Jornalista Susana Naspolini, que faleceu ontem (25),
lutou contra quatro tumores desde os 18 anos.
O caso da jornalista Susana Naspolini, que morreu na
terça-feira (25), aos 49 anos, levanta o
questionamento sobre por que algumas pessoas podem ter vários tipos de câncer
ao longo da vida. Especialistas citam a predisposição genética e a
probabilidade maior de metástase — quando o tumor se espalha para outros órgãos
— em algumas formas da doença.Aos 18 anos, a jornalista descobriu um linfoma de
Hodgkin. Quase duas décadas depois, foi diagnosticada com um tumor maligno nas
mamas e outro na tireoide. Recentemente, descobriu um câncer na bacia, que
havia se espalhado para a medula óssea e outros órgãos. Foram ao menos seis
tratamentos contra a doença desde o diagnóstico inicial, ainda na juventude. Conforme
Fernando de Moura, oncologista da BP — A Beneficência Portuguesa de São Paulo,
pacientes que trataram no passado um linfoma de Hodgkin, seja apenas com
quimioterapia ou com quimioterapia mais radioterapia, têm um risco até quatro
vezes maior de ter um segundo câncer em comparação à população em geral."Tanto
o câncer de mama quanto o câncer de tireoide, por exemplo, são neoplasias que
vemos com maior incidência neste grupo de pacientes", afirma Moura. A
cirurgiã oncológica da Unidade Morumbi do Hospital Leforte, Marina Canal Budib,
acrescenta que "existem ainda casos de pacientes que têm predisposição
genética para alguns tipos de tumor. Podem ter mais de um tipo de tumor, e há
tumores que são metastáticos, quando o mesmo tipo pode se espalhar para outros
locais." Qual a incidência
de um linfoma de Hodgkin? Ele pode se espalhar, mesmo décadas depois?
O linfoma de Hodgkin corresponde a uma parcela de 10% de todos os linfomas (os
outros 90% são o que chamamos de linfoma não Hodgkin) e a apenas 0,5% de todas
as neoplasias malignas. Os linfomas são comumente diagnosticados em pacientes
jovens."É uma doença altamente curável e com pico de incidência em adultos
jovens, entre 20 e 35 anos de idade. No entanto, aqueles indivíduos que
trataram no passado um linfoma de Hodgkin, seja apenas com quimioterapia ou com
quimioterapia mais radioterapia, têm um risco até quatro vezes maior de ter um
segundo câncer em comparação à população geral", afirma Fernando de Moura,
oncologista da BP — A Beneficência Portuguesa de São Paulo e colaborador do
Comitê Científico do Instituto Vencer o Câncer.Recentemente, a jornalista
Susana Naspolini foi diagnosticada com um câncer na bacia, que havia se
espalhado para a medula óssea e outros órgãos. Já era o sexto tratamento contra
a doença.Conforme Moura, neste caso, trata-se de um câncer de mama avançado, e
a referida lesão na bacia é o que se chama de metástase. "Um estudo
populacional brasileiro recente nos mostrou que cerca de 6% dos casos de câncer
de mama no Brasil são diagnosticados já com metástases. No entanto, mesmo
aqueles casos diagnosticados em estágios mais iniciais têm esse risco de
recorrência anos após o tratamento inicial, com uma recidiva que pode ocorrer
em outros órgãos, como ossos, pulmão, fígado e cérebro", acrescenta. O
tratamento, que muitas vezes inclui quimioterapia, radioterapia e medicamentos
orais, têm por objetivo reduzir o risco de recidiva. Além disso, sabe-se que,
quanto mais precoce é realizado o diagnóstico, menor é esse risco. Qual é o tratamento?A definição do tratamento
ideal para cada paciente vai sempre depender do estágio em que a doença é
diagnosticada e do tipo específico do tumor. Nos casos de doença avançada ou
metastática, a quimioterapia é muitas vezes uma arma importante para o controle
da doença. O tratamento do câncer de mama inicial, por exemplo, envolve sempre
a cirurgia. Em alguns casos, são necessários tratamentos complementares, que
podem envolver quimioterapia, radioterapia e medicamentos orais, que chamamos
de hormonioterapia. Como manter a qualidade
de vida do paciente nesses casos? O tratamento de qualquer
câncer sempre tem como primeiro objetivo aumentar a chance de cura."No
entanto, naqueles casos em que a cura não é mais possível, nossa principal meta
é aumentar a expectativa de vida sempre visando à qualidade de vida. O controle
dos sintomas, através do tratamento oncológico proposto, é essencial nesse
sentido", observa o oncologista da BP — A Beneficência Portuguesa de São
Paulo. A cirurgiã oncológica da Unidade Morumbi do Hospital Leforte, Marina
Canal Budib, afirma que "uma maneira de a gente ter qualidade de vida é,
se possível, praticar atividade física, que ajuda muito na recuperação
cardiopulmonar e na recuperação do sistema imunológico, assim como na melhora
da fadiga e reabilitação dos pacientes."A alimentação saudável também
desempenha papel importante na qualidade de vida do paciente.Quais são as possíveis razões para que o câncer
apareça várias vezes e de diversas formas em alguns momentos da vida da pessoa?
No caso da jornalista, podemos falar que se trata de metástase?
Sim. "Conforme os relatos da jornalista que foram divulgados ao longo do
seu tratamento, podemos dizer que ela enfrentava uma doença já com metástases,
nos ossos e no fígado", diz Moura.Ainda segundo o especialista, quando se
fala especificamente do câncer de mama, por exemplo, os órgãos mais comumente
acometidos por metástases são os gânglios linfáticos, os pulmões, o fígado, os
ossos e o cérebro.Quando o câncer retorna algum tempo após o tratamento
inicial, isso acontece porque alguma célula tumoral conseguiu atingir o sistema
linfático e/ou a corrente sanguínea.A quimioterapia tem por objetivo combater
essas células que eventualmente já podem estar ali circulando desde o
diagnóstico inicial."No entanto, diversos fatores, muitos deles ainda
desconhecidos por nós, contribuem para que algumas dessas células resistam ao
tratamento, continuem vivas e, anos depois, sejam capazes de se multiplicar de
forma descontrolada, originando as metástases", explica o colaborador do
Comitê Científico do Instituto Vencer o Câncer.Existem ainda casos de pacientes
que têm predisposição genética para alguns tipos de tumor."Podendo ter
mais de um tipo de tumor, e há tumores que são metastáticos, quando o mesmo tipo
pode ir para outros locais. Por exemplo, um câncer de mama que pode ir para o
pulmão, para o osso, para a pleura (espécie de revestimento dos pulmões) ou
para o sistema nervoso central, porque é um comportamento sistêmico",
afirma a cirurgiã oncológica da Unidade Morumbi do Hospital Leforte.E
acrescenta: "Ou seja, cai tanto nos vasos linfáticos, dando metástases nos
gânglios, quanto na corrente sanguínea, dando metástases nos órgãos citados
anteriormente".O sistema
imunológico fica enfraquecido após o primeiro adoecimento ou início do
tratamento?Segundo o oncologista do Instituto Vencer o Câncer,
em certos casos, sabe-se que algumas falhas no sistema imunológico podem, sim,
ser responsáveis por essa capacidade de o tumor resistir ao longo do tempo. Marina
Budib acrescenta que o sistema imunológico pode ficar mais vulnerável,
principalmente após a quimioterapia. "No entanto, depois que o paciente
termina a quimioterapia, se restabelece e tem boa alimentação, ele volta a ser
o que era antes", ressalta ela.( Fonte R 7 Noticias Brasil)
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