Pelo menos 39 pessoas foram presas arbitrariamente
no período eleitoral, incluindo sete possíveis candidatos.
As eleições realizadas no último dia 7 de novembro na Nicarágua,
nas quais o presidente Daniel Ortega obteve 75% dos votos, foram cercadas de
diversas irregularidades e grande parte da oposição foi impedida de participar
delas, afirmou nesta terça-feira (14) o Escritório da ONU para os Direitos
Humanos.A alta comissária adjunta das Nações Unidas para os Direitos Humanos,
Nada Al-Nashif, disse hoje que estas eleições foram uma oportunidade perdida
para a Nicarágua avançar "para uma solução pacífica e democrática para a
crise política, social e dos direitos humanos que afeta o país desde 2018".Em
vez disso, "a preocupante deterioração dos direitos civis e políticos
durante o processo eleitoral levou à exclusão arbitrária de muitos
nicaraguenses da participação nas eleições, especialmente aqueles que tinham
opiniões diferentes das do partido no poder", afirmou.No período eleitoral
entre maio e outubro, o escritório da ONU chefiado pela alta comissária
Michelle Bachelet documentou a detenção arbitrária de pelo menos 39 políticos,
defensores dos direitos humanos, empresários, jornalistas e líderes camponeses
e estudantis, incluindo sete possíveis candidatos.Todos eles "foram
detidos com base em disposições legais incompatíveis com as normas
internacionais de direitos humanos", disse Al-Nashif, que denunciou que 35
dessas pessoas ainda estão detidas no centro de prisão preventiva "Nuevo
Chipote", nos arredores de Manágua."Muitos têm estado detidos
incomunicáveis por mais de 90 dias, alguns em solitária prolongada, e só
puderam ver seus parentes em ocasiões isoladas", lamentou Nada Al-Nashif,
em uma sessão especial do Conselho dos Direitos Humanos na Nicarágua.As
condições em que estes detidos se encontram representam um risco real para sua
integridade física e mental, podendo constituir um tratamento cruel, desumano
ou degradante ou mesmo uma tortura, afirmou em seu discurso.Além destes
detidos, o escritório da ONU acrescenta mais oito ativistas e jornalistas
detidos durante o fim de semana eleitoral e nos dias seguintes, dos quais
apenas três foram libertados, enquanto os restantes também se encontram
incomunicáveis.A alta comissária adjunta disse que todos os detidos de forma
arbitrária "devem ser libertados imediatamente" e que também deve ser
restaurada a personalidade jurídica dos partidos políticos e organizações da
sociedade civil que a perderam nos meses que antecederam as eleições.Nesse
sentido, Nada Al-Nashif lembrou que três partidos políticos perderam sua
personalidade jurídica antes das eleições, "deixando importantes grupos
políticos que emergiram dos protestos de 2018 sem a capacidade de apresentar
candidatos".( Fonte R 7 Noticias Internacional)