Moscou
teria divulgado confissões de cidadãos ucranianos, que Kiev alega terem sido
obtidas sob tortura em meio à violenta repressão na Crimeia.
A Ucrânia, através de seu
Ministério das Relações Exteriores, chamou de “provocação” as acusações da FSB
(Agência de Segurança Federal da Rússia, da sigla em inglês) que sugerem o
envolvimento de Kiev na sabotagem de um gasoduto na região de Simferopol,
capital da Crimeia. As informações
são da agência ucraniana de notícias Ukrinform.Moscou
teria divulgado confissões de cidadãos ucranianos que implicariam a
Inteligência ucraniana e membros do Mejlis, o órgão representativo do povo
tártaro na Crimea. Diplomatas de Kiev, porém, dizem que tais confissões foram
obtidas ilegalmente, através de tortura, e contra-atacaram, acusando a Rússia
de tentar esconder a violenta
repressão contra os tártaros. Consideramos essas acusações, em
particular o envolvimento no ataque ao gasoduto, como mais uma provocação por
parte da Federação Russa”, disse um comunicado emitido pela pasta. “Exigimos
que a Federação Russa liberte imediatamente os cidadãos ucranianos detidos
ilegalmente e pare de torturar e perseguir representantes do povo tártaro da
Crimeia”, prossegue o texto.Eldar Menseitov, ex-vice-presidente do Mejlis, é um
dos acusados da sabotagem e foi preso no início de agosto. Outro detido por
Moscou pela mesma acusação é o líder tártaro Nariman Dzhelal,
atual vice do Mejlis. De acordo com a FSB, uma recompensa de US$ 2 mil (cerca
de R$ 10,5 mil) foi oferecida para que os homens instalassem um explosivo no
gasoduto. Violência e irregularidadesUm relatório publicado no início de agosto
pelo OHCHR (Escritório do Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos
Humanos, da sigla em inglês) revela casos de tortura e desaparecimentos
forçados atribuídos ao governo russo,
bem como uma série de irregularidades jurídicas cometidas em casos julgados por
tribunais da região anexada
da Crimeia.O relatório cita nominalmente a FSB como responsável por
muitas das irregularidades em ações judiciais. A mais comum é a de testemunhas
anônimas usadas pela acusação. Há casos de depoimentos
incriminatórios colhidos por agentes e de amostras de DNA
retiradas dos acusados antes que esses pudessem consultar os advogados. Eventos
extremos indicam desaparecimentos
forçados até hoje não solucionados. O documento cita 43
pessoas, sendo 39 homens e 4 mulheres, que sumiram na Crimeia desde março de
2014. Torturas também são habituais, e nenhum dos autores desses crimes foi
condenado até hoje.Por que isso importa?A tensão entre
Ucrânia e Rússia explodiu com a anexação da Crimeia por Moscou.
Tudo começou no final de 2013, quando o então presidente da Ucrânia, o pró-Kremlin Viktor
Yanukovych, se recusou a assinar um acordo que estreitaria as relações do país
com a União Europeia (UE). A decisão levou a protestos em massa que culminaram
com a fuga de Yanukovych para Moscou em fevereiro de 2014.Após a fuga do
presidente, grupos pró-Moscou aproveitaram o vazio no governo nacional para
assumir o comando da península e declarar sua independência. Então, em março de
2014, as autoridades locais realizaram um referendo sobre a “reunificação” da
Crimeia com a Rússia. A aprovação foi superior a 90%.Após o referendo, considerado
ilegal pela ONU (Organização das Nações Unidas), a Crimeia
passou a se considerar território da Rússia. Entre outros, adotou o rublo russo
como moeda e mudou o código dos telefones para o da Rússia.O governo russo
também apoia os separatistas ucranianos que enfrentam as forças de Kiev na
região leste da Ucrânia desde abril de 2014. O conflito armado, que já matou
mais de dez mil pessoas, opõe as forças separatistas das autodeclaradas
Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk, com suporte militar russo, ao
governo ucraniano.( Fonte A Referencia Noticias Internacional)
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