Pequenos e grandes partidos trabalham nas articulações
que podem garantir desde a sobrevivência a mais espaço político.
Com a proximidade das eleições,
intensifica-se o debate em torno da consolidação de federações partidárias. O STF (Supremo
Tribunal Federal) ampliou o prazo para as formações até 31 de maio, dando novo
capítulo para negociações entre os partidos. Enquanto a fusão entre PT e PSB
não se consolidou e o MDB afasta a possibilidade de adotar a estratégia neste
ano, acordos entre o PSDB e o Cidadania estão firmados, assim como ocorre com o
Psol e a Rede. Por mais que a estratégia tenha sido criada para salvar da
extinção pequenos partidos, a federação partidária tem sido movimentação
adotada também por grandes legendas, que temem perder cadeiras no Congresso ou
desejam unir esforços em prol de uma bancada mais forte e decisiva. 'Terceira via' Em uma sinalização 'nem
Lula, nem Bolsonaro', partidos que se definem como uma terceira via para as
eleições presidenciais continuam as conversas para unir forças, ainda que a
federação não seja mais uma possibilidade para todas eles. A ideia inicial era
realizar uma grande fusão entre PSDB, MDB, Cidadania e a União Brasil — junção
do DEM com o PSL. O presidente nacional do MDB, Baleia Rossi, anunciou, no
entanto, que o partido não fará federação partidária com outras legendas.
"Contudo, manteremos as conversas com os partidos do centro democrático
para a construção de uma candidatura única à Presidência da República",
declarou, no início de março. A ideia é manter a defesa pelo nome da senadora
Simone Tebet (MS) como candidata à Presidência da República. "A partir de
abril, devemos nos reunir de novo para estudar critérios de escolha de um nome
único ao Planalto. O MDB defende e defenderá Simone Tebet", indicou Rossi.
Para ele, a senadora reúne as características para liderar o grupo. "É a
única mulher, tem menor rejeição e uma história de vida marcada pela
experiência e por sua coerência." O PSDB não sinaliza abrir mão da
candidatura de João Doria, atual governador de SP. Em fevereiro, durante
participação em evento promovido pelo BTG Pactual, o político afirmou ainda não
ser o momento de desistências. "Temos que manter até o esgotamento do
diálogo pelos líderes partidários."A definição será tratada ao longo de
abril, indicou o presidente do PSDB, Bruno Araújo. "Essa candidatura única
pretendemos ter anunciada no dia 1º de junho", completou, em evento de
filiação do senador Alessandro Vieira (SE). Antes cotado para concorrer a
presidente da República pelo Cidadania, Alessandro migrou de partido como mais
uma sinalização de afunilamento da terceira via e deverá concorrer ao governo
de Sergipe. As conversas de uma federação entre PSDB e a União Brasil não
avançaram, apesar dos partidos estarem alinhados na estratégia de lançar um
único candidato. A União ainda não tem um nome, mas indica que irá definir
candidatura própria. Federação, em si, o PSDB fechará apenas com o Cidadania. A
expectativa é que a junção seja formalizada esta semana, por meio de um manifesto
conjunto. Com o avançar das tratativas, o Podemos, que tem como pré-candidato a
presidente o ex-juiz e ex-ministro Sergio Moro, não deve se unir com o
Cidadania, uma possibilidade que chegou a ser aventada. Uma fusão com outro
partido também é possibilidade distante. Legenda que também dialogava com o
Cidadania, além do PSB e Avante, o PDT não deve consolidar federação para 2022.
É o que afirmou o pré-candidato do PDT à presidência, Ciro Gomes. "Não
devemos fazer nenhuma federação, embora estejamos abertos a dialogar com
partidos irmãos do campo em que estamos atuando. O trabalhismo é a força mais
antiga em luta na vida brasileira", disse, no início de março, em
entrevista a jornalistas. Ciro pretende anunciar o vice de sua chapa em julho. Base governista Partidos mais alinhados à
base do governo, PP, PL e Republicanos chegaram a discutir composição de uma
federação de partidos, mas o diálogo não avançou. O PP é contrário a fusões.
Outra articulação incluía o PTB e Pros, mas ela sequer saiu do campo da
possibilidade. Ainda em fevereiro, o Republicanos oficializou que não fará
parte de uma federação partidária em 2022. "O tema foi debatido pela
bancada de deputados federais e pelos presidentes estaduais do partido em
reunião no final do ano passado, com a maioria apresentando manifestação
contrária à federação", comunicou. Esquerda
e centro-esquerda Psol e Rede trabalham em cima do estatuto para
formalizar a federação. As discussões ocorrem desde dezembro de 2021 e também
consideravam a inclusão do PCdoB, mas a legenda acabou ampliando as discussões
com o PT. Por isso, de acordo com a Secretaria Nacional de Organização do Psol,
Paula Coradi, o diálogo avançou apenas com a Rede. "Avançamos em relação
ao estatuto e ao programa da federação", disse ao R7. Também à
reportagem, o porta-voz nacional da Rede, Wesley Diógenes, detalhou que ainda
precisam ser afinadas as táticas eleitorais, com ajustes nos estados sobre
candidaturas majoritárias. "Boa parte das votações já são bem unidas, as
legendas caminham em uma direção bastante convergente." Atuando juntos, os
partidos esperam dobrar as cadeiras na Câmara dos Deputados em 2023,
conseguindo 20 vagas. A federação ainda discute a atuação quanto à
candidatura à Presidência da República. Apesar do alinhamento com a esquerda,
ainda não está definido se os partidos irão liberar apoio a Lula ou Ciro Gomes
ou se haverá candidato próprio. "Não há nenhum debate sobre
liberação. A federação terá uma única tática eleitoral: ou terá candidato
próprio ou apoiará um único candidato. O debate sobre a possibilidade que cada
um apoie o candidato que bem entender não está colocado no interior dos
partidos que discutem a nossa federação", afirmou, ao R7, o presidente
do Psol, Juliano Medeiros. Quanto ao PCdoB, as tratativas são claras para
uma federação junto ao PT. O PV também entraria nos acordos. O trabalho é para
que, com a união, haja um equilíbrio quanto aos destaques políticos, de forma
que o PT, por ser o maior partido, não abocanhe todo o espaço político. Os
aspectos de governança já estão bem avançados, mas a extensão de prazo para
confirmar a federação deu às legendas um respiro para definir indicações para
as disputas dos governos nos estados, além da fusão dos diretórios nacionais em
uma única assembleia. "As convergências existentes entre os partidos de
esquerda, progressistas e democráticos devem resultar na constituição de uma
federação partidária em que nós, o PCdoB e o PV façamos parte", afirmou o
PT, em uma resolução política do Diretório Nacional, divulgada na quinta-feira
(24). O manifesto petista ainda aponta uma coligação com o PSB, Psol e Rede e
diz esperar apoio da federação. "Ainda seguiremos dialogando com os outros
partidos de oposição ao governo Bolsonaro no sentido da ampliação do campo de
apoio à candidatura de Lula." O PSB, antes cotado para se juntar à
federação, saiu da jogada. Com divergências maiores com o PT, nem mesmo o maior
prazo para a decisão teve potencial de fazer as duas legendas se juntarem. A
alternativa que mantém os partidos juntos é a chapa entre Lula e
o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, que formalizou, esta
semana, a filiação ao PSB. Durante o evento, na quarta-feira (23),
Alckmin parabenizou o PSB por decidir apoiar Lula nas eleições de 2022.
"Nós temos que ter os olhos abertos para enxergar e ter a humildade de
entender que Lula é hoje aquele que melhor reflete o sentimento de esperança do
povo brasileiro", afirmou. Outras
costuras Apesar das federações partidárias, as possibilidades de
coligações continuam sendo sugeridas em todas as alas ideológicas. Enquanto as federações partidárias são parcerias com
natureza permanente, que perduram pelos quatro anos de mandato, as coligações
não garantem permanência no bloco e, por isso, têm natureza
eleitoral, são efêmeras e se extinguem após o pleito. Os partidos podem se
coligar no âmbito estadual para lançar candidatos nas eleições majoritárias:
para prefeito, governador, senador e presidente da República. Nas eleições
proporcionais (vereador, deputado estadual, deputado distrital e deputado
federal), não há essa possibilidade.Já as federações têm caráter nacional e
unem os partidos por afinidade programática. Uma ruptura no acordo antes do fim
dos quatro anos de mantado gera punições, tais como a proibição de utilização
dos recursos do Fundo Partidário pelo período remanescente.( Fonte R 7 Noticias
Brasil)