Desde que epidemia ressurgiu no Brasil, na década de
1980, recorde é de 2015: 986 pessoas. Este ano, foram 978.
O Brasil deve bater o recorde anual de mortes
por dengue em 2022. Até o boletim mais recente do Ministério da Saúde, de 5 de
dezembro, foram 978 óbitos – número superior à soma dos dois anos anteriores.
Desde que as epidemias do vírus ressurgiram no Brasil, na década de 1980, o
recorde é de 2015, quando 986 pessoas morreram pela doença. “Temos hoje o ano
que ficará marcado na história da dengue no Brasil como o pior ano, seja no
número de casos ou de óbitos. Muito provavelmente ultrapassaremos a marca de
1.000 mortes no país. Dengue mata: é a principal mensagem que se deve passar à
população”, aponta ao R7 Alexandre Naime,
vice-presidente da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia). Tão crítico é o
cenário que a SBI emitiu, no mês passado, um alerta nacional devido aos altos
números de mortes e casos – também próximos do recorde brasileiro. “Que
tenhamos urgência para a adoção medidas preventivas contra a dengue para
alterar esse quadro preocupante para a saúde pública e que sejam ações efetivas
a longo prazo, escreve o órgão. Segundo Alexandre Naime, parte considerável
desse aumento nos casos e mortes se deve à falta de medidas de prevenção em
âmbitos federal, estaduais e municipais. “Os últimos quatro anos foram marcados
por ausência completa do governo federal em relação à campanha de
esclarecimento sobre a epidemia”, pontua o médico infectologista. Também por
conta da pandemia, prossegue, se esvaziaram as ações de controle dos estados e
municípios, como a vigilância, as visitas domiciliares, esclarecimentos à
população e multas. Naime prevê um horizonte nebuloso para o país em relação à
dengue em 2023, caso não haja mudanças efetivas no combate à epidemia, e
considera que o próximo governo federal, bem como os estaduais, deverá agir de
forma muito célere para evitar que o problema se amplie. “As chuvas e
temporais estão acontecendo. Se não houver avanços no combate, não existe um
outro cenário, senão de muitos casos e mortes para o começo de 2023. Esse ano
tem tudo para ser pior que 2022: mais chuvas, um sorotipo novo. Por isso, o
governo novo deve ser bastante efetivo e a vacina precisa ser avaliada. Já foi
aprovada na Indonésia e na agência europeia [de saúde]. Seria uma arma
importante aqui”, finaliza. Vírus
deve avançar sobre a região Nordeste Entre as regiões que podem ser mais afetadas
nos próximos anos, os especialistas ouvidos pela reportagem citam o litoral
brasileiro, de modo geral, o Centro-Oeste, o Norte e, principalmente, o
Nordeste. Isso se deve ao aspecto cíclico da doença, já que a região não sofreu
epidemias mais intensas recentemente – este ano, foi a quarta região menos
atingida entre as cinco – e há uma nova variante em circulação, que ainda
não atingiu os estados nordestinos. “Devemos ter um número de casos
maior porque faz muito tempo que não temos epidemia significativas dessa
região. E as epidemias de dengue ocorrem em ciclos, mas nós temos que entender
que o Brasil é muito grande para que os ciclos sempre se sincronizem”, lembra
Maurício Nogueira, ex-presidente da SBV (Sociedade Brasileira de Virologia). É
impossível, porém, prever com exatidão onde o vírus terá maior incidência. “Não
há bola de cristal para isso”, comenta o virologista. Crise climática leva o vírus a quem antes não
sofria Para
além das regiões mais suscetíveis às epidemias de dengue, há um novo problema
nos últimos anos: o aquecimento global faz com que o vírus chegue a locais que
antes não sofriam com a doença. Segundo relatório publicado pelo The
Lancet em 2018, os aumentos de temperatura, mesmo quando pouco expressivos, e
as chuvas podem expandir a incidência doenças de transmissão vetorial, como a
causada pelo mosquito Aedes aegypti.
“Agora, o vírus está avançando por locais como Joinville e Blumenau, onde nunca
tinha acontecido”, exemplifica Alexandre Naime. Segundo os dados do Ministério
da Saúde, com 88 óbitos, Santa Catarina foi o quarto estado onde mais morreram
pessoas pela dengue em 2022, embora seja apenas o décimo mais populoso. Cuidados Os cuidados contra a
dengue continuam os mesmos: evitar o acúmulo de água parada e lixo em quaisquer
recipientes, dentro ou fora de casa, onde possa haver um criadouro do mosquito.
Como a grande maioria dos criadouros está em
domicílios, a participação da população é essencial para
barrar o avanço da doença. Ao tomar ciência de pontos de foco em
terrenos vizinhos, a população deve acionar a prefeitura de sua cidade ou
qualquer órgão respectivo ao poder público local. O virologista Marcos Vinícius
Silva explica o ciclo virtuoso de combate à dengue: “Em regiões onde você tem
menos acúmulo de água, diminui o número de criadouros. Se há um combate eficaz
ao vetor, isso diminui muito número de casos de dengue. Isso é extremamente
importante para que a gente reduza os casos.”O que diz o Ministério da Saúde Procurado, o
Ministério da Saúde disse que acompanha a situação epidemiológica da dengue no
país e tem investido em ações de combate à doença junto aos estados e
municípios. A pasta afirma que lançou, em outubro deste ano, uma campanha de
combate à dengue, zika e chikungunya, chamada "Todo dia é dia de combater
o mosquito", além de oferecer treinamentos e cursos a equipes locais de
acordo com suas especificidades. “A pasta também envia aos estados,
regularmente, inseticidas e larvicidas para o combate ao mosquito”, conclui o
ministério.( Fonte R 7 Noticias Brasl)
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