Tão antigos quanto a guerra, estes personagens em confrontos por todo mundo saíram da ilegalidade para se tornar empresas.
O termo mercenário pode ser usado em diferentes contextos, mas
sempre com uma conotação ruim. Segundo o dicionário, é aquela pessoa que age ou
trabalha somente por dinheiro ou pelas vantagens que lhe são oferecidas, um
interesseiro. Nas guerras, essa figura é tão antiga quanto os primeiros
conflitos entre povos, destaca Mamadou Alpha Diallo, professor de Relações
Internacionais da Unila (Universidade Federal da Integração Latino-Americana).
Segundo o docente, há relatos na história desses soldados contratados antes
mesmo dos exércitos formados por Estados. “Mercenários sempre existiram na
história”, conta Diallo ao R7. “A ideia de um exército
mobilizado pelo Estado permanentemente veio muito mais tarde. Inicialmente, os
Estados contratavam combatentes para fazer a guerra. Depois da guerra, você
desmobilizava”. Diallo destaca que é “muito difícil” haver um confronto no
século 21 sem a presença desses soldados, como no caso da guerra entre russos e ucranianos.
“Dentro da Ucrânia, principalmente, você pode ter a típica natureza do
mercenário. Porque mesmo pertencendo a empresas privadas, essas empresas não
mostram a bandeira”, ressalta Diallo, destacando que há relatos de ataques sem
que nenhum dos lados assuma a autoria. Há relatos de brasileiros e europeus que se alistaram para lutar ao
lado da Ucrânia, o que seria, na visão do professor da
Unila, um exemplo de mercenarismo.“Em princípio, todos os conflitos da atualidade
você tem participação alheia de mercenários. Seja para promover a venda de
armas, seja para manter o conflito vivo, seja para ajudar um lado ou outro”,
diz.É importante diferenciar mercenários de voluntários. Enquanto um é
contratado para lutar por um país, o outro escolhe um lado para defender e se
alista para ir à guerra.“Um soldado voluntário assume a bandeira de um país,
ele veste a camisa de um país. O soldado se enquadra em padrões legais e
normativas, mesmo sendo voluntário. Um mercenário é um lobo solto.”Diallo
explica que quem recebe dinheiro para defender uma bandeira costuma ser usado
em missões de sabotagem. Este tipo de ação pode interferir nos sistemas básicos
de uma cidade, como eletricidade, abastecimento de água ou aquecimento. Soldado
com CNPJ
Como é de
se esperar, ser mercenário é ilegal por todo o mundo. Entretanto, quando
mudamos o nome e chamamos estas figuras de agentes de segurança particular, o
poder da lei recai de maneira diferente sobre os ombros destes sujeitos.“Existem
várias empresas de segurança privada que são, de uma certa maneira, a
legalização desse ato mercenário. Então, quando você transita de um mercenário
para a segurança privada, uma assessoria de segurança, você está transformando
aquele mercenário em um ator legal dentro do sistema”, destaca Diallo.O
professor da Unila conta que os mercenários do século 20 passaram a abrir
empresas de segurança privada e continuam atuando da mesma maneira que antes,
mas desta vez como uma companhia legal. Desta forma, sendo contratados por
governos mundo afora para prestação de serviços.Uma das empresas de segurança
privadas mais conhecidas da história é a americana Blackwater,
rebatizada para Academia no início da última década. A fama da Blackwater
originou até um livro escrito pelo jornalista americano Jeremy Scahill para
contar a história do esquadrão paramilitar. Presença na Guerra Fria A segunda metade do século 20 ficou marcada
pelas demonstrações de poder entre Estados Unidos e União Soviética, que
tentavam provar ao resto do mundo qual era o país mais evoluído, tanto em
relação à tecnologia como na sociedade e na economia.Apesar de levar a guerra
no nome, a Guerra Fria nunca foi um conflito armado entre as duas
superpotências. Nunca houve a invasão da União Soviética por parte dos Estados
Unidos ou vice e versa. Entretanto, isto não significa que os dois países não
tenham realizado missões de espionagem e sabotagem a aliados de ambos os lados.
É neste contexto que entram as figuras dos mercenários, ganhando grande
importância em uma guerra de discursos.“Durante a Guerra Fria, muitos dos
golpes de Estado, tanto no continente africano quanto na América Central,
sempre houve a participação de mercenários. Na África era muito comum. E no
continente europeu, quando havia atentados, eram sempre atribuídos a mercenários”,
explica Diallo.De acordo com o professor, a responsabilização de mercenários
por atentados na Europa perdeu espaço com o crescimento do temor de ataques
terroristas. Grupos como a Al-Qaeda, ETA e IRA passaram a ter toda a atenção da
imprensa, com demonstrações de força em todo o hemisfério norte.( Fonte R 7
Noticias Internacional)
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