Setembro de 2024 teve 41.463 focos de calor, superando média histórica de 32.245.
Dados
recentes do Programa Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
(Inpe), revelam que, até o início de dezembro de 2024, a Amazônia registrou
137.538 focos de calor, número que representa o maior índice dos últimos 17
anos. Esse avanço expressivo, 43% superior ao de 2023, reflete uma
intensificação das queimadas e incêndios florestais no Brasil, especialmente
entre julho e novembro, período com índices acima da média histórica. Setores
ambientalistas alertam que a situação ultrapassou qualquer precedente recente,
demandando ações imediatas para evitar mais perdas. Apenas em setembro, foram
identificados 41.463 focos na região amazônica, superando consideravelmente a
média histórica do mês, que é de 32.245. Além dos números alarmantes, o impacto
no cotidiano das comunidades locais é devastador. Francisco Wataru Sakaguchi,
agricultor de Tomé-Açu, no nordeste do Pará, descreveu à Agência Brasil o
cenário como o mais extremo que já presenciou. “Eu nunca tinha visto nada tão
forte quanto agora”, afirmou ele, que precisou abandonar compromissos
profissionais para salvar sua propriedade do avanço das chamas. Cenário
crítico no Pará e seus impactos O
Pará, estado predominantemente composto pelo bioma amazônico, lidera em número
de focos de calor em 2024, com 54.561 registros. Entre os municípios mais
atingidos estão São Félix do Xingu, Altamira e Novo Progresso, que somam,
respectivamente, 7.353, 5.992 e 4.787 focos de incêndio. As consequências são
visíveis: densa fumaça cobre o céu em diversas localidades, prejudicando a
qualidade do ar e agravando problemas de saúde respiratória. Em Santarém, a
concentração de poluentes chegou a ser 42,8 vezes superior ao limite anual
recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). No mesmo período, entre
setembro e novembro, os postos de saúde da região registraram 6.272
atendimentos relacionados a sintomas respiratórios. Devido à gravidade da
situação, o município decretou estado de emergência ambiental. Vulnerabilidade
da floresta frente ao fogo O
impacto das queimadas na Amazônia é potencializado pelas características
ecológicas da floresta. Por se tratar de uma vegetação ombrófila, extremamente
úmida e densa, o bioma não desenvolveu mecanismos naturais de adaptação ao
fogo, diferentemente do Cerrado. O especialista em incêndios florestais e
coordenador do Firelab da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Alexandre
Tetto, explicou à Agência Brasil que “o fogo na Amazônia é de impacto muito
maior. Ela não tem adaptações de resistência ao fogo. A casca é mais fina, as
folhas são mais membranosas. Diferentemente do Cerrado, que é uma vegetação
dependente do fogo e evolui em dependência dele. A vegetação tem casca mais
grossa, as gemas são protegidas”. Com 50,6% dos focos de calor registrados no
país, a Amazônia concentra a maior parte das queimadas, seguida pelo Cerrado,
com 29,6%, e por biomas como Mata Atlântica, Caatinga, Pantanal e Pampa. Apesar
disso, os impactos sociais, econômicos e ambientais são mais severos na região
amazônica, dada a fragilidade de sua biodiversidade. Ações
de combate e desafios enfrentados A
Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas) do Pará intensificou as
operações de combate às queimadas, mobilizando 120 bombeiros em cinco frentes
de atuação, além de incorporar viaturas, abafadores e dois helicópteros ao
esforço logístico. Em parceria com o governo federal, monitoramentos em tempo
real por satélite ajudam a identificar novos focos, garantindo maior agilidade
nas respostas. Apesar das iniciativas, apenas 30% do território do Pará está
sob jurisdição estadual, sendo os demais 70% responsabilidade federal. Por sua
vez, o Ministério do Meio Ambiente destaca o reforço das ações desde o início
de 2024, envolvendo 1.700 profissionais, 11 aeronaves e mais de 300 viaturas no
combate a incêndios na Amazônia. Além disso, o governo federal lançou em julho
a Política Nacional de Manejo Integrado do Fogo e instalou o Comitê Nacional de
Manejo, com o objetivo de alinhar estratégias e fortalecer a preservação
ambiental. Entre as medidas emergenciais mais recentes, o governo federal
aprovou uma medida provisória que liberou R$ 514 milhões para combate aos
incêndios na Amazônia, parte desse montante sendo destinada ao Pará. Outra
medida busca simplificar o repasse de recursos para municípios em situação de
emergência ambiental. Segundo a ministra do Meio Ambiente, as estratégias
combinam combate ativo e prevenção a longo prazo, com a participação de
estados, União e organizações não governamentais. Leia
mais: Entenda por que vamos perder a Amazônia. E o que dizer do Cerrado?
Cientistas pesquisam a causa de terremotos profundos na Amazônia(Fonte
Jornal Opção Noticias GO)
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