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segunda-feira, 19 de agosto de 2024

Macaúba impulsiona a produção de biocombustível no Brasil

 

Atualmente, 14% do diesel utilizado no Brasil é composto por biodiesel, um mercado que consome cerca de 9 bilhões de litros por ano.

A crescente demanda global por energia renovável, essencial para combater as mudanças climáticas, está impulsionando a produção de óleo vegetal. Nesse contexto, a palmeira brasileira macaúba emerge como uma fonte estratégica de biocombustíveis, destacando-se por sua alta produtividade por hectare, conforme estudos do Instituto Agronômico (IAC-Apta), que há 18 anos se dedica à pesquisa sobre essa planta. Atualmente, 14% do diesel utilizado no Brasil é composto por biodiesel, um mercado que consome cerca de 9 bilhões de litros por ano. A expectativa é que esse número aumente significativamente, especialmente com o compromisso da aviação civil de utilizar 480 bilhões de litros de bioquerosene (SAF) até 2050, o que pode triplicar a demanda por óleo vegetal nos próximos 25 anos. Carlos Colombo, pesquisador do IAC, destaca que a macaúba vive um momento promissor. “Grandes grupos econômicos estão reconhecendo a importância estratégica da palmeira e se movendo para ampliar o cultivo e fortalecer a cadeia produtiva”, afirma. A alta produtividade da macaúba, que gera aproximadamente 2.500 litros de óleo vegetal por hectare, cinco vezes mais que a soja, reforça sua relevância na busca pela autossuficiência energética. Além de sua capacidade produtiva, a macaúba também contribui para a recuperação de áreas degradadas e a geração de renda local, segundo Guilherme Piai, secretário de Agricultura e Abastecimento de São Paulo. Embora o dendê seja mais produtivo por hectare, a macaúba se destaca por necessitar de menos água e ser cultivável em grande parte da região centro-sul do Brasil, próxima aos principais centros consumidores. Nativa do Brasil e utilizada há cerca de dez mil anos por populações originárias, a macaúba tem sido incentivada em sistemas integrados de cultivo, com práticas sustentáveis que promovem a conservação do solo e a diversificação da renda. Sua polpa, rica em fibra solúvel, e sua amêndoa, com alto teor de proteína, são aplicadas nas indústrias alimentícia e cosmética. O Instituto Fraunhofer, em parceria com o IAC e o Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital), ambos ligados à Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios, está desenvolvendo pesquisas sobre a aplicação dos coprodutos da macaúba como ingredientes para consumo humano, agregando valor ao cultivo e diversificando as fontes de renda. O interesse recente do setor energético pela macaúba acompanha o avanço do conhecimento científico. Um programa de melhoramento genético, conduzido pelo IAC e pela Acelen Renováveis, visa cultivar 200 mil hectares da palmeira para a produção de biodiesel na Bahia e no norte de Minas Gerais, com apoio da Fundag. Colombo ressalta que a entrada do setor privado no cultivo da macaúba se deu após a comprovação de sua rentabilidade, resultado de anos de pesquisa. “As atividades de pesquisa do Programa Macaúba do IAC começaram em 2006. Construir uma cadeia produtiva competitiva para uma espécie com baixo grau de domesticação, como a macaúba, exige investimentos significativos em pesquisa”, explica. Macaúba no Vale do Paraíba O Vale do Paraíba, em São Paulo, apresenta condições estratégicas para o cultivo da macaúba, especialmente em áreas com relevo acidentado, inadequadas para a agricultura mecanizada. Pesquisadores da Apta Regional de Pindamonhangaba estão estudando o uso da palmeira em sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), promovendo a recuperação ambiental e a diversificação da renda local. Atualmente, cerca de 20% dos 4 mil hectares plantados com macaúba no Brasil estão localizados no Vale do Paraíba, e essa área tende a crescer com a aprovação do projeto de lei “Combustíveis do Futuro”. Aprovado pela Câmara dos Deputados em março e aguardando a decisão do Senado Federal, o projeto prevê programas nacionais de biocombustíveis e um aumento na proporção de biodiesel no óleo diesel de origem fóssil, o que deve estimular ainda mais a produção de óleo vegetal, como a soja e a macaúba. A macaúba tem sido cada vez mais valorizados devido aos seus diversos benefícios. Aqui estão alguns dos principais: Óleo de alta qualidade: O óleo extraído da polpa da macaúba é rico em ácidos graxos monoinsaturados, como o ácido oleico, semelhante ao azeite de oliva. É utilizado na alimentação, cosméticos, e na produção de biodiesel. Propriedades antioxidantes: A macaúba contém compostos antioxidantes que ajudam a combater os radicais livres, contribuindo para a prevenção de doenças crônicas e o envelhecimento precoce. Rica em fibras: O fruto da macaúba é uma boa fonte de fibras, que ajudam na digestão, promovem a saciedade e podem auxiliar no controle do colesterol. Fonte de vitamina A e vitamina E: Essas vitaminas são essenciais para a saúde da pele, visão e sistema imunológico. Sustentabilidade: A macaúba é uma planta rústica, adaptada a diferentes tipos de solo e climas, e seu cultivo pode ajudar na recuperação de áreas degradadas, além de ser uma opção sustentável para a produção de óleo vegetal. Potencial econômico: O cultivo da macaúba pode gerar renda para pequenos agricultores, além de ser uma alternativa para a diversificação agrícola. Esses benefícios tornam a macaúba uma planta promissora tanto do ponto de vista nutricional quanto econômico e ambiental. Leia também: Câmara aprova mistura de até 25% de biodiesel no diesel Com aumento na mistura do biodiesel, demanda de soja aumenta para 50 milhões (Fonte Jornal Opção Notícias)

 

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