PL prevê mais 1h30 para veículos passarem pelo elevado, o que é permitido só até as 20h. 'É sobre qualidade de vida', diz morador.
“É completamente irregular e surreal”, afirma
Felipe Morozini, que há 22 anos mora em frente ao Minhocão, sobre o projeto de
lei em tramitação na Câmara Municipal de São Paulo, que prevê o aumento de 1h30
para que carros passem pelo elevado. Desde 2018, veículos só podem circular
pela região até as 20h em dias de semana. O projeto é de autoria do vereador
Gilson Barreto (PSDB) e foi apresentado em 2019. Segundo a justificativa do PL,
a mudança de horário traria maior fluidez ao trânsito e reduziria os assaltos
na região. Morozini é presidente da Associação Parque Minhocão, que há anos
tenta transformar o elevado em um parque definitivo e, para isso, reivindica a
diminuição do tempo dos carros. Para ele, se o rodízio municipal de carros
acaba às 20h, é porque nesse horário o trânsito da cidade diminui. Logo, não
teria uma justificativa para manter os automóveis circulando após esse período.
“Ao fechar às 20 horas você garante paz para as pessoas que moram e garante um
espaço para lazer para diversas pessoas que frequentam a região”, diz. O
morador também afirma que a diferença entre o nível de decibéis às 19h55 é
muito mais alta do que às 20h05, por exemplo, sendo nítida diferença para as
pessoas que moram em volta do elevado. “É sobre qualidade de vida e respeito as
pessoas. Então, é um caso de saúde pública e deveria ser tratado como tal”. No
dia 19 de outubro, o projeto foi discutido pela Comissão de Administração
Pública da Câmara. Na ocasião, o vereador afirmou que, “devido à Lei Municipal
do Rodízio, não justifica o motorista estar próximo do centro e logo em seguida
fechar o Minhocão. Queremos dar uma hora e meia a mais para quem precisa
trafegar nesta região”.Uso
do elevado para lazer Durante os finais de semana e feriados, o Minhocão é fechado
para os carros das 7h até as 22h. O presidente da associação afirma que todos
em sua volta, inclusive ele próprio, utilizam frequentemente a área como forma
de lazer. “É um entendimento de que é vital esse espaço, como lazer para região.
Melhora a qualidade de vida das pessoas que moram aqui e de quem frequenta”. De
acordo com o presidente do IAB-SP (Instituto de Arquitetos do Brasil), Fernando
Túlio, o Minhocão deveria ser, na verdade, desativado para dar lugar a um
espaço de convivência e de lazer. Uma versão, segundo o arquiteto, de uma praia
urbana. “Pensa em uma casa que só tenha corredor, mas não tem sala: onde as
pessoas vão se encontrar? É a mesma coisa”, afirma.É preciso fazer uma mudança
estrutural, dando espaço ao transporte público, à bicicleta e segurança ao
transporte a pé, diz o especialista. Para ele, apenas dessa maneira as cidades
terão muitos espaços públicos que poderão ter novos usos, melhorando a vida nos
bairros da cidade.“Nós defendemos uma cidade para as pessoas”, conclui Felipe
Morozini.( Fonte R 7 Noticias Brasil) *Estagiária
do R7, sob supervisão de Guilherme Padin
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