Menos de 20% desse valor corresponde aos gastos dos candidatos com
anúncios na internet, soma que alcançou R$ 129 milhões.
Apesar da força
e do alcance da internet, os candidatos que disputam a eleição neste ano
recorrem aos tradicionais materiais impressos para massificar a divulgação de
seu nome aos eleitores. Dados parciais da prestação de contas dos candidatos
que concorrem a algum cargo em outubro mostram que já foram gastos R$ 730,6
milhões com panfletos e adesivos. Menos de 20% desse valor corresponde ao que
os candidatos já gastaram com impulsionamento (anúncio) na internet,
principalmente em redes sociais, que alcançou R$ 129 milhões, embora o celular
— o principal meio de acesso à web — esteja presente na vida de 155 milhões de
brasileiros. No caso dos candidatos à Presidência da República, dados
informados ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na prestação de contas parcial
mostram que eles gastaram cerca de R$ 16 milhões com publicidade por material
impresso, além de R$ 4 milhões com adesivos. O valor também é superior ao que
os presidenciáveis gastaram com impulsionamento de conteúdo nas redes sociais,
que foi de cerca de R$ 7 milhões, como mostrou o R7. Até o momento, Ciro Gomes (PDT) é quem mais gastou
com a produção de panfletos: R$ 5,9 milhões. Na sequência, vêm Luiz Inácio Lula
da Silva (PT), com R$ 3,4 milhões; Simone Tebet (MDB), com R$ 3,3 milhões; e
Soraya Thronicke (União Brasil), R$ 3,1 milhões. Depois aparecem Vera Lúcia
(PSTU), com R$ 289 mil; Léo Péricles (União Popular), com R$ 204 mil; Felipe
d’Ávila (Novo), com R$ 16 mil; e Constituinte Eymael (Democracia Cristã), com
R$ 2,3 mil. Jair Bolsonaro (PL), Padre Kelmon (PTB) e Sofia Manzano (PCB) não
informaram despesas desse tipo. No caso dos adesivos, quem mais gastou até o
fechamento desta reportagem foi Lula, com R$ 3 milhões, seguido por Tebet, com
R$ 1 milhão, e Ciro, com R$ 252 mil. Na sequência vêm Soraya, com R$ 217 mil;
D’Ávila, com R$ 8,3 mil; Vera, com R$ 2,4 mil; e Eymael, com R$ 945. Os
candidatos Péricles, Bolsonaro, Kelmon e Sofia não informaram despesas desse
tipo. De acordo com dados disponibilizados pelo TSE, os candidatos ao
cargo de deputado federal foram os que mais gastaram até o momento com
publicidade em material impresso e adesivos, com R$ 387 milhões de despesas
pagas. Impresso obrigatório Professor de comunicação política na Universidade Presbiteriana
Mackenzie, Roberto Gondo Macedo afirma que, apesar da importância do ambiente
digital, as campanhas eleitorais precisam de material gráfico. "O celular
nem sempre é a melhor opção para chegar ao eleitor, principalmente aquele do
interior dos estados. Nesse caso, a melhor opção é, de fato, o material
gráfico", diz. Macedo ressalta que a tecnologia vai ganhar espaço
cada vez mais e que a tendência é de aumento do orçamento para uso no ambiente
digital. Mas, ainda assim, o material impresso em uma campanha não é
substituível. “Os gastos com panfletos e adesivos vão continuar, porque são
parte da abordagem de rua do eleitorado. E isso ainda é massivo no país. Esse
tipo de campanha predomina principalmente em regiões que não são cosmopolitas,
e o que impacta nesses municípios do interior é o movimento de rua, é a sola
gasta de sapato", afirma. Professor de direito eleitoral e constitucional
também no Mackenzie, Flávio de Leão Bastos frisa que no Brasil ainda não existe
um acesso global aos meios digitais, em especial fora dos grandes centros. "A
linguagem digital ainda é deficitária, por isso os panfletos ainda são
importantes", ressalta. O especialista diz também que um processo
eleitoral precisa incluir pessoas e levar informações a todos e que isso não é
sempre possível pelos meios digitais. Regras Apesar de ser comum, espalhar panfletos e outros materiais
impressos no local de votação ou nas vias próximas é proibido pela legislação
eleitoral. No dia da eleição, o eleitor poderá demonstrar sua preferência por
determinada candidatura, mas a manifestação deve ser “silenciosa” — por meio do
uso de bandeiras, broches, adesivos, camisetas e outros materiais semelhantes. De
acordo com a resolução 23.610 do TSE, é autorizado colocar adesivo (tipo
microperfurado) até a extensão total do para-brisa traseiro. Em outras posições
do veículo, os adesivos não podem exceder a 0,5 metro quadrado. Assim, não é
permitido fazer envelopamento de carros. A justaposição de adesivo cuja
dimensão exceda a 0,5 metro quadrado caracteriza publicidade irregular. Um
adesivo não poderá ser colocado ao lado de outro, segundo a norma. O tempo
médio de decomposição do papel é de seis meses. Na tentativa de diminuir os
impactos ambientais dos panfletos políticos, há um projeto de lei (2.276) no
Congresso Nacional que busca tornar obrigatória a produção impressa de
propaganda eleitoral com base em material biodegradável.O professor Flávio
Bastos afirma que é importante que o candidato siga as regras para evitar
problemas junto à Justiça Eleitoral, deixando, por exemplo, o nome claro nos
materiais, assim como o do vice ou do suplente.No início do mês, por exemplo, a
casa do candidato ao Senado no Paraná Sergio Moro (União Brasil) foi alvo de
busca e apreensão para recolhimento de material irregular. O local foi
informado como comitê central de campanha. O problema do material de campanha
era justamente o nome dos suplentes, que, segundo representação, estava em
tamanho inferior a 30% do nome do titular, como prevê a legislação eleitoral. Denúncias Em funcionamento desde 16
de agosto, início da propaganda eleitoral, o aplicativo Pardal, da Justiça
Eleitoral, recebeu 19.940 denúncias de propaganda eleitoral irregular vindas de
todo o país até a tarde da última quinta-feira (22). O recorde foi registrado
em 15 de setembro: 1.088 denúncias em um único dia. As denúncias envolvem
compra de votos, uso da máquina pública, crimes eleitorais e propaganda
irregular. Os eleitores de São Paulo foram os que mais denunciaram: 2.756
registros. Na seqüência, vem Pernambuco (2.552), Minas Gerais (2.236), Rio
Grande do Sul (1.728) e Rio de Janeiro (1.308). Entre os cargos em disputa,
informa o TSE, a maior parte envolve as campanhas para deputado federal e
estadual. Depois, estão as de presidente, governador e deputado distrital. (
Fonte R 7 Noticias Brasil)