Ministros do governo classificam manobra apresentada no
Parlamento contra Pedro Castillo como tentativa de golpe.
O presidente do Peru, Pedro Castillo,
condenou neste sábado (28) a moção apresentada no Parlamento do país por um
grupo de partidos de direita com a intenção de afastá-lo do poder. A manobra
foi classificada como tentativa de golpe de Estado por ministros de governo. Castillo
acusou as elites peruanas de buscarem desestabilizar o país, quando ele tem
apenas três meses de mandato. "Não toleram que um professor rural e
agricultor tenha chegado à presidência", disse o chefe de governo, em
discurso durante evento de grupos campesinos do Peru. "Esses mesmos grupos
querem negar a participação de um governo, cujos resultados eleitorais nos
trouxeram para cá. Nestes anos, se dedicaram a minar a institucionalidade e
pretendem desestabilizar o país", completou o presidente. A moção
para destituir Castillo foi apresentada formalmente no Congresso, após a
reunião das 26 assinaturas necessárias, de parlamentares de partidos como o
Força Popular, de Keiko Fujimori, o neoliberal Avança País, além do Renovação
Popular, de extrema-direita.Ministros falam
em golpe Ainda
mais enfáticos foram alguns dos ministros de governo, que não hesitaram em
classificar como golpe de Estado o movimento da oposição. "Isso é um golpe
de Estado, claramente uma violação da vontade popular", afirmou o ministro
do Interior, Avelino Guillén, em entrevista à emissora local "RPP
Noticias".O integrante do governo garantiu que se trata de uma investida
da direita, que ainda não aceitou a derrota de Keiko Fujimori nas urnas. A
concorrente, inclusive, segue denunciando fraudes no pleito, sem apresentar
provas.A ministra da Mulher e Populações Vulneráveis, Anahí Durand, lamentou
hoje que existe um setor que não aceita a derrota nas eleições e que segue
boicotando e atacando a democracia."Eu acho que, quando um partido
ou alguns partidos perdem as eleições, o que diz a Constituição é que façam seu
trabalho e, em cinco anos, voltem a disputar. O que estamos vivendo aqui é uma
má interpretação da Carta Magna", lamentou.Presidentes recentesPara destituir Castillo, a oposição aponta para a
"incapacidade moral permanente" do presidente, que é uma figura
contemplada pela Constituição para casos extraordinários, em que o chefe de
Estado apresenta alguma doença ou incapacidade mental, mas que foi interpretada
como insuficiência ética.Essa foi a mesma figura que partidos de direita e o
fujimorismo utilizaram para destituir o ex-presidente Martín Vizcarra, no ano
passado e para tentar tirar do poder, por sua vez, Pedro Pablo Kuczynski, que
renunciou em 2018.Embora seja difícil que a moção alcance os 52 votos
necessários no Congresso para ter processo de impeachment iniciado e 82 para
ser aprovado, o líder do partido Renovação Popular, de extrema-direita, Rafael
López-Aliaga, convocou uma manifestação popular para hoje.Este foi o segundo
fim de semana seguido de mobilização em Lima, no mesmo local utilizado por
grupos de direita protestarem contra uma suposta fraude nas eleições
presidenciais. O ato reuniu milhares de pessoas, a maioria com camisas da
seleção peruana de futebol, com diversas denúncias de que Castillo é
"comunista".( Fonte R 7 Noticias Internacional)
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