Mulheres
são as mais impactadas financeiramente pela pandemia, diz pesquisadora.
Dentre as
mulheres, pretas e pardas são as mais afetadas.
Cerca de 11 milhões de mulheres receberam o auxílio emergencial em dobro
por chefiarem famílias monoparentais Em 2020, segundo dados do governo federal,
55% das pessoas que receberam o auxílio emergencial eram mulheres. Em um debate
virtual promovido pela Secretaria da Mulher da Câmara, nessa quarta-feira (10),
sobre o impacto da pandemia sobre as mulheres e a importância do auxílio
emergencial, a pesquisadora do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea)
Angélica Abreu explicou por que é fundamental que o auxílio emergencial
continue sendo concedido e em valor maior para as famílias monoparentais
chefiadas por mulheres. “As mulheres são mais impactadas porque têm rendimentos
menores em suas ocupações; porque possuem menos economia de reserva, como poupança
e outros investimentos; estão desproporcionalmente presentes na economia
informal; possuem menos acesso à proteção social; e também são a maioria das
famílias monoparentais", disse. Ela lembrou ainda que as mulheres têm
maiores chances de serem sobrecarregadas com o trabalho doméstico e de cuidado
não remunerado e assim terem que deixar o mercado de trabalho. "Nesse
ponto, é fundamental ter esse recorte e o maior valor para as famílias
monoparentais no que se refere ao auxílio emergencial”. Dados do IPEA apontam
que, entre junho e julho de 2020, 4,4 milhões de famílias sobreviveram apenas
com os recursos do Bolsa Família. Bancada feminina A deputada Tábata
Amaral (PDT-SP) lembrou que o pagamento em dobro para mulheres
chefes de família monoparental foi uma conquista da bancada feminina e defendeu
a manutenção do auxílio. “Nós temos 11 milhões de mães solo no nosso Brasil;
61% são negras e 63% das casas chefiadas por mulheres negras estão abaixo da
linha da pobreza. Então, é muito importante que a gente entenda esse recorte
para que a gente possa desenhar uma política pública que de fato vai chegar em
quem mais precisa”. A pesquisadora do programa Igualdade de Gênero e Economia
da Universidade de São Paulo Luiza Nassif destacou que, no momento atual da
pandemia, não é razoável que as pessoas de mais baixa renda fiquem sem o
auxílio emergencial. “A gente sabe que a crise econômica no Brasil hoje é
resultado da crise sanitária e não pode ser solucionada enquanto a crise de
saúde não for contida. Até lá, as políticas precisam ser postas em prática para
mitigar os efeitos que a pandemia tem sobre a economia", afirmou. De
acordo com Luiza Nassif, o auxílio emergencial é uma medida de proteção à
economia como um todo. Mulheres negras A presidente do Instituto da Mulher Negra - Geledés, Maria Sílvia, lembrou que
historicamente as mulheres negras são as que primeiro perdem seus direitos em
tempos de crise e com a pandemia não foi diferente. Maria Silvia apontou que o
auxílio emergencial foi fruto da pressão da sociedade civil organizada e
representou a sobrevivência para milhões de pessoas, a maioria preta e parda,
que são os mais impactados pelo desemprego. “É preciso destacar a forma desproporcional
como esse desemprego impacta homens e mulheres. Há desproporção desses impactos
quando traçamos o quesito raça/cor sobre esses dados. Enquanto o índice para
pretos e pardos está na média de 17,8% e 15,4%, respectivamente, a taxa para
brancos fica em 10,4%”. Homens x mulheres
A pandemia também acentuou a desigualdade de rendimentos entre homens e
mulheres. A informação é da representante do Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE), Maria Lúcia Vieira. Ela destacou que durante o ano
passado a Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios (PNAD), reuniu também
dados sobre o impacto da pandemia nas famílias.( Fonte: Agência Câmara de
Notícias) Reportagem - Karla Alessandra Edição - Ana Chalub
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