Sem recursos, conselhos regionais
de Camarões atrasam solução a crise separatista.
Paul Biya prometeu enviar 20% do
orçamento aos conselhos para recuar os separatistas, mas ainda não o fez.
A
falta de recursos aos conselhos regionais de Camarões, na África
Central, está atrasando a solução ao conflito separatista do país. Conforme a
emissora VOA (Voice
of Africa), as regiões ainda não têm acesso à autonomia prometida pelo governo
para recrutar funcionários a hospitais e escolas. O presidente Paul Biya prometeu
que enviaria 20% do orçamento nacional de US$ 9 bilhões para que os conselhos
contratassem novos médicos, enfermeiros e professores aos postos
abandonados em meio aos confrontos – o que ainda não aconteceu.
A barreira do
idioma separou o país de 25 milhões de habitantes. Por lá, a
violência divide falantes do
francês e do inglês em uma disputa que se intensificou há quatro anos – sem
qualquer resolução em vista. O vice-presidente do conselho da região sudoeste,
Atem Ebako, classificou os escritórios, que tinham como objetivo descentralizar
o poder da capital Yaounde, como “inúteis”. “Sem recursos, não servem a nenhum
propósito”, disse. Os conselhos são parte do status especial de Camarões desde
2019. Eles deveriam dar mais autonomia às províncias do país e, ao mesmo tempo,
enfraquecer o apoio aos grupos armados de
língua inglesa, que querem a separação da maioria francófona. Os líderes
regionais deveriam decidir sobre assuntos de desenvolvimento econômico, saúde,
educação e lazer. Com a ausência de fundos, porém, a unidade do país está
ameaçada, disse o pesquisador camaronês da Universidade de Bangui, na República
Centro-Africana, Jean Pierre Manga. “O governo central é conhecido por privar a
população da base de recursos”, afirmou. “A ameaça à unidade de Camarões
persistirá até que Biya pare de impedir que os civis participem do
desenvolvimento local. É hora de renunciar ao poder total”. Biya dirige
Camarões há 38 anos.
Já são sete mandatos, de sete anos cada. Reeleito em 2018, o presidente deve
encerrar o atual mandato em 2025, quando estará com 92 anos. Violência
crescente A violência saltou no ano passado e
tornou-se a maior registrada desde 2016, quando advogados de Bamenda protestaram
contra o abandono da maioria de língua inglesa nas regiões
ocidentais do país. Ao conquistar a independência em
1960, Camarões fundiu um antigo território de língua francesa e
outro de língua inglesa em um só. Até hoje, o país funciona com duas línguas
oficiais, assim como dois sistemas de ensino e dois sistemas jurídicos. A
minoria anglófona, no entanto, reclama da negligência e opressão do governo.
Biya, por sua vez, não visitou a região desde o início dos conflitos. Os conflitos
separatistas já mataram mais de 3 mil pessoas e forçaram o
deslocamento de 550 mil, conforme a ONU (Organização das Nações Unidas).( Fonte
A Referencia Noticias Internacional)