A longa lista de suspeitas que recaem sobre a conduta de Eurípides consta da decisão judicial que colocou a PF em seu encalço.
As suspeitas que os investigadores da
Operação Fundo no Poço levantaram sobre o presidente do Solidariedade Eurípedes
Gomes Macedo Júnior não se limitam a um desvio estimado em R$ 36 milhões do
Fundo Partidário com candidaturas laranja ou o uso do dinheiro da legenda para
passeios internacionais de seus familiares. Foragido da Justiça, ele é
investigado pela Polícia Federal também pelo eventual envolvimento no sumiço de
um helicóptero avaliado em R$ 3,5 milhões do PROS e, ainda, pelo 'desmonte' da
sede e do parque gráfico do partido. Os federais também o põem sob suspeita de
ligação com esquema de furto mediante fraude que teria resultado no
'esvaziamento de contas da agremiação' às vésperas de sua destituição da
presidência do PROS. O Estadão tem reiterado ao Solidariedade manifestação
sobre a investigação da PF que atribui a seu presidente extensa rotina de
delitos. O espaço está aberto para a legenda e Eurípides. A longa lista de
suspeitas que recaem sobre a conduta de Eurípides consta da decisão judicial que
colocou a PF em seu encalço - outros seis investigados foram presos na abertura
da Operação Fundo no Poço, nesta quarta-feira, 12. O cerco a Eurípides foi
autorizado pelo juiz Lizandro Garcia Gomes Filho, da 1.ª Zona Eleitoral de
Brasília. Ao decretar a prisão preventiva do dirigente partidário, o magistrado
destacou indícios que apontam para desvios de recursos dos Fundos Partidário e
Eleitoral, em benefício do próprio Eurípides e de familiares e aliados dele. A
PF o descreve como o chefe de uma organização criminosa 'estruturalmente
ordenada com o objetivo de desviar e se apropriar de recursos do Fundo
Partidário e Eleitoral'. Segundo relatório da Operação Fundo no Poço, ele 'gere
o partido político como um bem particular, auferindo enriquecimento ilícito
pessoal e familiar por meio do desvio e apropriação dos recursos públicos
destinados à atividade político-partidária'. Como mostrou o Estadão, entre as
suspeitas que colocam Eurípedes no ponto central de uma trama com dinheiro do
partido está o desvio de recursos do fundo partidário para o custeio de viagens
de sua família aos Emirados Árabes, França, República Dominicana, Estados
Unidos, México e Itália, inclusive com escalas prolongadas no Panamá, um
paraíso fiscal. Também é investigada a destinação de significativos montantes
do fundo eleitoral em proveito de candidaturas apontadas como 'laranjas', com
prejuízo estimado de R$ 36 milhões. A PF lista outros episódios ilícitos que
teriam participação do presidente do Solidariedade e tiveram peso importante no
decreto de sua prisão preventiva. O juiz Lizandro Garcia Gomes Filho, da 1.ª
Zona Eleitoral de Brasília, anotou que a prisão de Eurípedes é 'imprescindível
para garantir a ordem pública e econômica' considerando a gravidade das
condutas atribuídas a ele pela PF e o 'abalizado indício de materialidade e
autoria'. O juiz fez um alerta ao destacar em sua decisão a proximidade das
eleições municipais. Segundo ele, as atividades de Eurípides estão
'umbilicalmente entrelaçadas ao processo eleitoral, diante do impacto direto
que os crimes em apuração têm sobre o processo democrático e a estabilidade do
sistema político, frente à proximidade das eleições municipais de 2024'. "O
Partido Solidariedade irá gerir verba eleitoral milionária, com grave risco de
perduração dos atos criminosos, dada a percepção de que o acusado, familiares e
pessoas de seu relacionamento permanecem integrando importantes cargos no
Partido Solidariedade e na Fundação 1º de Maio, com forte suspeita de que
persistem em plena atividade criminosa nos mesmos moldes perpetrados no então
PROS. A necessidade de garantia da instrução criminal é cogente",
argumentou. O 'desmantelamento' da sede e do parque gráfico do PROS foi
destacado por Lizandro Garcia no decreto de prisão preventiva de Eurípedes.
Segundo o juiz, o imbróglio revela o 'risco' de que Eurípedes poderia
'comprometer a produção da prova com o ímpeto de embaraçar o prosseguimento das
investigações'. A PF indica que o ex-presidente do PROS, hoje presidente do
Solidariedade, 'determinou um desmonte' do parque gráfico da legenda em
Planaltina (GO) às vésperas do julgamento do Tribunal do Distrito Federal e
Territórios que o destituiu da presidência daquele partido. Os investigadores
dizem ter encontrado uma nota fiscal que indica que os equipamentos teriam sido
vendidos por R$ 868 mil. No entanto, segundo a PF, a avaliação dos equipamentos
supera R$ 15 milhões, 'a denotar desvio de valores em favor do grupo
investigado'. Ainda com relação ao 'desmonte' do PROS, o relatório da PF
assinala que, além do maquinário, foram retirados da sede do partido dez
veículos, um helicóptero, computadores e aparelhos de ar-condicionado. Segundo
o juiz Lizandro Garcia, a destinação de inúmeros bens ainda não foi
esclarecida. Ele citou um desses bens ao avaliar a necessidade de prisão
preventiva de Eurípedes. O juiz apontou risco de fuga do presidente do
Solidariedade 'ante as reiteradas viagens com destino internacional' e lembrou
de notícias de que o helicóptero do partido PROS se encontra em local incerto -
"não soando absurdo cogitar que tal aeronave poderá ser clandestinamente
utilizada em benefício particular", anotou. A Polícia Federal também
lançou suspeitas sobre a aquisição de imóveis - inclusive com pagamentos em
espécie - por parte de supostas empresas de fachada das quais Eurípedes figura
ou já figurou como sócio. A Operação Fundo no Poço apura se as companhias foram
montadas para lavar dinheiro oriundo de desvios. Os investigadores suspeitam
que uma das empresas - da qual também são sócias a mulher e as filhas do
investigado - 'fora constituída com o intuito de preservar o patrimônio de
Eurípedes, além de obter vantagens no pagamento de impostos, precipuamente comercialização
ou transferências de imóveis'. Ao analisar essa suspeita, o juiz da 1.ª Zona
Eleitoral de Brasília apontou que a maioria das empresas não tinha efetiva
atividade e apresentava 'constantes movimentações financeiras cruzadas (entre
familiares e empresas), saques de monta em dinheiro e movimentação bancária
incompatível com a renda declarada'. Segundo o magistrado, este cenário
'reforça indícios de crimes contra o sistema financeiro, precipuamente o delito
de lavagem e delitos inerentes à malversação de recursos eleitorais'. Relatórios
do Conselho de Controle de Atividades Financeiras também implicam Eurípedes,
segundo a PF, com 'indicativo' de possível crime de lavagem de dinheiro. Os
investigadores levantaram indícios de suposta falsidade ideológica eleitoral,
com a inserção de declaração falsa das despesas do PROS em 2021 via uma empresa
criada por Eurípedes, hoje em nome de um irmão dele. Nem a compra de papel pelo
partido passou despercebida pela PF: os investigadores questionam um pagamento
de R$ 1,6 milhão a uma distribuidora de papéis dias antes de Eurípedes ser
afastado da gestão do PROS, fora do período de campanha e depois do 'desmanche'
do parque gráfico do partido. Os federais veem indícios de se tratar de uma
nota fiscal fria ou de 'confecção e venda de material gráfico com fins
lucrativos'. Neste ponto, o juiz Lizandro Garcia ressalta os ' indícios de
malversação do patrimônio partidário'. A PF ainda analisou retiradas
financeiras de R$ 3 milhões das contas do PROS após o afastamento de Eurípedes
- depois foi informado o estorno à Fundação da Ordem Social, vinculada ao
partido. A PF classificou essa movimentação como 'grave indicativo de
organização criminosa'. "Ao ser afastado por decisão judicial do comando
do partido, no dia 8 de março de 2022, (Eurípides) buscou esvaziar as contas da
agremiação, procedendo à transferência de valores do fundo partidário para a
fundação (FOS), onde ainda teria poderes de gestão e direção", crava o
relatório da PF. Há ainda a 'forte suspeita de lavagem de capitais' por meio da
contratação de serviços advocatícios. A investigação aponta que o PROS, nas
eleições de 2022, pagou R$ 3,7 milhões a título de honorários de escritórios de
advocacia. COM A PALAVRA, EURÍPIDES E O SOLIDARIEDADE A
reportagem do Estadão pediu manifestação do Solidariedade e de seu presidente,
Eurípides Gomes Macedo Júnior, o que não havia ocorrido até a publicação deste
texto. O espaço segue aberto. (Fonte Politica ao Minuto Noticias)
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