Em um debate tenso, Trump pressionou Biden de maneira enérgica em temas chave para o eleitorado americano, como imigração, guerras nas quais os EUA se envolveram nos últimos anos, a gestão da pandemia, e aborto.
(FOLHAPRESS) - Os candidatos à
Presidência dos Estados Unidos Joe Biden e Donald Trump se enfrentam nesta
quinta (27) no primeiro e provável único debate da campanha eleitoral deste
ano, um evento que pode ser decisivo em uma campanha acirrada. Em um debate
tenso, Trump pressionou Biden de maneira enérgica em temas chave para o
eleitorado americano, como imigração, guerras nas quais os EUA se envolveram
nos últimos anos, a gestão da pandemia, e aborto. O confronto começou com uma
pergunta direcionada a Biden sobre inflação, que o presidente respondeu dizendo
que os dados econômicos melhoraram sob sua gestão, mas completou admitindo que
"há mais que pode ser feito". Nas suas primeiras falas, Trump
defendeu sua gestão da pandemia e frisou que, sob seu comando, o país "não
estava em guerra", uma referência aos conflitos na Ucrânia e entre Israel
e o Hamas na Faixa de Gaza. Sobre aborto, Donald Trump defendeu que os estados
tenham autonomia para decidir a regulamentação do aborto, e disse que defende
exceções para estupro, incesto e risco de vida da mãe. O tema é espinhoso, dado
que conservadores defendem uma proibição nacional. A resposta do empresário
desmonta uma das principais acusações de democratas, de que se eleito, o
republicano revogaria o direito ao procedimento em todo o país. Joe Biden
prometeu que, se reeleito, vai restaurar o direito constitucional ao aborto. No
entanto, uma medida do tipo depende de aprovação do Congresso, não apenas da
Casa Branca. Durante o debate, o presidente Joe Biden concretizou um terror
democrata: se embananou para dar uma resposta, parecendo não conseguir lembrar
que palavra queria usar. A falha reforça a visão do eleitorado de que ele está
velho demais para ser presidente, e Trump aproveitou a deixa, dizendo que
"nem ele sabe o que ele quis dizer agora pouco". Donald Trump repetiu
acusações contra imigrantes, de que pessoas que entraram ilegalmente no país
estariam estuprando e matando mulheres. Casos de crimes cujos suspeitos são de
origem imigrante estão sendo explorados por republicanos, mas não há evidências
de que a criminalidade teria aumentado em razão do crescimento de fluxo de
imigrantes. Biden disse que resolveria o problema com mais investimento em
policiais de fronteira Na falta de checadores, coube ao presidente rebater as
afirmações infundadas de Donald Trump sobre um aumento da criminalidade
associado a imigrantes. O democrata aproveitou sua réplica para acusar Trump de
chamar veteranos de guerra americanos de "perdedores". "Você é o
perdedor", disse Biden. Trump, por sua vez, negou veementemente ter feito
essa declaração. Quando o debate se voltou para política externa, Trump afirmou
que Joe Biden encorajou a invasão do país pela Rússia após o fracassado da
retirada de tropas americanas do Afeganistão durante o governo democrata e
disse que nem a invasão de Vladimir Putin Trump chamou também o presidente
ucraniano Volodimir Zelenski de "o maior negociante da história",,
porque "sempre que ele vem aqui [aos EUA] ele sai com US$ 16
bilhões". Trump disse ainda que Israel nunca teria sido invadido por Hamas
se fosse presidente. "Não havia nenhum terrorismo sob meu governo." Quando
perguntado diretamente sobre a crise na Faixa de Gaza, Biden frisou que seu
plano de paz é apoiado por grande parte da comunidade internacional. "Nós
salvamos Israel", disse o presidente, mas, diante da pressão que sofre de
sua própria base, disse que é preciso ter cuidado com os armamentos e seu
potencial impacto sobre civis, mencionado que impediu a entrega de um
carregamento de bombas por receio de que seriam usadas cidades densamente
povoadas como Rafah. Ao retrucar as falas de Donald Trump sobre política
externa, entretanto, Joe Biden confundiu diversas vezes os nomes do republicano
e do líder russo, Vladimir Putin. A falha se somou a outros momentos de
confusão do presidente. Em seguida, o debate se voltou para a invasão do
Capitólio em Washington em 6 de janeiro de 2021. Questionado sobre o ataque,
Trump deu uma resposta claramente ensaiada, falando que na data "tínhamos
uma fronteira excelente, os menores impostos, éramos respeitados no
mundo". Pressionado pelo moderador Jake Tapper, Trump disse que não
incentivou a invasão, que havia afirmado a seus apoiadores agirem
pacificamente, e culpou a ex-presidente da Câmara, a democrata Nancy Pelosi, e
a prefeitura democrata de Washington. O debate foi organizado pela emissora
americana CNN e acontece na universidade Georgia Tech em Atlanta, capital da
Geórgia, onde Trump venceu Hillary Clinton em 2016 e perdeu para Biden em 2020
-e onde responde a um processo criminal por tentar reverter o resultado da
eleição no estado. Hoje, de acordo com pesquisas eleitorais, o ex-presidente
lidera no estado e supera Biden por quatro pontos percentuais. Pelas regras do
debate, o confronto aconteceu sem plateia no estúdio, e os microfones só
estavam ligados quando era a vez de cada candidato falar. O encontro tem
potencial para mudar uma corrida acirrada, mas que no momento favorece Trump,
que lidera em outros cinco estados-chave: Nevada, Arizona, Michigan,
Pensilvânia e Carolina do Norte. Em um sexto, Wisconsin, o republicano e o
democrata estão empatados. Nos bastidores do pavilhão McCamish, ginásio da
universidade que concentra a imprensa para a cobertura do debate, uma série de
nomes importantes dos partidos Republicano e Democrata conversaram com repórteres
antes do início do confronto. O governador da Califórnia, o democrata Gavin
Newsom, se mostrou surpreso com a declaração do presidente Lula (PT) nesta
quinta de que está torcendo por Joe Biden, e disse à Folha que o brasileiro
"deveria mesmo estar [torcendo para Biden]", porque o atual
presidente defende a democracia, liberdades e a ordem mundial. Já o deputado
republicano Byron Donalds, um dos nomes cotados para ser vice-presidente na
chapa de Donald Trump, afirmou que não se importa com o que líderes
estrangeiros pensam. "Eu ligo para o que o povo americano pensa. [Líderes
estrangeiros] podem pensar o que quiserem, eles não votam aqui", respondeu
à Folha. Para especialistas, um desempenho ruim de Biden no debate poderia
estimular novamente conversas sobre a escolha de um outro candidato pelo
partido na convenção democrata, que acontece em agosto -só então o presidente
será oficializado como o nome escolhido pelo partido para disputar a Casa
Branca. Essa é a opinião de Aaron Kall, especialista em debates da Universidade
de Michigan. "Biden tem muito a ganhar no debate, mas definitivamente tem
um risco maior, dado que está atrás nas pesquisas", afirma. Leia Também: Em
aceno eleitoral, Biden protegerá de deportação cônjuges de americanos sem
documentos ( Fonte Mundo ao Minuto Noticias)
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