Operação prendeu o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro e dois pastores por suspeita de corrupção para liberação de verba pública.
A Polícia Federal cumpriu nesta
quarta-feira (22) quatro mandados de busca e apreensão no prédio do Ministério
da Educação (MEC), em Brasília. A ação foi feita no âmbito da Operação Acesso
Pago, que apura tráfico de influência e corrupção para a liberação de dinheiro
público do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), vinculado ao
MEC. O ex-ministro Milton Ribeiro
foi preso na operação, em Santos (SP) e chegará à capital
federal ainda nesta quarta.Até as 11h, policiais federais ainda cumpriam
mandados no ministério. Em nota, o MEC afirmou que recebeu a PF e que
"continua colaborando com todas as instâncias de investigação que envolvem
a gestão anterior da pasta"."No sentido de esclarecer todas as
questões, o MEC reforça que continua contribuindo com os órgãos de controle
para que os fatos sejam esclarecidos com a maior brevidade possível. O MEC
ressalta, ainda, que o Governo Federal não compactua com qualquer ato irregular
e que continuará a colaborar com as investigações", pontuou.Com base em
documentos, depoimentos e relatório da Controladoria-Geral da União (CGU), a PF
identificou possíveis indícios de prática criminosa para a liberação de dinheiro
público. Ribeiro foi preso sob suspeita de prática dos
crimes de corrupção passiva (2 a 12 anos de detenção), prevaricação (3 meses a
1 ano de reclusão), advocacia administrativa (1 a 3 meses de detenção) e
tráfico de influência (2 a 5 anos de reclusão). O advogado de Ribeiro, Daniel
Bialski, informou que o ex-ministro "já assinou a procuração" e que
está em busca das cópias do processo para poder fazer um habeas corpus.
"Mesmo sem conhecer profundamente o caso, parece-me que essa prisão
preventiva não possui contemporaneidade (os fatos ocorreram há muito tempo) e
não haveria nem razão e/ou motivo concreto para essa custódia antecipada",
defendeu, acrescentando que acompanhará Ribeiro na audiência de custódia
designada. A investigação apura a atuação dos pastores Gilmar Santos e
Arilton Moura no MEC, também presos na operação da PF.
Informações mostram que eles articulavam a liberação de recursos do FNDE a
municípios em troca de valores em dinheiro e até em ouro. Ribeiro pediu demissão
do ministério no fim de março em meio à intensa pressão após ser revelada a
existência de um "gabinete
paralelo" dentro do MEC com os pastores. A informação
foi revelada pelo jornal O Estado de S. Paulo que, posteriormente, mostrou uma
série de informações de prefeitos que diziam que os pastores faziam pedidos em
troca de apoio para a liberação de recursos.Dias depois, a Folha de S.Paulo
publicou um áudio no qual o ministro diz expressamente que, a pedido do
presidente Jair Bolsonaro, prioriza o direcionamento de verbas a determinados
municípios após solicitação do pastor Gilmar Santos. "Porque a minha
prioridade é atender primeiro os municípios que mais precisam e, em segundo,
atender a todos os que são amigos do pastor Gilmar. Porque foi um pedido
especial que o presidente da República fez para mim sobre a questão de Gilmar.
Apoio. Então o apoio que a gente pede não é segredo, isso pode ser [inaudível]
é apoio sobre construção das igrejas", disse Ribeiro no áudio.Depois que o
caso foi revelado, Ribeiro se defendeu dizendo que após tomar conhecimento, em
agosto de 2021, acerca de "uma pessoa" que estaria cometendo irregularidades,
ele denunciou à CGU. A informação foi dita por
ele também em entrevista à Record TV.
No entanto, o R7 mostrou que mesmo depois de ter
denunciado os dois pastores, ele participou de um
evento evangélico com ambos e os chamou de
"amigos".Diante das informações, a Comissão de Educação do Senado
convocou prefeitos, o atual ministro da Educação, Victor Godoy, e outras
pessoas que tiveram contato com os dois pastores. Entre as oitivas, três
prefeitos confirmaram que houve pedido de dinheiro e até de ouro por parte do
pastor Arilton Moura para a liberação de recursos da Educação.( Fonte R 7
Noticias Brasilia)
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