Sauditas limitam número de
trabalhadores do Iêmen nas empresas, forçando muitos deles a retornar a um país
em grave crise.
Desde
julho deste ano, autoridades da Arábia Saudita começaram a encerrar
antecipadamente ou a negar a renovação de muitos contratos de trabalho de
profissionais do Iêmen que
atuam em solo saudita. A decisão tem obrigado muitos iemenitas a retornar a seu
país, que vive a mais grave crise humanitária do mundo, segundo a ONG Human Rights
Watch (HRW). Uma decisão do Ministério de Recursos Humanos da
Arábia Saudita passou a exigir, em julho, que as empresas locais limitem a
porcentagem de trabalhadores de certas nacionalidades em sua folha salarial,
sendo de 25% o limite para cidadãos
iemenitas. Desde então, muitos trabalhadores que não conseguem
encontrar outro empregador são forçados a deixar a Arábia Saudita por conta
própria, sob risco de deportação caso se recusem. “As autoridades sauditas
estão efetivamente dispensando e ameaçando devolver à força centenas,
possivelmente milhares, de profissionais iemenitas para um conflito em curso e
para a crise humanitária no Iêmen”, disse Afrah Nasser, pesquisador do Iêmen da
HRW. “A Arábia Saudita está sempre à espera de elogios por suas‘ contribuições
humanitárias’ ao Iêmen, mas esta decisão coloca muitos iemenitas em sério
risco”.Quinze profissionais ouvidos pela HRW disseram que o Ministério do
Trabalho e Desenvolvimento Social saudita encerrou ou impediu a renovação dos
contratos dos trabalhadores iemenitas. Iemenitas nascidos na Arábia Saudita ou
casados com mulheres sauditas também foram atingidos pela medida, que,
segundo os entrevistados, não vale para profissionais de outras nacionalidades.De
acordo com o governo iemenita,
mais de dois milhões de cidadãos do país viviam na Arábia Saudita em 2020, e as
remessas de dinheiro desses trabalhadores têm sido vital para a devastada
economia do Iêmen. O Banco Mundial estimou, em 2017, que as remessas de
dinheiro somam US$ 2,3 bilhões anuais, o equivalente 61% de todo o dinheiro
enviado do exterior com destino ao Iêmen.“Já é ruim o suficiente que muitas
pessoas estejam morrendo no Iêmen como resultado da crise
humanitária, sem que as autoridades sauditas adotem políticas que
podem resultar no retorno à força de mais iemenitas a essas condições
terríveis”, disse Nasser.”Por
que isso importa? A guerra entre o governo e os
rebeldes houthis no Iêmen já dura sete anos. O conflito começou no final de
2014, após o grupo rebelde houthi, alinhado ao Irã, expulsar o governo da
capital iemenita Sanaa.
Uma coalizão militar liderada
pela Arábia Saudita interveio a favor dos antigos governantes, acusados de
corrupção pelos militantes de oposição. A crise humanitária decorrente
dos combates é tida como o mais grave do mundo. Em virtude dos combates, cerca
de dois milhões de civis migraram para centenas de alojamentos improvisados no
meio do deserto. Desde janeiro, quando Washington incluiu os rebeldes em sua lista de grupos
terroristas internacionais, o grupo intensificou os
ataques com mísseis e drones contra a Arábia Saudita. Os
houthis rejeitam a proposta saudita de cessar-fogo e exigem a abertura do
espaço aéreo e dos portos do Iêmen. Há relatos de que os houthis recrutam menores –
em especial crianças – para a linha de frente das batalhas e para esgotar as
munições das forças adversárias.( Fonte A Referencia Noticias Internacional)