Especialista ressalta que a condição deve ser vista como crônica e
multifatorial, não apenas um fruto de maus hábitos.
Obesidade é o excesso de gordura
corporal em quantidade que cause prejuízos à saúde. De acordo com a OMS
(Organização Mundial de Saúde), a pessoa é considerada obesa quando seu IMC
(Índice de Massa Corporal) é igual ou superior a 30 quilos por metro quadrado
(kg/m²). A faixa de peso normal varia entre 18,5 kg/m² e 24,9 kg/m².O Atlas
Mundial da Obesidade 2022, publicado pela Federação Mundial de Obesidade, prevê
que, em 2030, cerca de 30% dos brasileiros adultos e 15,7% das crianças e
adolescentes deverão apresentar algum grau da doença. No mundo, o Atlas estima
que 1 bilhão de pessoas estarão obesas naquele ano. Para marcar o Dia Mundial
da Obesidade, comemorado neste sábado (4), a campanha da SBEM (Sociedade
Brasileira de Endocrinologia e Metabologia) tem como tema "Uma nova forma
de olhar". "O objetivo é chamar atenção como uma doença crônica,
multifatorial, recidivante, que tem aspectos múltiplos na sua gênese e não
apenas como uma visão antiga de fruto de maus hábitos", disse o presidente
da entidade, Paulo Miranda. A campanha destaca a importância do olhar empático
e da percepção que se deve ter da pessoa que vive com obesidade, as
dificuldades que enfrenta, os aspectos orgânicos que envolvem o ganho e a perda
de peso, além das múltiplas comorbidades. O objetivo da SBEM é alertar a
sociedade para esses múltiplos aspectos e a necessidade de "perceber a
obesidade de forma diferente, com olhar novo e mais empático, entendendo as
histórias das pessoas que vivem com a doença", disse o especialista. Miranda
confirmou que tanto no Brasil quanto no mundo há um número crescente de pessoas
com sobrepeso e obesidade. No Brasil, segundo ele, as pessoas com sobrepeso
ultrapassam metade da população adulta e atingem número cada vez maior de crianças.
"A obesidade e o sobrepeso na infância chamam atenção e preocupam mais
ainda. Quanto mais tempo de vida e mais precoce o aparecimento, maior o risco
do acúmulo de comorbidades, maior a exposição do tempo de vida a esses
problemas, levando a complicações múltiplas, como o risco de diabetes, de
hipertensão, de doença cardiovascular com morte precoce, de alguns tipos de
câncer. Ou seja, tudo isso além do impacto sobre a qualidade de vida e outras
doenças que também pioram quando acometem pessoas com obesidade." O
presidente lembrou que é muito importante ter a visão de que a obesidade é
doença crônica, com aspectos multifatoriais, cuja incidência vem aumentando no
mundo inteiro e que, aparentemente, pelos números que se observam, ainda
continuará crescendo na próxima década. Dados do Ministério da Saúde mostram
que a prevalência da obesidade entre crianças no Brasil está em torno de 15%.
Quanto mais tempo a pessoa vive com excesso de peso, maiores o impacto
metabólico e o risco de desenvolvimento de complicações associadas, incluindo
comorbidades musculoesqueléticas, lembra Miranda. PrevençãoNa avaliação de Miranda, a melhor
forma de prevenção da obesidade está no estímulo a hábitos de vida saudáveis.
Ele considera que esse fator passa por políticas públicas como incentivo ao
consumo de alimentos saudáveis, taxação de alimentos associados ao maior risco
de obesidade, como ocorre em alguns países. "A gente já sabe que o consumo
excessivo de alimentos industrializados, ultraprocessados, refrigerantes e bebidas
adoçadas também está relacionado ao maior risco de desenvolver obesidade."
Em contrapartida, deve ser incentivado o consumo de alimentos in natura, de
preparo caseiro, que têm, cientificamente comprovada, maior ação preventiva
contra a obesidade. O mesmo ocorre em relação ao incentivo à prática de
atividade física e à transformação de ambientes, para que a movimentação ativa
possa ser feita de maneira mais frequente e, inclusive, estimule nos espaços
públicos a realização dessas práticas. "Todas essas ações,
comprovadamente, vão nos ajudar a ter mais saúde e a conseguir prevenir a
doença." Genética "A gente sabe que há
meios de prevenir boa parte dos casos de obesidade e sobrepeso. Contudo, não
devemos ver as pessoas que desenvolvem sobrepeso ou obesidade como fruto
somente de maus hábitos, porque há outros aspectos importantes que envolvem o
risco individual para o desenvolvimento da doença. Entre eles está, por
exemplo, a predisposição genética", afirmou o médico endocrinologista. Miranda
destacou a importância de ter uma visão ampla sobre aquilo que é uma ação de
prevenção populacional e o olhar sobre o risco individual. "Isso faz com
que a gente veja melhor a complexidade do problema da obesidade, as
dificuldades enfrentadas pelas pessoas que têm a doença, seja no seu dia a dia
e com redução da qualidade de vida, seja ao buscar atendimento e tratamento em
busca de reverter a situação." Segundo o especialista, uma das limitações
enfrentadas pelas pessoas obesas é a não disponibilização de uma medicação para
o tratamento farmacológico pelo SUS (Sistema Único de Saúde). Alimentação A endocrinologista Lorena Lima
Amato, membro da SBEM, confirmou que a obesidade pode trazer complicações para
o desenvolvimento dos ossos, articulações e músculos das crianças que estão em
constante crescimento. Ela sugeriu o incentivo a atividades com gasto de
energia, como andar de skate, de bicicleta e brincar de pega-pega, que ajudam
no combate ao sedentarismo. Sobre a alimentação infantil, recomendou que pais e
responsáveis evitem salgadinhos e excesso de doces. Lembrou a necessidade de
oferecer frutas, folhas verdes e legumes às crianças. Para Lorena, essa troca
nem sempre é bem-vista pela criança, mas, aos poucos, faz toda a diferença na
qualidade de vida. Para a especialista, a criança precisa de rotina, inclusive
na hora de comer. Horários estabelecidos para as refeições ajudam a diminuir o
risco de escapar do recomendável e comer alimentos como salgadinhos.Deve-se
evitar também o consumo excessivo de frituras e alimentos industrializados. Em
relação à água, lembrou que ela pode inibir a vontade de comer e, por isso, a
criança não deve beber água pelo menos 30 minutos antes das refeições. Além
disso, Lorena afirmou que deixar frutas à disposição e ao alcance da criança
constitui ótima solução para incentivar a alimentação saudável. ( Fonte R 7
Noticias Brasil)
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