Ex-presidente Pedro Castillo foi afastado do cargo após
tentativa fracassada de um autogolpe de Estado.
O Congresso do Peru aprovou, nesta terça-feira (20),
a antecipação das eleições gerais de 2026 para 2024, como forma de atenuar a crise gerada
após a tentativa fracassada de autogolpe de Estado do ex-presidente Pedro
Castillo, que acabou sendo destituído. Na sessão plenária, a
proposta alcançou 93 votos a favor, 30 contra e uma abstenção. A reforma
precisava do apoio de 87 legisladores e contempla também que a atual
governante, Dina Boluarte, entregue o mandato ao ganhador do novo pleito em
julho de 2024. O presidente do Congresso, José Williams, explicou ao fim da
sessão que, para entrar em vigor, a reforma deverá ser ratificada em uma nova
votação nos próximos meses. As bancadas de esquerda, que apoiam
Castillo, pediram para incluir na votação a convocação de um referendo para uma
Assembleia Constituinte, mas o pedido não prosperou. Boluarte, cuja renúncia
está entre as exigências dos protestos que abalaram o país nas últimas semanas,
garante que está disposta a sair dentro dos novos prazos. De acordo com
pesquisas de opinião, 83% da população é favorável ao adiantamento do pleito
como uma solução para resolver a crise. Nesta terça-feira, uma delegação
da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), chefiada pela secretária
Tania Reneaum, chegou a Lima para se reunir com autoridades "a fim de
receber informações sobre a crise institucional e os protestos". A CIDH se
reuniu com Boluarte no Palácio de Governo e planeja visitar algumas cidades do
país. Crise diplomática
com o México
Desde que começaram, em 7 de dezembro, as manifestações já deixaram 21 mortos e
mais de 650 feridos por confrontos entre manifestantes e as forças de
segurança, segundo o último relatório da Defensoria do Povo. Castillo perdeu o
poder no mesmo dia, depois de tentar fechar o Congresso, intervir no
Judiciário, governar por decreto e convocar uma Assembleia Constituinte. Seu
pedido não conseguiu respaldo institucional, por isso o ex-presidente foi
preso, sob a acusação de rebelião, quando tentava chegar à embaixada mexicana
para pedir asilo. O governo peruano concedeu nesta terça-feira um salvo-conduto
para que a família do ex-presidente Pedro Castillo possa deixar o país, em
cumprimento às convenções diplomáticas internacionais. A esposa e os filhos do
presidente estão desde a manhã desta terça-feira na embaixada do México em Lima
e receberam asilo, como confirmado anteriormente pelo chanceler mexicano,
Marcelo Ebrard. O governo peruano, que considerou o apoio do presidente
mexicano, Andrés Manuel López Obrador, a Castillo como uma
"interferência" nos assuntos internos do país, declarou na
terça-feira o embaixador do México em Lima, Pablo Monroy, persona non grata e
deu-lhe "72 horas para deixar" o Peru. Ao ter conhecimento da
decisão, o Ministério das Relações Exteriores do México ordenou o retorno de
seu embaixador "para resguardar sua segurança e integridade física".
A delegação diplomática ficará a cargo da primeira-secretária, Karla Ornelas. "O
México acredita firmemente no diálogo e continuará mantendo canais de
comunicação abertos com todos os interlocutores", acrescentou em comunicado.
A chanceler peruana, Ana Cecilia Gervasi, lembrou que a esposa de Castillo,
Lilia Paredes, é investigada pelo Ministério Público do Peru como possível
coordenadora de uma suposta organização criminosa liderada pelo marido. Gervasi
afirmou que o governo peruano se reserva o direito de solicitar sua extradição
se a justiça local assim o exigir a qualquer momento.- Recomposição do gabinete
- Boluarte, que está no cargo há 13 dias, vai reformar seu gabinete, conforme
anunciou, incluindo uma mudança de primeiro-ministro, para privilegiar a
designação de funcionários com mais experiência política, a fim de buscar uma
saída para a crise. Os ministros da Educação e da Cultura renunciaram na semana
passada em protesto às mortes que ocorreram durante as manifestações violentas.
A pasta de Transportes informou que foram retomadas hoje as operações no
aeroporto Inca Manco Cápac, de Juliaca, região de Puno (sul), depois de seis
dias de fechamento por causa dos protestos.Outros terminais aéreos que
permaneceram fechados também já estavam operando. As visitas à cidadela inca de
Machu Picchu se encontram suspensas desde 14 de dezembro.Algumas manifestações
seguiam ativas nesta terça no sul do país. Na Plaza de Armas da cidade de Cusco
(sudeste), antes da aprovação do adiantamento pelo Congresso, centenas de
pessoas, a maioria mulheres em coloridos trajes típicos, marchavam com um
caixão de papelão com a imagem de Boluarte e pediam a antecipação."Queremos
eleições urgentes. Que Dina renuncie. Esse Congresso é abusivo e manda e
desmanda com leis a seu favor enquanto o povo morre sem medicamentos, sem
educação", disse à AFP a comerciante Gricelda Cosi Quispe.( Fonte R 7
Noticias Internacional)
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