Setor
deve perder a chance de recuperar mercado no 2º semestre, período em que
tradicionalmente se vendem mais carros.
O fechamento das fábricas
da Volkswagen e da General Motors a partir desta
segunda-feira (21) e do corte de mais um turno de trabalho na Hyundai, dão o
tom de um segundo semestre preocupante para a indústria automobilística
brasileira, que segue com dificuldades em conseguir semicondutores para os
veículos. O setor deve perder a chance de recuperar mercado no período em que
tradicionalmente se vendem mais carros, na segunda metade do ano, e que vai
coincidir com a retomada mais consistente da economia, melhora do PIB (Produto
Interno Bruto) e mais pessoas vacinadas contra a covid. "É difícil
afirmar, no momento, se vamos conseguir atender à demanda no segundo
semestre", admite o presidente da Anfavea (Associação Nacional dos
Fabricantes de Veículos Automotores), Luiz Carlos Moraes. Ele concorda
que, a partir do próximo mês, as previsões são de PIB um pouco melhor - apesar
da inflação e dos juros mais altos -, e de maior controle da pandemia,
"mas não podemos carimbar que vai ter oferta (de produtos)".Moraes e
outros executivos da cadeia preveem que o equilíbrio entre oferta e demanda se
dará ao longo de 2022. Hoje, a espera por modelos como as picapes Strada e
Toro, da Fiat, pode passar de três meses. "Se tudo der certo, o segundo
semestre de fato será bom para a economia brasileira, o que deve aumentar a
confiança do consumidor, reduzir o desemprego e melhorar a renda da população,
mas não vai ter carro para entregar por falta de semicondutores", avalia
Ricardo Bacellar, da consultoria KPMG do Brasil. "Isso vai ser um
problemão para a indústria." Paradas
A Volkswagen suspendeu a produção por dez dias em São Bernardo do Campo e São
Carlos (SP). A fábrica de São José dos Pinhais (PR), fechada desde o dia 7,
voltaria hoje, mas teve a paralisação estendida até início de julho. A de
Taubaté, que parou no mesmo dia, voltou na quinta-feira. A GM suspendeu
operações em São Caetano por seis semanas, mas aproveita e prepara a linha para
a produção de uma nova picape. A planta de Gravataí (RS) está parada desde
abril e volta só em meados de agosto.A Hyundai passou a operar com apenas um
turno de trabalho. O terceiro tinha sido suspenso no fim de maio, e agora o
segundo turno também foi interrompido, até o fim do mês. Prejuízos Por causa da
escassez de itens eletrônicos, em sistemas de segurança, aceleração, freios e
iluminação, entre outros, a indústria global de veículos deve deixar de
produzir entre 2,5 milhões e 4 milhões de veículos este ano. Antes, a previsão
para o total da produção era de 84 milhões de unidades. No Brasil, seguindo
porcentuais globais, a perda pode passar de 120 mil veículos. Se confirmada, a
produção será de 2,4 milhões de veículos, ante 2,52 milhões previstos.Estudo
recém-concluído pela KPMG indica que, globalmente, a indústria automobilística
terá prejuízo de US$ 100 bilhões neste ano por causa das paradas de produção. O
valor equivale a 80% da perda total de US$ 125 bilhões projetada para os
principais setores que usam chips nos produtos. Segundo Bacellar, embora fique
com cerca de 10% da produção mundial de semicondutores, o setor automotivo
perdeu a prioridade nas compras ao suspender encomendas no ano passado, quando
fechou as fábricas para evitar contágios na pandemia. "A demanda por
semicondutores já vinha crescendo porque os automóveis estão cada vez mais
tecnológicos, mas o setor é muito dependente de poucos fornecedores", diz.Segundo
as empresas, a eletrônica embarcada representa 40% dos custos de produção de um
veículo hoje, o dobro de 20 anos atrás. A projeção é de chegar a 50% em uma
década. Um carro elétrico, por exemplo, usa o dobro de semicondutores do que um
a combustão. O veículo totalmente autônomo usará de oito a dez vezes mais. (
Fonte R 7 Noticias Brasil)
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