Rússia é o principal fornecedor de adubos com o mineral para o Brasil; presidente citou risco ao agronegócio e à segurança alimentar.
O presidente da República, Jair Bolsonaro,
declarou nesta quarta-feira (2) que, com o conflito entre Rússia e Ucrânia, o Brasil corre o risco de ficar sem
potássio, mineral presente em fertilizantes utilizados
por agricultores. A Rússia é
o principal fornecedor para o Brasil de adubos à base da substância. “Com a guerra
Rússia-Ucrânia, hoje, corremos o risco da falta do potássio ou
aumento do seu preço. Nossa segurança alimentar e agronegócio (Economia) exigem
de nós, Executivo e Legislativo, medidas que nos permitam a não dependência
externa de algo que temos em abundância”, disse o presidente no Twitter. Bolsonaro disse que
o Brasil teria condições de produzir fertilizantes à base de potássio se a lei
não impedisse a exploração do mineral em áreas da Amazônia.
O chefe do Executivo citou também um projeto de lei de 2020 que permite a
“exploração de recursos minerais, hídricos e
orgânicos em terras
indígenas". “Uma vez aprovado, resolve-se um desses
problemas”, afirmou. Nesta quarta, o
presidente postou um vídeo em que discursa na Câmara dos Deputados em 2016. Na
ocasião ele falou sobre a dependência do potássio da Rússia. “Citei três
problemas: ambiental, indígena e a quem pertencia o direito exploratório
na foz do rio Madeira (existem jazidas também em
outras regiões do país)”, disse. A maior dependência comercial do Brasil em
relação à Rússia são os fertilizantes, que representam 62% dos
produtos importados daquele país, nosso principal fornecedor (veja
no fim da reportagem lista com os itens importados do país europeu em 2021). No ano passado, foram gastos US$ 3,5 bilhões
com a compra desses itens. Por isso essa é uma das questões que mais preocupam
o agronegócio e o governo federal em meio à guerra após a invasão russa da
Ucrânia. O risco de desabastecimento de adubos pode provocar
desequilíbrio, com disparada do preço dos alimentos e alta da inflação. O tema
foi um dos assuntos discutidos por Bolsonaro e o presidente russo Vladimir
Putin em encontro em Moscou no
início de fevereiro. O Brasil gastou US$ 5,6 bilhões em
compras da Rússia em 2021, segundo a Secex (Secretaria de Comércio Exterior),
do Ministério da Economia, um aumento de 107%
em comparação com o ano anterior, quando o gasto foi de US$ 2,7 bilhões. As importações do país russo ficaram na
sexta colocação. A balança comercial entre os dois países é deficitária porque
o Brasil compra mais produtos da Rússia do que vende à nação europeia. As
exportações somaram US$ 1,5 bilhão em 2021, um aumento de 4% em relação a 2020.
Entre os produtos mais exportados estão soja (22%), carne de aves (11%) e café
não torrado (8,4%).Novas jazidas Em
janeiro do ano passado, o Ministério de Minas e Energia informou
ter identificado na bacia do Amazonas novas fontes do mineral, ampliando “em
70% a potencialidade sobre depósitos de sais de potássio, ou silvinita, como é
denominado o mineral cloreto de potássio, do qual se extrai o potássio”. Na
ocasião, a pasta divulgou que 96,5% do cloreto de potássio utilizado para
fertilização do solo era importado. Segundo o governo, o Brasil era o maior
importador mundial de potássio, com 10,45 milhões de toneladas adquiridas em
2019. No anúncio de 2020, o ministério declarou a existência de depósitos em
Nova Olinda do Norte, Autazes e Itacoatiara, com reservas em torno de 3,2
bilhões de toneladas do minério. Também há jazidas em Silves, São Sebastião do
Uatumã, Itapiranga, Faro, Nhamundá e Juruti. Principais
produtos importados da Rússia em 2021. Adubos ou fertilizantes químicos
(62%);carvão (8,4%);óleos combustíveis de petróleo (7,6%);produtos
semiacabados, lingotes (6,5%);demais produtos – indústria de transformação
(4,5%);alumínio (2,5%);prata, platina e outros metais do grupo da platina
(2,4%);produtos laminados planos de ferro ou aço (2,1%);borrachas
sintéticas (1,2%);preparações e cereais de farinha (1,2%).( Fonte R 7 Noticias
Brasil) Secex
(Ministério da Economia).
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