Aquelas horas a menos na cama de segunda a sexta podem
afetar desde o humor até a saúde cardiovascular.
O fim de semana chega, e muita gente confia
nas horinhas a mais na cama na esperança de recuperar o sono atrasado dos dias
anteriores. Entretanto, esta estratégia é objeto de estudos e não há
comprovação de que funcione."Uma preocupação com cochilar e dormir até
tarde nos fins de semana é que, quando você dorme pouco, um pouco de descanso
extra pode oferecer uma falsa sensação de recuperação. Você pode se sentir
melhor por um tempo depois de dormir mais, mas os efeitos de bola de neve da
perda de sono são uma dívida que leva mais tempo para pagar", afirma em
seu site a organização Sleep Foundation. Uma artigo publicada em 2016 por
pesquisadores do Centro Nacional de Neurologia e Psiquiatria do Japão mostrou
que para recuperar uma hora de sono perdido na semana pode levar de quatro a
nove dias.Outro estudo, da Universidade Jagiellonian, na Polônia, publicado em
2021, observou que uma semana inteira não foi suficiente para recuperar um
período de dez dias de sono restrito e voltarem a ter um cérebro totalmente
funcional. O médico especialista em pediatria e medicina do sono Gustavo
Moreira, do Instituto do Sono, em São Paulo, dormir mais no fim de semana pode
ter "rebote"."Na primeira noite de recuperação, você tem um sono
mais profundo e não se sente tão mal no dia seguinte, mas no segundo dia, aí
acontece o que a gente chama de efeito rebote, porque altera muito o ritmo. O
sono tem a ver com a questão do ritmo. Já tem bastante evidência mostrando que
essa coisa de tentar compensar o sono no fim de semana é prejudicial,
principalmente em adolescente."Mas o que fazer, então? Segundo o
especialista, a única maneira de evitar chegar ao fim de semana com aquela
sensação de que não dormiu bem nenhum dos dias anteriores é regular o sono de
segunda a sexta. "O fim de semana é para dormir a mesma quantidade da
semana", orienta. Moreira dá uma dica para saber o quanto cada um de nós
precisa de horas de sono. “A pessoa tem que pensar assim: em um período de
férias, sem compromisso – não na primeira semana porque você está só
compensando – na segunda semana de férias, sem compromisso, qual é a sua
quantidade de sono? Essa será a sua necessidade de sono. O ideal é que ela faça
de segunda a domingo aquelas horas de sono." O tempo de sono que cada um
necessita varia, em 90% das pessoas, de sete a nove horas, afirma o médico.
"Tem gente que se acha valente, que cinco horas são suficientes, mas não é
verdade", pondera. O sono é fundamental para regular uma série de
processos no nosso organismo. Quando não conseguimos manter uma rotina que
contemple as horas necessárias de descanso à noite, estamos sujeitos a
desenvolver desde alterações de humor no dia seguinte até problemas
cardiovasculares a longo prazo. O médico ressalta que um déficit diário de duas
horas de sono – uma pessoa que precisaria dormir sete horas e dorme cinco
horas, por exemplo – já é suficiente para ter prejuízos. Ele cita como exemplos
"alterações de humor, irritabilidade, problemas de memória e pior
desempenho acadêmico". O indivíduo também vai perceber que acorda com a
sensação de que não teve uma noite revigorante e passa a se sentir sonolento em
diversos momentos do dia. Quando vira rotina, a pessoa passa a ter uma
"privação crônica do sono, que tem períodos de melhora e piora", de
acordo com o especialista. Essa condição pode fazer surgir ou agravar problemas
de saúde, complementa Moreira. "A longo prazo, já se sabe que pode ter
comprometimento cardiovascular. Trabalhadores de turno, da segurança, da
saúde... a pessoa tem mais risco de doença cardiovascular. Tem evidências
científicas que mostram alterações endoteliais – quando o revestimento interno
dos vasos fica inflamado, é o princípio de uma doença cardiovascular. infarto,
AVC, hipertensão..." Outro problema tem a ver com o metabolismo. Ao dormir
pouco, o organismo entende que estamos sob estresse. "Ele [corpo]
tende a conservar energia em situações de estresse. Quando você está privado do
sono, o hormônio da saciedade está deprimida a secreção e o hormônio da fome
está aumentado. Então, você tende a comer mais se dormir pouco", explica o
médico. Higiene do sono Uma das causas
apontadas por quem vai para a cama tarde e precisa acordar cedo é o excesso de
atividades, sejam de lazer ou trabalho. Mas é fundamental, segundo o
especialista, que exista um planejamento para a hora de se deitar e que seja
feita a chamada higiene do sono. Basicamente, consiste em nos desconectarmos de
telas, além de evitar atividades físicas algumas horas antes, refeições e
bebidas com cafeína ou alcoólicas. A temperatura do quarto também deve estar
adequada, já que ambientes mais frescos ajudam a pegar no sono mais rapidamente.
( Fonte R 7 Noticias Brasil)