COP-26 reuniu quase 200 países em busca de ações efetivas para a redução das emissões de gases poluentes.
Deputados que participaram da Conferência da ONU
sobre Mudanças Climáticas, na Escócia, avaliaram a participação do Brasil e
apontaram o “dever de casa” do País a partir de agora. A COP-26 reuniu quase
200 países em busca de ações efetivas para a redução das emissões de gases
poluentes e do ritmo acelerado de aquecimento global.Houve acordos não
obrigatórios em torno de desmatamento zero e redução de 30% nas emissões de gás
metano até 2030, além de pactos por recuperação florestal. Por outro lado,
ainda persistem alguns entraves entre países ricos e em desenvolvimento quanto
aos mecanismos de financiamento dessas ações e quanto à efetiva redução do uso
de carvão e de combustíveis fósseis, que estão na lista dos principais
causadores do efeito estufa. O Brasil atualizou sua Contribuição Nacional
Determinada (NDC), ou seja, a meta voluntária de redução das emissões de gases
poluentes: a previsão de corte nas emissões passou de 43% para 50% até 2030. O
País também reafirmou a meta de neutralidade climática até 2050. Integrante da
Frente Parlamentar da Agropecuária, o deputado Zé Silva (Solidariedade-MG) foi
à Escócia e avalia melhora na imagem internacional do Brasil em relação ao meio
ambiente.“O mundo viu o Brasil nessa COP com melhores olhos, até porque, em
2019 [na COP-25, na Espanha], o governo brasileiro só dizia: ‘nós vamos
preservar se vocês nos pagarem’. Agora não: o Brasil reconheceu que temos
problemas a serem resolvidos e que o principal deles é o desmatamento. O País
não é protagonista, como já chegamos a ser, mas cumpriu o dever de casa
tecnicamente. E agora, além de ter as metas, precisa de estratégias e
recursos”, explicou. Também presente em Glasgow, o coordenador da Frente
Parlamentar em Apoio aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU,
deputado Nilto Tatto
(PT-SP), criticou o governo brasileiro por, segundo ele, levar para COP-26
um estande “privatizado” por corporações do agronegócio e da indústria. Tatto
disse que a imagem do Brasil também piora por causa da crescente devastação dos
biomas, sobretudo na Amazônia, onde o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
(Inpe) acaba de registrar recorde na série histórica de outubro, com uma área
de 877 km2 sob alerta de desmatamento. “Tem até placa, no
próprio estande do Brasil, da Confederação Nacional da Agricultura (CNA) e da
Confederação Nacional da Indústria (CNI). Houve tentativa de passar a imagem de
que se está fazendo tudo de acordo com aquilo que o Brasil assumiu em termos de
compromisso internacional. Mas o mundo não acredita, porque todos vêm
acompanhando o aumento de desmatamento, queimadas e invasões em terras
indígenas, territórios quilombolas e unidades de conservação. E aí, não adianta
tentar mostrar uma coisa em que a realidade não corresponde”, disse Nilto
Tatto. Durante a conferência climática, a liderança da Minoria na Câmara manteve
debates com parlamentares de oposição e representantes de movimentos sociais
presentes na Escócia. Propostas A COP-26 também serviu para
que os parlamentares apresentassem suas propostas para ajudar o País na
superação dos desafios climáticos. O deputado Zé Silva debateu seus projetos
sobre “selo verde”, para certificar produtos agrícolas originários de
propriedades que preservam o meio ambiente (PL
4734/20), e “patrimônio verde”, que dá valor econômico a áreas
ambientalmente preservadas (PL
7578/17).Coordenador da Frente Parlamentar Ambientalista, o deputado Rodrigo Agostinho (PSB-SP) debateu
sua proposta que inclui os compromissos com a segurança climática e o meio
ambiente ecologicamente equilibrado na Constituição Federal (PEC 37/21).“Se a
economia brasileira quer permanecer em pé, precisamos que a questão ambiental
seja levada a sério. E não é ser levado a sério para dizer que é proibido tudo
e não pode nada: a gente não pode cair nessa armadilha”, afirmou. Vice-presidente
da Câmara, o deputado Marcelo
Ramos (PL-AM) é autor da proposta de regulamentação do mercado de carbono
no Brasil (PL
528/21), um dos principais temas da COP-26. Em Glasgow, Ramos apresentou um
anteprojeto para a criação da futura Lei do Bioma Amazônico, a exemplo do que
já acontece hoje com a Lei
da Mata Atlântica.“Eu penso que essa lógica de proteção da Amazônia tem
necessariamente uma característica administrativa: nós precisamos recompor os
nossos órgãos de fiscalização ambiental. E ela tem essencialmente um componente
econômico: nós precisamos encontrar mecanismos de geração de riquezas a partir
da floresta em pé”, disse Ramos.A próxima Conferência da ONU sobre Mudanças
Climáticas, a COP-27, será em novembro de 2022, no Egito. (Fonte: Agência
Câmara de Notícias) Reportagem - José Carlos Oliveira Edição - Ana Chalub
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