Raimundo Nonato espera consulta com especialista na rede
pública há quatro anos: 'Ainda tenho esperança que vou conseguir'.
Dores, desconforto e dificuldade para caminhar. Há 27 anos
Raimundo Nonato Ribeiro Alves sofre com um linfedema na perna direita, um tipo
de congestão dos vasos linfáticos que provoca dores agudas e infecções
recorrentes. Ao longo dos anos, o membro inferior de Nonato cresceu tanto que
já chega a pesar 81 kg.
Aos 40 anos, o morador de uma região menos desenvoldida de Águas Claras, no
Distrito Federal, sonha com uma cirurgia de amputação que pode mudar
completamente sua qualidade de vida. O laudo encaminhando Nonato à ortopedia do
Hospital do Paranoá é de 2018 e solicita que a cirurgia de amputação seja
avaliada por uma equipe de especialistas. No entanto, em quase quatro anos, o
aposentado sequer foi chamado para a consulta. Leia também: Pais denunciam falta
de atendimento para os filhos na rede pública de saúde
Segundo a Secretaria de Saúde do Distrito
Federal, Nonato não está inserido no Sistema de Regulação, ou seja, não está na
fila de cirurgias, e, mesmo com o encaminhamento, precisa procurar novamente
uma Unidade Básica de Saúde para agendar consulta com especialista. “Eu fiquei
muito triste quando soube que está tão atrasado, são quatro anos esperando uma
ligação que parece que nunca vai acontecer”. Na rede particular, a cirurgia foi
avaliada em R$ 80 mil. Valor inacessível para a família, que vive basicamente
da renda da aposentadoria de Nonato. Apesar das dores cotidianas e da
dificuldade em se locomover, ele não perde a esperança. Sentado em uma calçada
e com a perna estendida, ele fala com confiança como sua vida mudaria para
melhor se pudesse fazer a cirurgia. Cirurgias
e internações: uma vida imobilizado Nonato conta que a perna começou a inchar
ainda durante a adolescência. Aos 14 anos, ele jogava futebol quando percebeu
que uma das pernas estava maior que a outra. "Quando eu colocava o meião,
notava que estava inchada, mas era pouca coisa maior que a outra. Procurei o
médico em 1995, foi aí que começou a minha luta", detalha. Leia também: Menina de 4 anos
ganha próteses feitas em impressora 3D no DF Na
época, ainda jovem, tirava o sustento do trabalho como agricultor em Grajaú, no
leste do Maranhão. Na terra, junto aos pais e aos irmãos, Nonato plantava
arroz, milho, feijão e mandioca. Ele conta que tinha uma vida saudável. “Mas aí
eu descobri esse problema e fui para Teresina, no Piauí, fazer o tratamento.
Consegui tudo pelo SUS, fiz sete biópsias, porque os médicos achavam que era um
câncer. Acabei fazendo três cirurgias, uma delas para a retirada de um tumor”,
detalha. Os médicos tinham alertado que ele ficaria com uma perna diferente da
outra, mas o problema tomou uma proporção que Nonato não esperava e ele perdeu
as contas de quantas vezes ficou internado por causa de infecções. Na última
internação, ele passou 13 dias na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Núcleo
Bandeirante com uma ferida aberta e com quase nenhuma mobilidade. Leia também: Sem atendimento,
pacientes enfrentam o descaso na saúde pública do DF
O aposentado passou a fazer acompanhamento médico no HUB (Hospital
Universitário de Brasília) e em uma consulta descobriu que foi vítima de erro
médico. “Disseram que retiraram uma glândula sem necessidade e que não tinha
mais solução para a minha perna. Então, o médico me deu um encaminhamento para
o Hospital do Paranoá, para amputação. É tudo o que eu mais quero”.Nonato conta
com a ajuda da esposa para fazer as atividades diárias. "Eu limpo a perna
duas vezes por dia, mas preciso da ajuda da minha esposa para lavar onde não
alcanço. Minha cama é baixa, tenho dificuldade para sentar no sofá, tenho que
sentar no chão para ficar mais confortável", desabafa. "Se eu tirasse
essa perna, seria bom demais. Ela pesa e me atrapalha em todos sentidos. Eu
teria uma vida mais normal de novo", finaliza.( Fonte R 7 Noticias Brasília)
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