Representante da sociedade civil alerta para a baixa representação de mulheres nas câmaras de vereadores.
Pesquisadores e representantes de organizações de
mulheres que participaram do seminário internacional Orçamento Mulher
lamentaram a diminuição de recursos para combate à violência contra as
mulheres. A assessora política do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc)
Carmela Zigoni Pereira afirmou que o Orçamento de 2022 é o mais baixo para esta
destinação nos últimos quatro anos. As Casas da Mulher Brasileira vão receber
R$ 8,6 milhões, enquanto R$ 5,1 milhões estão sendo destinados para
enfrentamento à violência e promoção da autonomia. "Como vamos lidar com
isso considerando a epidemia de feminicídio no País?", questionou.
"Foram 1.300 mulheres assassinadas no ano passado." A vice-presidente
da Associação Nacional dos Servidores da Carreira de Planejamento e Orçamento
(Assecor), Roseli Faria, lembrou que o orçamento público é um instrumento
fundamental para garantia de direitos. "Temos muito ainda que avançar em
regras fiscais mais simples, que garantam dotações adequadas e sem
discriminação nos objetivos", afirmou. Representantes A
professora de Ciência Política na Universidade Federal do Rio de Janeiro
(UFRJ), Hannah Maruci, apontou para a necessidade de mais mulheres ocuparem
cargos públicos. "O orçamento é uma peça política, sensível a gênero e
raça", alertou. A diretora do Instituto Alziras, Marina Barros, afirmou
que a baixa representação de mulheres nas câmaras de vereadores pode afetar a
distribuição do orçamento dos municípios. "Em 3.175 municípios não tem uma
vereadora negra. Como estão sendo debatidos os orçamentos municipais nesses
espaços?", questionou. Desigualdade A chefe-adjunta de
Assuntos Fiscais do Fundo Monetário Internacional (FMI), Teresa Curristine,
apresentou estudo em países do G20 para defender a prioridade ao orçamento de
gênero, com instrumentos para medir os gastos com mulheres no longo prazo."É
preciso uma auditoria externa para avaliar programas e propor melhorias. Os
dados ajudam a preencher lacunas sobre o impacto das políticas públicas e
evitar o viés de gênero em políticas fiscais de recuperação econômica",
aconselhou.Segundo a análise, a participação das mulheres na força de trabalho
continua abaixo dos homens, mas melhorou na maioria dos países do G20, com
exceção de China, Estados Unidos e Índia. Em 2018, menos de 60% das mulheres
trabalhavam contra 80% dos homens. A renda das mulheres também continua menor
do que a dos homens. Fonte: Agência Câmara de Notícias Reportagem -
Francisco Brandão Edição - Roberto Seabra
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