Mulher do presidente Volodmir Zelenski mostrou no Instagram sua visão da guerra e exaltou seu povo.
Olena Zelenska, primeira-dama da Ucrânia, publicou, nesta
terça-feira (8), em seu perfil no Instagram, uma carta aberta à imprensa do
mundo todo. Em seu texto — em inglês, alemão e ucraniano — ela chama Putin de
"agressor", fala dos horrores da guerra e pede a criação de uma zona
de exclusão aérea sobre seu país. A carta publicada pela mulher do presidente
Volodmir Zelensky é, segundo ela revela, uma resposta às dezenas de pedidos de
entrevistas que vem recebendo de veículos de imprensa de todo o mundo. Leia mais: saiba quem é Olena Zelenska, primeira-dama
ucraniana Olena, que continua em Kiev, capital da
Ucrânia, junto de seu marido, escreve longamente sobre a dor da guerra, fala da
bravura do povo ucraniano e também de toda a dificuldade e mortes que o
conflito com a Rússia vem causando em seu país. Ela também pediu que sejam
criados corredores humanitários para a saída de civis e que a imprensa mundial
continue divulgando o que acontece em solo ucraniano. "Recentemente, um
grande número de veículos de mídia de todo o mundo me procurou com pedidos de
entrevistas. Esta carta funciona como minha resposta a esses pedidos e como meu
testemunho sobre a Ucrânia. O que aconteceu há pouco mais de uma semana foi
algo impossível de acreditar. Nosso país era pacífico. Nossas cidades,
subúrbios e vilarejos eram cheios de vida. Em 24 de fevereiro, todos nós
acordamos com o anúncio de uma invasão da Rússia. Tanques cruzaram a fronteira
da Ucrânia, aviões entraram em nosso espaço aéreo, lança-mísseis cercaram
nossas cidades. Apesar de os meios de comunicação de propaganda russos chamarem
isto de 'operação especial', na verdade é o assassinato em massa de civis
ucranianos. Talvez o mais terrível e devastador desta invasão seja a morte de
crianças. Alice, de 8 anos, morreu nas ruas de Okhtyrka enquanto seu pai tentava
protegê-la. Ou Polina, de Kiev, que morreu num bombardeio junto com seus pais.
Arseniy, de 14 anos, foi atingido na cabeça por destroços e não pôde ser salvo
porque uma ambulância não chegou até ele a tempo devido à intensa troca de
tiros. Quando a Rússia diz que 'não está travando guerra contra civis', eu
mostro o nome dessas crianças mortas. Nossas mulheres e crianças agora vivem em
abrigos antibomba e em porões. Vocês provavelmente têm visto as imagens das
estações de metrô de Kiev e Kharkiv, onde pessoas deitam no chão com suas
crianças e bichos de estimação — todos presos lá embaixo. Essas são apenas
consequências de guerra para alguns; para os ucranianos trata-se de uma
realidade terrível. Em algumas cidades, famílias não puderam sair dos abrigos
antibomba durante vários dias seguidos por causa do bombardeio indiscriminado e
deliberado de estruturas civis. O primeiro recém-nascido da guerra viu o teto
de concreto do abrigo, seu primeiro respiro foi o ar acre do subsolo e ele foi
recebido por uma comunidade presa e aterrorizada. Neste momento há dezenas de
crianças que não conhecem a paz em sua vida. Esta guerra está sendo travada
contra a população civil e não apenas através de bombardeios. Algumas pessoas
precisam de cuidado intensivo e da continuidade de seus tratamentos que não
podem ser feitos agora. Como é que se aplica insulina num porão? Ou como se
trata de asma sob fogo cerrado? Sem mencionar as centenas de pessoas com câncer
cujos tratamentos com quimioterapia e radioterapia foram adiados
indefinidamente. Comunidades locais mostram desespero nas redes sociais. Muitas
pessoas, incluindo os mais velhos e os severamente doentes e com problemas de
locomoção, acabaram se separando de sua família, estão sem nenhum apoio. Guerra
contra essas pessoas é duplamente criminoso. Nossas estradas estão cheias de
refugiados. Olhe nos olhos dessas mulheres e crianças cansadas que carregam
consigo a dor e a mágoa de deixarem para trás as pessoas que amam e a vida que
tinham. Os homens que as levam para as fronteiras choram por terem de se
separar de sua família, mas retornam bravamente para lutar pela nossa
liberdade. Depois de tudo, apesar do horror, os ucranianos não desistem. O
agressor, Putin, acreditou que lançaria uma blitz na Ucrânia. Mas ele subestimou
nosso país, nosso povo e nosso patriotismo. Ucranianos, não importa a visão
política, a língua que falam, a crença, nem sua nacionalidade, permanecem
unidos. Enquanto os propagandistas do Kremlin anunciavam que os ucranianos lhes
dariam as boas-vindas com flores e aplausos, o que aconteceu é que acabaram
atingidos por coquetéis molotov. Agradeço aos cidadãos das cidades atacadas que
ajudaram quem estava em necessidade. Agradeço àqueles que continuam trabalhando
— farmácias, lojas, transporte público e serviços sociais — e mostrando que, na
Ucrânia, a vida vence. Reconheço aqueles que providenciaram ajuda humanitária
para nossos cidadãos e agradeço pelo seu apoio constante. Agradeço a nossos
vizinhos, que abriram suas fronteiras para abrigar nossas mulheres e crianças.
Obrigada por mantê-las a salvo quando os agressores nos tornaram incapazes de
fazê-lo. Para todas as pessoas ao redor do mundo que estão ao lado da Ucrânia:
nós vemos vocês! Estamos aqui vendo e apreciando seu apoio! A Ucrânia quer paz.
Mas a Ucrânia vai defender suas fronteiras. Defender sua identidade. Nunca
vamos ceder. Nas cidades em que os bombardeios continuam, onde as pessoas estão
sob escombros, impedidas de deixar os porões por dias, precisamos de corredores
de ajuda humanitária e evacuação de civis em segurança. Precisamos que aqueles
que têm poder fechem nossos céus. Fechem os céus e nós mesmos vamos lidar com a
guerra no chão. Eu apelo a você, querida mídia: continue mostrando o que
acontece aqui e continue mostrando a verdade. Na guerra de informação travada
pela Rússia, cada pequena evidência é crucial. E, com esta carta, eu testemunho
e digo ao mundo: a guerra na Ucrânia não é uma guerra 'em algum lugar por aí'.
É uma guerra na Europa, próxima das fronteiras da União Europeia. A Ucrânia
está segurando a força que pode entrar agressivamente nas suas cidades amanhã
sob o pretexto de salvar civis. Na semana passada, para mim e para os meus,
isso soaria como um exagero, mas é a realidade em que vivemos hoje. E não
sabemos por quanto tempo vai durar. Se não pararmos Putin, que ameaça iniciar
uma guerra nuclear, não haverá lugar seguro na Terra para nenhum de nós.Nós
vamos vencer. Por causa de nossa unidade. Unidade de amor pela Ucrânia. Glória
à Ucrânia!". Os ataques russos atingem várias cidades da Ucrânia, causando
grande destruição, inclusive em áreas civis, como casas, prédios, escolas,
hospitais etc. Com isso, muitos ucranianos tentam deixar o país e, com suas
crianças, buscam chegar a países vizinhos como Polônia, Hungria, Romênia,
Moldávia e Eslováquia. A movimentação de refugiados é grande e as
crianças, muitas ainda bem pequenas, estão entre a parcela populacional que
mais sofre. Junto de seus pais ou parentes, elas têm de deixar suas casas,
escolas e amigos em busca de segurança. Nesta foto, uma criança aguarda, neste
domingo (6), após cruzar a fronteira da Ucrânia com a Polônia, na cidade de
Medyka. Este é um dos destinos mais procurados pelos ucranianos. Segundo a ONU
divulgou neste domingo, 1,5 milhão de pessoas já deixaram o país nestes onze
dias de guerra.( Fonte R 7 Noticias Internacional)