Funcionários dos Correios receberão R$ 2.500 em benefício de fim de ano.
A Empresa Brasileira de Correios e
Telégrafos (ECT) surpreendeu ao anunciar a volta do tradicional “vale peru”,
benefício de fim de ano para seus 84.700 funcionários, apesar do grave cenário
financeiro enfrentado pela estatal. Cada colaborador receberá R$ 2.500, em duas
parcelas, totalizando um custo de R$ 200 milhões. A decisão, comunicada no
último dia 10 de dezembro, contrasta com recentes declarações da própria
empresa sobre o risco de insolvência, após registrar prejuízo recorde de R$ 2
bilhões em 2024. O benefício havia sido suspenso em 2020, durante a gestão do
Floriano Peixoto Vieira Neto, mas sua retomada foi negociada no Acordo Coletivo
de Trabalho (ACT) de 2024. A primeira parcela, de R$ 1 mil, será paga na
sexta-feira, 13, e os R$ 1,5 mil restantes estão programados para o dia 8 de
janeiro de 2025. Além de um alívio aos trabalhadores, a medida é vista como um
esforço para fortalecer a relação da atual gestão, liderada por Fabiano Silva
dos Santos, com o sindicato da categoria. Contradições
no orçamento A
ECT vive uma crise financeira sem precedentes. Apenas nos primeiros nove meses
de 2024, acumulou um déficit de R$ 2 bilhões, o pior da história da instituição
para o período. Projeções indicam que o déficit anual pode ultrapassar os R$
2,1 bilhões registrados em 2015. Em resposta, medidas emergenciais, como a
imposição de um teto de gastos de R$ 21,96 bilhões e a suspensão de
contratações, foram implementadas para “evitar a insolvência”. No entanto, a
destinação de R$ 200 milhões para o benefício de fim de ano gerou questionamentos
sobre a consistência do ajuste fiscal adotado pela empresa. Histórico
do “vale peru” O
pagamento de um benefício natalino é uma tradição que remonta a décadas nos
Correios, sendo apelidado de “vale peru” em alusão ao prato típico da ceia
natalina. O valor pago em 2024, R$ 2.500, representa um acréscimo em relação ao
último benefício antes da suspensão, que era de R$ 1.000. Segundo o sindicato,
a negociação pelo retorno do vale buscava resgatar um direito retirado na
gestão passada, quando cortes foram realizados para conter gastos. Porém, o
anúncio deste ano ocorre em um contexto delicado: em outubro, circulou
internamente um ofício assinado pelos principais dirigentes financeiros dos
Correios, detalhando a necessidade de “medidas urgentes” para conter a
deterioração das contas. O documento destacava a previsão de um saldo em caixa
83% menor no fim do ano em comparação ao início de 2024. Desde que assumiu a
presidência da estatal no início de 2023, Fabiano dos Santos, advogado e aliado
político do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, enfrenta pressão para
apresentar soluções estruturais à crise. Sua proximidade com o grupo
Prerrogativas e com figuras centrais do Partido dos Trabalhadores, como o
deputado federal Zeca Dirceu, trouxe expectativas de modernização, mas as
decisões financeiras geraram controvérsias. Enquanto o retorno do “vale peru”
foi recebido com alívio por boa parte dos empregados, setores da opinião
pública enxergam o gesto como contraditório diante do esforço fiscal necessário
para manter os Correios operando. Não é a primeira vez que a estatal enfrenta
dificuldades financeiras graves. Embora a destinação do benefício esteja
assegurada no Acordo Coletivo, analistas defendem que a prioridade da ECT
deveria ser estabilizar as finanças antes de assumir novos custos. Em resposta,
a diretoria da estatal justifica que o acordo foi estabelecido dentro da
previsão orçamentária e que medidas adicionais estão sendo estudadas para
reduzir despesas operacionais em 2025. Leia também:
PF mira quadrilha especializada em furtar mercadorias dos Correios
em Goiás Agrodefesa e Correios firmam parceria para interceptar produtos
que possam trazer risco à produção agropecuária.(Fonte Jornal Opção
Noticias GO)
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