Médicos do plano de saúde disseram que cirurgia não
valeria a pena, mas mãe de Brenno Marty conseguiu procedimento pelo SUS.
Brenno Marty, de 20 anos, foi diagnosticado
com epilepsia aos 16 anos. O jovem viveu a adolescência, tida por muitos como a
fase de descobertas e criação de novas habilidades, confinado em inseguranças e
medos desencadeados por um dos principais sintomas da condição, as convulsões.Os
quadros eram provocados por um pequeno tumor localizado no cérebro de Brenno.
Porém, vale ressaltar que essa não é a causa de todos os casos de convulsão. “Existem
pessoas que têm epilepsia, mas não têm nada no cérebro, não têm uma alteração
estrutural, mas existem pessoas que têm, às vezes, tumor, e ele acaba causando
convulsão, como se ele fosse um elemento que provoca uma irritação”, explica o
neurocirurgião e professor da escola de medicina da PUC-PR (Pontifícia
Universidade Católica do Paraná) Carlos Alberto Mattozo.E acrescenta: “O nosso
cérebro tem uma atividade elétrica que fica estável e, às vezes, a presença de
um tumor pode causar como se fosse um terremoto — vai dar um distúrbio de
condução elétrica e causar a convulsão. Ele [Brenno] foi um paciente em quem
aconteceu isso”. Brenno sofria com os ataques de convulsão, na maioria das
vezes, à noite. Porém, ele e a mãe tinham receio de que o quadro acontecesse em
outros momentos do dia. "À noite, eu não sabia quando que eu tinha
[convulsão], só quando acordava que minha mãe me contava ‘olha Brenno, você
teve crise de convulsão hoje’. Eu ficava ‘que chato, né? Tive crise de novo’.
Mas, acordado, às vezes, eu tinha insegurança de ter crise, ficava envergonhado
de ter na frente de amigos, de familiares”, conta o jovem.A condição era uma
novidade para ele e para a família, já que as convulsões de Brenno se
diferenciavam do “senso comum”.“Eu nem sabia que era epilepsia, porque era um
tipo de convulsão que eu não conhecia, conhecemos mais aquela convulsão que a
pessoa cai, fica se batendo, né? E ele começou a ter convulsão enquanto dormia,
só que era uma que tremia o olho, babava algumas vezes, enrijecia o corpo”,
relata a mãe de Brenno, Alessandra Radulski.Após o diagnóstico, o jovem começou
o tratamento medicamentoso. Alessandra tinha ciência de que existia uma
cirurgia que poderia acabar com as convulsões, já que elas eram causadas pelo
tumor, mas os médicos do plano de saúde da família achavam que era um
procedimento muito arriscado.“Os médicos achavam que não tinha urgência em
tentar uma cirurgia pelo motivo do tumorzinho que ele tinha ficar localizado na
região da fala, da memória, que era arriscado”, diz Alessandra.A família optou
por seguir as recomendações dos profissionais. A mãe relembra emocionada as
dificuldades e a insegurança causadas pela condição, que faziam com que ela
hesitasse em deixar o filho sair de casa.“Eu bloqueei bastante ele, não deixava
ele sair, não deixava ele fazer nada. Então, foram quatro anos que eu segurei
ele em casa por segurança, porque quando ele tinha uma crise acordado não tinha
tempo de chamar alguém ou sentar no chão para não acontecer algum acidente.
Tsso me deixava bastante insegura e eu acabava passando isso para ele”, conta a
mãe, chorando. Foi durante uma das crises noturnas de Brenno, no início de
fevereiro deste ano, que Alessandra encontrou a notícia que mudou a vida da
família. O texto falava de uma cirurgia no cérebro realizada por Mattozo.“Parece
que veio como uma notícia assim ‘agora é a hora’, porque foi de madrugada, eu
estava só na internet, eu não estava nem procurando nada sobre a doença, e
apareceu essa notícia”, relembra, emocionada. No mesmo dia, a mãe marcou uma
consulta com o neurocirurgião.No encontro, descobriu que a cirurgia, antes não
recomendada, era possível — e o mais importante, pelo SUS (Sistema Único de
Saúde), pois a família não tinha condições financeiras de arcar com o
procedimento.Antes da cirurgia, Brenno passou por “alguns exames de
eletroencefalograma, que mostram a atividade elétrica cerebral", lembra o
médico. "Fizemos uma avaliação com uma neurologista especializada em
crises convulsivas”, completa.No dia 5 de agosto, a cirurgia bem-sucedida foi
realizada no Hospital Universitário Cajuru, de Curitiba.De acordo com a mãe, “a
recuperação dele foi muito rápida, muito boa. Ele já saiu do centro cirúrgico
conversando. Ele não teve dor, não teve absolutamente nada.” Hoje, o jovem de
20 anos mantém todos os cuidados pós-cirúrgicos necessários, mas já consegue,
por exemplo, sair sozinho. Ele agora busca recuperar as oportunidades perdidas.“A
minha meta principal é achar um emprego com mais facilidade, porque quando eu tinha
as crises era uma dificuldade para mim. Também sair com os amigos, que antes eu
tinha insegurança, procurar uma namorada, que também era insegurança. Fazer
várias coisas sozinho, sem depender de mãe, sem depender de ninguém, e curtir a
vida”, revela.Mesmo estando livre de sintomas, no início de novembro, Brenno
ainda realizará uma ressonância magnética para confirmar se não há mais sinais
do tumor e continuará tomando a medicação contra a epilepsia por cerca de um
ano, como forma de garantia. Se as convulsões não retornarem, o remédio poderá
ser retirado gradativamente.( Fonte R 7
Noticias Brasília) *Estagiária do R7, sob supervisão de Fernando Mellis
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