CONTRA COVID 19 "COVID MATA"

CONTRA COVID 19 "COVID MATA"

segunda-feira, 11 de janeiro de 2021

NOTICIAS GERAL-RELAÇÕES RACIAIS

 

“Mundo precisa aprender lições sobre relações raciais”, diz historiadora

A historiadora brasileira, Ana Lúcia Araújo, aborda o poder da educação na desconstrução do racismo.

ONU News: Esta memória não deixa de parte o Brasil e também os países da África lusófona. Como esta obra faz refletir estas realidades? Ana Lúcia Araújo (ALA): No Brasil, e no caso o Brasil-Portugal, o comércio de escravos luso-brasileiro foi o que teve o maior volume na história do comércio atlântico de escravizados. O Brasil, sozinho, importou praticamente 5 milhões de africanos escravizados. E essa foi uma história que, no caso do Brasil, durante muitos anos ficou velada.   No caso de Portugal também. Vemos só agora, em Portugal, toda essa questão emergindo sobre a participação no comércio de escravizados. E em seguida com a presença portuguesa também em termos da colonização da África e a questão do racismo. Então, Portugal agora, eu diria principalmente nesta última década, está começando a discutir essa questão. Tem um memorial que está programado para ser inaugurado em Lisboa no próximo ano. O Brasil começou essa discussão um pouco antes. Mas durante muito tempo existia no Brasil essa ideia que o país era livre dessa questão do racismo. Que era o país onde predominava a ficção da democracia racial. Mas todos esses mitos aí têm sido desmantelados. No caso do Brasil, não só o ensino da história da África, como sabe a história afro-brasileira, e o ensino da história da escravidão têm sido agora desenvolvidos, eu diria nas últimas duas décadas principalmente. E também vários projetos para museus, exposições ou monumentos. Então, faz parte dessa questão de ver como é que os grupos organizados, que se identificam como descendentes de escravizados, e outros grupos que se identificam como sendo brancos, encaram esse passado. Em meu livro, tem alguma coisa sobre o Brasil, mas também examino o caso da África Ocidental, principalmente na República do Benim. Lá, por exemplo, existia um grande traficante de escravos de origem brasileira que se chama Francisco Félix de Souza. Ele trabalhou no Forte Português do Porto de Ajudar no país que é atualmente a República do Benin.Ele tem descendentes em outros países, mas a maneira como eles se relacionam com esse passado escravagista é claro que é diferente da maneira como os descendentes daqueles que foram escravizados se relacionam com esse passado.  Tento colocar como esses diferentes grupos veem esse passado e se organizam para lembrar esse passado através de memoriais, através da criação de monumentos e também as divisões internas que a gente vê em certos países, principalmente, no caso aqui dos Estados Unidos, mas também na França e na Inglaterra, em relação a essa questão dos monumentos. Principalmente monumentos que homenagearam esses escravistas e que agora estão sendo derrubados a partir desse movimento que nós temos visto principalmente nos últimos meses. ONU News: E como este estudo interpreta esta reflexão que resulta nesses atos? ALA: Vale a pena lembrar que cada país e cada nação teve um papel específico nesse comércio atlântico de escravizados e mantém hoje uma relação específica  com as suas populações afrodescendentes. Claro que existem elementos em comum entre a questão do racismo na França, no Brasil, em Portugal, nos Estados Unidos ou na própria Inglaterra. Mas o que esse movimento nos mostrou, nos últimos meses, é que todas essas sociedades, quando se trata do espaço público, mantiveram imagens que reforçam essa ideia do passado escravista, do passado colonial e, inclusive, da questão da supremacia branca. Então, esses monumentos foram criados a partir principalmente do século 19. No caso dos Estados Unidos, a maioria foi criada entre o final do século 19 e começo do século 20. São monumentos que, em vez de contar a história das atrocidades que foram cometidas contra uma grande parte da população, comemorava aqueles que cometiam esses crimes. É uma questão que ficou lá presente no espaço público sem nunca ser questionada a fundo. Ultimamente, por causa do acirramento desses conflitos raciais, a população negra está sendo mais vitimizada pela questão da Covid-19, pela questão da pobreza – na última crise de 2008, aqui nos Estados Unidos, foi também a população negra a mais afetada. Tudo isso leva a questionar o primeiro alvo que está mais visível no espaço público que são esses monumentos.( Fonte R 7 Noticias Internacionais)

Um reflexo perturbador da realidade brasileira.

  Os dados do Instituto Locomotiva mostram que 70% dos negros no Brasil enfrentam preconceito, refletindo o racismo estrutural persistente n...