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sábado, 14 de dezembro de 2024

Amazônia tem maior número de queimadas em 17 anos.

 

Setembro de 2024 teve 41.463 focos de calor, superando média histórica de 32.245.

Dados recentes do Programa Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), revelam que, até o início de dezembro de 2024, a Amazônia registrou 137.538 focos de calor, número que representa o maior índice dos últimos 17 anos. Esse avanço expressivo, 43% superior ao de 2023, reflete uma intensificação das queimadas e incêndios florestais no Brasil, especialmente entre julho e novembro, período com índices acima da média histórica. Setores ambientalistas alertam que a situação ultrapassou qualquer precedente recente, demandando ações imediatas para evitar mais perdas. Apenas em setembro, foram identificados 41.463 focos na região amazônica, superando consideravelmente a média histórica do mês, que é de 32.245. Além dos números alarmantes, o impacto no cotidiano das comunidades locais é devastador. Francisco Wataru Sakaguchi, agricultor de Tomé-Açu, no nordeste do Pará, descreveu à Agência Brasil o cenário como o mais extremo que já presenciou. “Eu nunca tinha visto nada tão forte quanto agora”, afirmou ele, que precisou abandonar compromissos profissionais para salvar sua propriedade do avanço das chamas. Cenário crítico no Pará e seus impactos O Pará, estado predominantemente composto pelo bioma amazônico, lidera em número de focos de calor em 2024, com 54.561 registros. Entre os municípios mais atingidos estão São Félix do Xingu, Altamira e Novo Progresso, que somam, respectivamente, 7.353, 5.992 e 4.787 focos de incêndio. As consequências são visíveis: densa fumaça cobre o céu em diversas localidades, prejudicando a qualidade do ar e agravando problemas de saúde respiratória. Em Santarém, a concentração de poluentes chegou a ser 42,8 vezes superior ao limite anual recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). No mesmo período, entre setembro e novembro, os postos de saúde da região registraram 6.272 atendimentos relacionados a sintomas respiratórios. Devido à gravidade da situação, o município decretou estado de emergência ambiental. Vulnerabilidade da floresta frente ao fogo O impacto das queimadas na Amazônia é potencializado pelas características ecológicas da floresta. Por se tratar de uma vegetação ombrófila, extremamente úmida e densa, o bioma não desenvolveu mecanismos naturais de adaptação ao fogo, diferentemente do Cerrado. O especialista em incêndios florestais e coordenador do Firelab da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Alexandre Tetto, explicou à Agência Brasil que “o fogo na Amazônia é de impacto muito maior. Ela não tem adaptações de resistência ao fogo. A casca é mais fina, as folhas são mais membranosas. Diferentemente do Cerrado, que é uma vegetação dependente do fogo e evolui em dependência dele. A vegetação tem casca mais grossa, as gemas são protegidas”. Com 50,6% dos focos de calor registrados no país, a Amazônia concentra a maior parte das queimadas, seguida pelo Cerrado, com 29,6%, e por biomas como Mata Atlântica, Caatinga, Pantanal e Pampa. Apesar disso, os impactos sociais, econômicos e ambientais são mais severos na região amazônica, dada a fragilidade de sua biodiversidade. Ações de combate e desafios enfrentados A Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas) do Pará intensificou as operações de combate às queimadas, mobilizando 120 bombeiros em cinco frentes de atuação, além de incorporar viaturas, abafadores e dois helicópteros ao esforço logístico. Em parceria com o governo federal, monitoramentos em tempo real por satélite ajudam a identificar novos focos, garantindo maior agilidade nas respostas. Apesar das iniciativas, apenas 30% do território do Pará está sob jurisdição estadual, sendo os demais 70% responsabilidade federal. Por sua vez, o Ministério do Meio Ambiente destaca o reforço das ações desde o início de 2024, envolvendo 1.700 profissionais, 11 aeronaves e mais de 300 viaturas no combate a incêndios na Amazônia. Além disso, o governo federal lançou em julho a Política Nacional de Manejo Integrado do Fogo e instalou o Comitê Nacional de Manejo, com o objetivo de alinhar estratégias e fortalecer a preservação ambiental. Entre as medidas emergenciais mais recentes, o governo federal aprovou uma medida provisória que liberou R$ 514 milhões para combate aos incêndios na Amazônia, parte desse montante sendo destinada ao Pará. Outra medida busca simplificar o repasse de recursos para municípios em situação de emergência ambiental. Segundo a ministra do Meio Ambiente, as estratégias combinam combate ativo e prevenção a longo prazo, com a participação de estados, União e organizações não governamentais. Leia mais: Entenda por que vamos perder a Amazônia. E o que dizer do Cerrado? Cientistas pesquisam a causa de terremotos profundos na Amazônia(Fonte Jornal Opção Noticias GO)

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