Operação Acolhida já mandou imigrantes para 810 cidades
do país, principalmente da região Sul.
Nos últimos quatro anos, quase 73 mil venezuelanos que entraram
no Brasil fugindo da crise no país vizinho e foram recebidos pela operação
Acolhida, do Exército,
tiveram a oportunidade de ser realocados para cidades mais distantes de Roraima,
por onde a maioria deles entram.Esse
processo é chamado de 'interiorização' e leva os imigrantes a buscar
oportunidades de trabalho em outras regiões brasileiras visando diminuir a
pressão sobre os serviços públicos do estado que os recepciona. Em média,
desde o início da operação, mais de 1,5 mil venezuelanos foram 'interiorizados'
por mês. A maioria das pessoas que passaram por essa etapa da operação foi
transferida aos estados do Sul: 12.651 para o Paraná, 12.217 para Santa
Catarina e 10.578 para o Rio Grande do Sul. Até agora, 810 cidades do país
receberam imigrantes 'interiorizados'. Comandante da operação, o
general Sérgio Schwingel considera essa a etapa mais importante do programa.
"Se o fluxo de entrada de venezuelanos em Roraima for maior do que o fluxo
de saída deles do estado, teremos um colapso. Passaremos a ver abrigos cheios,
pessoas nas ruas e outras situações ruins. Por isso, temos que nos preocupar em
melhorar as condições de interiorização."Segundo Schwingel, a quantidade
de pessoas beneficiadas com a interiorização mostra que o propósito da
iniciativa está sendo cumprido. "O principal desafio é fazer com que esses
venezuelanos mais vulneráveis sobrevivam, retomem suas vidas e sejam incluídos
na nossa sociedade. Se observarmos o que vem ocorrendo nas crises humanitárias
do mundo recentemente, nenhum país faz ou fez o que nós fazemos. Muitos países
fecham portas e fronteiras, enquanto o Brasil acolhe", diz. Jornadas de venezuelanos recém-chegados"Foi triste e
lamentável deixar o meu país, mas o que mais eu poderia fazer?". O relato
de Georgina Castro, de 19 anos, resume o sentimento de vários venezuelanos que
cruzam a fronteira com o Brasil. "O que me incentivou a sair do meu
país foi porque eu não conseguia avançar nos projetos que tinha para minha
vida. No Brasil, sinto que terei mais oportunidades para ser a pessoa que eu
quero ser: dona da minha própria empresa e com condições de ajudar a família.
Foi desafiador vir para cá, mas na vida temos que estar preparados para
enfrentar coisas boas e ruins", diz Georgina.Ela chegou a Roraima em
agosto de 2021. Veio sozinha de uma cidade que fica há quase 750 quilômetros de
distância de Pacaraima, principal porta de entrada dos venezuelanos no Brasil.
Confessa que foi uma viagem difícil, mas diz que "tinha que tomar alguma
atitude para não continuar do jeito que eu estava".Desde que foi atendida
pela operação Acolhida, Georgina passou por diversos abrigos do programa em Boa
Vista. Agora, após oito meses do ingresso no Brasil, está prestes a ir para o
Rio Grande do Sul. "Vou para uma casa de abrigo no Rio Grande do Sul,
e em até três meses vou ter que encontrar um trabalho, e tocar a vida a partir
daí. Tenho confiança de que encontrarei as oportunidades que preciso e farei de
tudo para conseguir uma vida melhor", comenta Georgina. Yoselin Arias, de
29 anos, não esconde o sorriso ao falar dos sonhos que espera realizar no
Brasil. O primeiro deles é arrumar um emprego, o que possibilitaria alcançar os
demais: comprar uma casa, garantir uma boa educação ao filho e viajar pelo
país. “Queremos um futuro melhor, uma vida boa. Isso é o que mais importa”,
afirma.Ela atravessou a fronteira ao lado do marido, Jonathan Rafael Maita, de
28 anos, e do filho do casal, Santiago Rafael Maita, de 6, em novembro de 2021.
Yoselin reconhece que teve medo do que poderia encontrar aqui, mas comemora o
fato de ter sido tão bem acolhida pelos brasileiros. “Recebemos bastante
carinho, e isso nos deixou mais calmos”, destaca.Nas próximas semanas, os três
vão desembarcar em Brasília. Yoselin tem fé de que será muito feliz na capital
brasileira, apesar do nervosismo pela mudança. "Na Venezuela, não tínhamos
trabalho. Para conseguir comida, era um problema. Já aconteceu de ficarmos
muitos dias sem comer. É uma situação horrível, que eu não quero passar nunca
mais. Estar no Brasil significa esperança." Ayaritza Gonzales, de 44 anos,
chegou ao Brasil em fevereiro deste ano. A saída da Venezuela ainda é dolorosa
para ela. Apesar de estar acompanhada por dois filhos, teve de deixar outra
filha e dois netos em casa. Ao lembrar dos familiares que ficaram para trás,
ela não consegue conter as lágrimas."É lamentável o que estamos vivendo na
Venezuela. Não é fácil imigrar, mas espero encontrar melhor qualidade de vida e
um emprego, algo com que eu possa ter como me virar sozinha, não depender do
que o governo dá às pessoas. Tenho que ir em frente, lutar e me esforçar para
ter as coisas. Foi o que eu fiz na Venezuela e que farei aqui também",
frisa.Ela admite, contudo, que gostaria de voltar ao país de origem. "Amo
o meu país. Meu sonho é que a Venezuela volte a ser produtiva e a ter tudo o
que tinha", comenta. "Mas se eu tiver que me radicar no Brasil, assim
o farei. O importante é ter como me sustentar. Espero conseguir um bom trabalho
para, assim, trazer minha filha e meus netos que ficaram na Venezuela”,
completa.( Fonte R 7 Noticias Brasil)
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