Estudo analisa diferenças de gênero em 120 países. Disparidade caiu nos últimos 20 anos, mesmo em nações mais pobres.
A diferença do desempenho de meninas e meninos em matemática, na
educação básica, diminuiu, segundo revela relatório da Unesco (Organização das
Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura), divulgado esta semana. Ele analisa as diferenças de gênero em 120 países,
entre eles, o Brasil. Segundo a publicação, a disparidade caiu nos últimos 20
anos, mesmo em países mais pobres e, em alguns locais, as meninas superaram os
meninos nesta área. Este o caso, por exemplo, da Malásia, onde a diferença é a
favor das meninas em matemática: 7%. No Camboja, essa diferença é de 3%, é 1,7%
no Congo e 1,4% nas Filipinas. A publicação" Deepening the debate
on those still left behind", em português, "Aprofundando o debate
sobre os que ainda ficam para trás", é um documento de gênero anual da
Unesco que analisou dados do ensino fundamental e médio, tanto de desempenho,
quanto de permanência na escola. Avanços "Nos últimos 20
anos, avanços gigantescos foram feitos na educação de meninas e mulheres. Hoje,
praticamente tanto meninas quanto meninos podem ter acesso à aprendizagem e
completar os estudos – a diferença entre os gêneros é agora inferior a
1%", afirmou, no relatório, a diretora-geral da Unesco, Audrey Azoulay. Em
relação à matemática, os dados mostram que, nos primeiros anos do ensino
fundamental, os meninos têm um desempenho melhor do que as meninas, mas essa
diferença de gênero desaparece ao longo do percurso escolar. Mesmo com a
redução das disparidades, os resultados mostram que preconceitos e estereótipos
ainda podem afetar os resultados da aprendizagem. Os meninos ainda têm muito
mais probabilidade que as meninas de estarem entre os melhores desempenhos em
matemática em todos os países. Outra área
que evidencia desigualdades é ciências. Em países de renda média e alta, as
meninas têm notas significativamente mais altas em ciências, mas elas ainda são
menos propensas a optar por carreiras científicas, indicando, de acordo com a
publicação, que os preconceitos de gênero ainda podem ser obstáculos para a
busca de educação adicional nas áreas de ciência, tecnologia, engenharia e
matemática. "De fato, para que todos os alunos sejam iguais, os atores da
educação devem colocar a igualdade de gênero no centro de suas ações",
ressaltou Audrey. Leitura Em leitura, o
desempenho das meninas é superior em relação à matemática e ciências. Além
disso, mais meninas atingem proficiência mínima em leitura do que meninos. A
maior lacuna na educação primária está na Arábia Saudita. Enquanto 77% das
meninas atingem proficiência mínima em leitura na 4ª série, esse número é de
51% entre os meninos. Na Tailândia, as meninas superam os meninos em leitura em
18%, na República Dominicana em 11% e no Marrocos, em 10%. Mesmo em países onde meninas e meninos estão no mesmo
nível de leitura nas séries iniciais, como na Lituânia e na Noruega, a
diferença em favor das meninas aumenta para cerca de 15% aos 15 anos. Desigualdades O relatório apontou
ainda violência de gênero, gravidez e casamento precoces como motivos para
mulheres abandonarem ou atrasarem os estudos. Cerca de uma a cada cinco
adolescentes na Nigéria e 10% das adolescentes em Serra Leoa estão afastadas da
educação por conta de casamentos ou gravidez precoces.A pandemia de Covid-19
pode também agravar as desigualdades. "Meninos e meninas não enfrentaram
as mesmas consequências em todos os países em termos de acesso e uso de
dispositivos e riscos de gravidez precoce", destacou o levantamento.Segundo
ele alguns pais ou responsáveis em Bangladesh, Jordânia e Paquistão estavam
relutantes em dar às meninas acesso a smartphones. Além disso, pesquisas por
telefone com jovens de 19 anos durante a pandemia mostraram que, enquanto 70%
das mulheres jovens na Etiópia passaram a dedicar mais tempo a tarefas
domésticas, entre os homens esse percentual era 35%. No Peru, 42% das mulheres
adolescentes passaram dedicar mais tempo ao cuidado de crianças, enquanto entre
as mulheres e entre os homens jovens esse percentual foi 26%.Para a Unesco, o
combate às desigualdades de gênero deve ser feito considerando os diversos
dados disponíveis e envolvendo diversos atores sociais, como políticos, pais,
comunidades, empresas e líderes religiosos."A reforma da igualdade de
gênero na educação não pode ser feita apenas pelo governo sozinho, ela requer a
atenção de todos os atores", assinalou a organização.( Fonte R 7 Noticias
Internacional)
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