido começou a vacinação contra a covid-19, mais um capítulo dessa passagem da rainha. Os idosos serão vacinados primeiro. Ela está na lista, mas não terá prioridade. Todo o equilíbrio e contenção da monarquia acabam tendo apenas o sentido de permanência e de identidade. Necessários a qualquer um, dentro de suas condições sociais e econômicas. Elizabeth então se revelou a pessoa comum da qual, por mais que os trajes e a coroa disfarcem, é impossível escapar. Bem antes desta série, The Crown. À espera de uma solução para a pandemia. E na expectativa de também ser imunizada.Tive, então, a certeza de como todos nós, nobres e plebeus, somos tão parecidos. E tão reais.( Fonte R 7 Noticias Internacional)
Vírus são desafios milenares na 'guerra' com humanos.
A própria
essência parasita dos vírus remete a uma ideia de "anti vida", muito
antes do surgimento da atual pandemia da covid-19.
Entre pântanos, florestas de samambaia e répteis, a vida na Terra ainda se iniciava e os vírus já existiam. Tiveram origem, ainda que isso continue suscitando debates, provavelmente ao mesmo tempo que os seres mais primitivos. Ou pouco depois. E quando o Homem surgiu, os vírus já estavam entre nós. "Os vírus fazem parte da natureza, são microrganismos que representam um grupo extremamente importante de patógenos dentro da nosologia humana", afirma a infectologista Silvia Regina Julian, especialista com título da Sociedade Brasileira de Infectologia. Nosologia é a ciência que trabalha com a definição das patologias. A história humana, portanto, pode ser considerada uma série de superação de pandemias. Muito antes da atual quando, apesar dos recursos tecnológicos, a vacina contra a covid-19 ainda não foi implementada. Vírus e modernidade, desde os primórdios, têm uma forte relação. A própria essência parasita do vírus remete a uma ideia de "anti vida". Qual a função, afinal, deste elemento cuja estrutura básica é composta somente de dois componentes, um ácido nucléico (DNA ou RNA) e um envoltório feito de proteínas? Alguns também têm um envoltório, denominado envelope, feito de gordura e fósforo.A função, neste caso, é criar vida em função de outro organismo. Mesmo com códigos genéticos próprios (DNA e RNA), o vírus depende de outro corpo para se manifestar. Colocar o seu próprio código genético e se reproduzir. Ainda há um debate sobre a condição dos vírus. Muitos acreditam que, por não possuírem células em sua composição, o que os impossibilita de sobreviver sem um hospedeiro, eles não podem ser considerados seres vivos. A modernidade impacta quando, a cada mudança de era, os seres humanos costumam ser infectados por vírus. "Na realidade, pouco se conhecia dos vírus. Durante muitas décadas, as doenças causadas por vírus foram relegadas a um papel secundário em relação às doenças causadas por outros patógenos. Isto se deveu, em grande parte, ao fato dos vírus requererem estrutura laboratorial mais complexa para o diagnóstico", observa a dra. Silvia. Existem vírus que são permanentes, mas muito menos agressivos, como os da herpes, que entraram em contato com ancestrais de humanos há mais de 80 milhões de anos. Todas as pessoas estão infectadas por um tipo de vírus da herpes, mas a grande maioria desenvolveu uma tolerância que evita maiores prejuízos. A própria palavra vírus sofreu mutações. Na época do Império Romano, tinha o significado de "veneno", no latim. Esquecida por um tempo, voltou a ser usada a partir do século 16 no Norte da Inglaterra, para identificar os germes "venenosos" que infectavam humanos. Mas o tom restrito do termo ganhou amplitude quando o cientista holandês Martinus Beijerinck, em 1898, passou a usar a denominação para doenças misteriosas causadas por este microrganismo. Tido como o "Pai da Virologia", Beijerinck chegou à definição de vírus ao estudar a doença do mosaico do tabaco, percebendo que esta tinha como causa um organismo menor do que a bactéria. Futuras gerações A tendência parasitária dos vírus, porém, intriga os cientistas, por tais microrganismos não serem totalmente "anti vida". Apesar de todo o caráter destrutivo. Os vírus têm a característica de modificar o próprio material genético para se reproduzirem, muitas vezes desafiando o material genético do ser humano. Para se defender, leva um tempo até que o organismo humano produza anticorpos que, possivelmente, estarão presentes em gerações futuras. Neste sentido, o vilão do momento, está contribuindo para uma imunidade nas décadas seguintes, segundo muitos especialistas. O homem atual, com isso, é reflexo de uma série de vírus que atuaram na história. Nem por isso, tentar derrotá-lo deixa de ser extremamente necessário. A própria Ciência tem essa função, sempre em busca de uma vacina que também contribuirá para uma melhor qualidade de vida. Já nesta geração. Nesta guerra entre humanos e os vírus, são os parasitas que acabam sendo usados como um instrumento para a própria evolução da vida. "Ao longo da história, houve necessidade do desenvolvimento de técnicas de cultivo celular, de microscopia eletrônica e de biologia molecular para que se documentasse a presença de vírus", completa a dra. Silvia. Por tal linha de raciocínio, o combate a eles, assim, passa a ser encarado como um desafio indispensável e permanente. Não só para o futuro, mas também no presente.( Fonte R 7 Noticias Internacional)
Palhaços Sem Fronteiras alegra rotina em campos de refugiados.
Grupo é um
braço do Médicos Sem Fronteiras e tem feito apresentações em locais de
conflitos e guerras, na busca de levar esperança às pessoas.
O que faz uma pessoa sobreviver em um campo de refugiados? Para quem está de fora, é difícil se colocar no lugar de alguém que foi obrigado a fugir de seu país, esteve perto da morte e se depara com a permanente insegurança para si e para seus familiares. Fora a falta de comida. A falta de infraestrutura. A falta de um motivo para sorrir. Idealizado pelo espanhol Tortell Poltrona, o Palhaços sem Fronteiras surgiu justamente para realizar a façanha de transformar em alegria a dura realidade de quem vive essa situação. Nem que seja uma alegria momentânea. O brasileiro Márcio Ballas, artista e palhaço com experiência internacional, viu de perto essa magia se manifestar. Em uma de suas primeiras experiências, foi o mais jovem membro da comitiva do Palhaços sem Fronteiras, ao lado de profissionais ingleses, belgas e franceses, que se apresentou na fronteira com a Albânia, para refugiados da Guerra do Kosovo, em 1999. Aos 46 anos, Ballas, nascido na capital paulista, nunca se esquece dessa passagem. Enquanto fala, deixa transparecer nas palavras a emoção que ainda permanece nele. Missão cumprida, nesse sentido. Afinal, se ela se manifesta nele, é um sinal de que até hoje também está presente naqueles que, em situação tão dramática, precisavam se alimentar do sorriso vindo de uma palhaçada. Que, também ato de amor, funciona como uma carícia. Ou um beijo. "Ouvi falar do Palhaços Sem Fronteira quando estava estudando para clown (palhaço), na França. Falei: 'nossa, nem sabia que isso existia'. Na época não havia internet. Então fui lá, bati na porta e disse, 'Oi, sou do Brasil, sou um palhaço brasileiro e quero muito viajar com vocês'. Alguns meses depois eles me convidaram para minha primeira viagem, para os campos dos refugiados kosovares e fizermos uma jornada de duas semanas lá." Foi uma situação completamente inusitada. No meio da vastidão cercada de montanhas, eles foram surgindo lá de longe, cortando o silêncio da estrada e a monotonia da vida em um campo de refugiados. "Um campo de refugiados é um grande acampamento, com várias barracas. As pessoas ficam esperando pela sorte, pelo destino. Não acontecem muitas coisas lá, às vezes chegam médicos, mantimentos. Imagine o que é, de repente, chegarem duas vans com caras estranhos, com trancinhas, desembarcando bolas de malabares, trapézio! Isso muda toda a rotina. Já a chegada é uma novidade. As pessoas falam 'opa, o que é isso?' Vão estranhando e vão olhar ver o que está acontecendo." E o que se passa na cabeça de alguém que tem a obrigação de ser engraçado em um ambiente complicado deste tipo? Ballas mostra que o palhaço nada mais é do que um espelho do ser humano, em sua luta diária para superar seus próprios fantasmas: o medo, a sensação de fragilidade. E, como bom palhaço, ou humano, ele soube transformar tudo isso em gargalhadas sinceras. "Fazíamos dois campos de refugiados por dia, era muito impressonante. Fiquei muito impressionado, nunca tinha ido e digo que estava com muito medo: eu era o mais novo da turma; os refugiados só falavam albanês, bem diferente de francês, inglês, espanhol e, por fim, estávamos no meio da guerra." Aos poucos eles foram fazendo a montagem do espetáculo. Ballas conta que o fato de a preparação ser aberta já é uma atração, com os artistas se maquiando em público."O espetáculo na verdade começa desde a nossa chegada. O momento em que a gente chega já é um evento e alguma coisa incrível já começa a acontecer." A apresentação Então, como dizem os americanos, "It´s show time!" ( É a hora do show!). "Eu estava com muito receio. Seria possível criar em um lugar assim? Será que vão rir, gostar, entender? E a gente fez um show que tinha poucas palavras, muitos sons e as pessoas gostaram muito, ficaram muito encantadas, batiam muita palma no final. Ficaram lá e me deixaram muito emocionado. Foi algo muito especial, a primeira vez em que me apresentei em um local tão dificil, sem estrutura. Não tinha luz, não tinha nada. Só o humano conversando com o humano." No fim, os palhaços deram o protagonismo para as pessoas dos campos. "No final a gente falava para eles fazerem algo em troca. Era o momento deles serem protagonistas. Em alguns dos campos eles dançaram danças típicas, em outros ensinaram músicas para a gente, em outros convidaram para irmos às barracas e fizeram um chá e pequenas comidinhas. Era uma hora muito bonita porque era a hora da troca, fomos lá mostrar o que sabíamos fazer, mas eles também tiveram essa oportunidade." Outra viagem de Ballas foi para Madagascar, na África. Lá o grupo fez espetáculos em favelas, em lugares "muito muito muito pobres", em prisões para crianças, de 12,13,14 anos, que "foi algo muito forte". Mas eles conseguiram colorir, pelo menos por um tempo, um lugar tão cinza, como ele conta. Um hábito do Palhaços Sem Fronteiras, que ainda atua e ampliou há dois anos suas atividades para o Brasil, é deixar um nariz de palhaço, como presente, para cada uma das pessoas nestes campos. Ballas, que continua a atuar no ramo brasileiro do grupo, conta a razão desta atitude. "Fazíamos uma grande roda e distribuíamos os narizes. Era um momento muito bacana e emocionante, porque todos colocavam o nariz e ficava todo mundo igual. Um monte de palhaços de diversas partes do mundo, olho no olho. Era uma maneira de deixar alguma coisa com eles lá. Assim, depois, eles poderiam se lembrar desse momento, brincar com esse momento, fazer algo com o nariz, brincar com o nariz. Era uma maneira de deixar alguma esperança, alguma fagulha lá para eles, depois que a gente fosse embora."( Fonte R 7 Noticias Internacional)
Proposta segue em análise na Câmara dos Deputados. A Comissão de Viação e Transportes da Câmara dos Deputados aprovou o Projeto de Lei 4...