Pedro Castillo anunciou horas antes a dissolução do
próprio Congresso, além da formulação de uma nova Constituição.
O Congresso do Peru decidiu na tarde desta
quarta-feira (7) destituir o presidente Pedro Castillo após o mandatário
anunciar horas antes a dissolução do
próprio Congresso, em um movimento interpretado como golpe de
Estado pela oposição e por parte do governo federal. A destituição de Castillo
foi aprovada por 101 votos de um total de 130 congressistas. A votação ocorreu
na sede do Congresso e foi transmitida ao vivo pela televisão. Segundo
informações da AFP, os parlamentares alegaram "incapacidade moral" do
presidente. Já a dissolução anunciada horas antes por Castillo, também em um
discursso pela televisão, ressaltava que o Peru seria colocado em estado
exceção e que uma nova Constituição deveria ser elaborada em, no máximo, nove
meses. "Foram emitidas as seguintes medidas: dissolver temporariamente o
Congresso da República e estabelecer um governo excepcional de emergência; e
convocar um novo Congresso com poderes constituintes o mais rápido possível
para redigir uma nova Constituição em um prazo não superior a nove meses",
disse o presidente. A ação do mandatário peruano repercutiu mal diante da
oposição, que havia planejado anteriormente uma sessão parlamentar para
discutir o terceiro pedido de impeachment contra Castillo — no poder desde
julho de 2021 — ainda na tarde desta quarta-feira. Entretanto, não só a
oposição, mas também o próprio governo de Castillo reagiu mal à dissolução do
Congresso. Após o anúncio, a vice-presidente do Peru, Dina Boluarte, denunciou
"um golpe de Estado". "Repudio a decisão de Pedro Castillo de
praticar a quebra da ordem constitucional com o fechamento do Congresso. Trata-se
de um golpe de Estado, que agrava a crise política e institucional que a
sociedade peruana terá que superar com apego estrito à lei", escreveu no
Twitter. A procuradora-geral do Peru, Patricia Benavides, reagiu imediatamente
expressando sua "rejeição enfática" a "qualquer violação da
ordem constitucional" e instou o presidente a "respeitar a
Constituição, o Estado de Direito e a democracia que tanto nos custou". "O
presidente Pedro Castillo deu um golpe de Estado. Ele violou o artigo 117 da
Constituição peruana e passou à ilegalidade. Isso é um autogolpe",
comentou à AFP o analista político Augusto Álvarez. Dezenas de
manifestantes pró e contra o presidente se concentravam em frente ao Parlamento
desde antes do pronunciamento, à espera do debate sobre sua destituição. Onda de renúncias Após o anúncio,
vários ministros do governo e funcionários de organismos internacionais
divulgaram renúncia a seus cargos por meio das redes sociais e de declarações à
imprensa. "Não estou em condições de servir a um governo ditatorial, que
violou a lei e a Constituição", disse à rádio RPP Harold Forsyth,
representante permanente do Peru na OEA (Organização dos Estados Americanos). "A
partir de hoje, Castillo está na triste fila dos ditadores", disse à mesma
rádio o ex-presidente peruano Ollanta Humala (2011-2016). O anúncio de Castillo
ocorre pouco mais de 30 anos após o autogolpe do ex-presidente Alberto Fujimori
(1990-2000), que dissolveu o Congresso em 5 de abril de 1992.( Fonte R 7
Noticias Internacional)
Nenhum comentário:
Postar um comentário