MPF denunciou Amarildo da Costa, Oseney da Costa e Jefferson Lima por duplo homicídio qualificado e ocultação de cadáver.
A Justiça Federal aceitou, nesta sexta-feira (22), a denúncia do Ministério Público Federal (MPF) contra Amarildo da Costa Oliveira, Oseney da Costa de Oliveira e Jefferson da Silva Lima pelo assassinato do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips. Eles foram enquadrados nos crimes de duplo homicídio qualificado e ocultação de cadáver.No documento, o MPF explica que Amarildo e Jefferson confessaram o crime, enquanto Oseney teve a participação comprovada por depoimentos de testemunhas. A denúncia traz ainda prints de conversas e cita os resultados de laudos periciais, com a análise dos corpos e objetos encontrados. De acordo com o órgão, já havia registros de desentendimentos entre Bruno e Amarildo por pesca ilegal em território indígena. O que motivou os assassinatos foi o fato de Bruno ter pedido a Dom que fotografasse o barco dos acusados, o que é classificado pelo MPF como motivo fútil, podendo agravar a pena.Bruno foi morto com três tiros, um deles pelas costas, sem nenhuma possibilidade de defesa, o que também qualifica o crime. "Já Dom foi assassinado apenas por estar com Bruno, de modo a assegurar a impunidade pelo crime anterior", informou o MPF. Relembre o casoDom e Bruno desapareceram em 5 de junho, após terem sido vistos pela última vez na comunidade São Rafael, nas proximidades da entrada da Terra Indígena Vale do Javari. Eles viajavam pela região e entrevistavam indígenas e ribeirinhos para produção de reportagens para um livro sobre invasões de áreas indígenas. O Vale do Javari, a terra indígena com o maior registro de povos isolados do mundo, é pressionado há anos pela atuação intensa de narcotraficantes, pescadores, garimpeiros e madeireiros ilegais que tentam expulsar povos tradicionais da região.Leia também: Vale do Javari é palco de conflitos com pescadores e garimpeiros Dom morava em Salvador, na Bahia, e fazia reportagens sobre o Brasil havia 15 anos para os jornais The New York Times e The Washington Post, bem como para o britânico The Guardian. Bruno era servidor da Fundação Nacional do Índio (Funai), mas estava licenciado desde que tinha sido exonerado da chefia da Coordenação de Índios Isolados e de Recente Contato, em 2019.Em 15 de junho, a Polícia Federal localizou os restos mortais dos dois. A corporação encontrou os cadáveres depois de o pescador Amarildo da Costa confessar os assassinatos e levar os policiais até o local onde havia enterrado os corpos. Exames realizados pela Polícia Federal no Instituto Nacional de Criminalística, em Brasília, constataram que os materiais encontrados eram de Dom e Bruno. A perícia chegou a essa conclusão após analisar as arcadas dentárias das duas vítimas. A perícia da PF informou ainda que o jornalista e o indigenista fossem mortos com tiros de uma arma de caça. Segundo a corporação, Bruno foi atingido por dois disparos no tórax e no abdômen e outro no rosto. Dom foi vítima de um disparo na região entre o tórax e o abdômen. ( Fonte R 7 Noticias Brasil)