Opositores
do governo foram detidos durante protestos em Moscou contra o envio de
milhares de reservistas à Ucrânia.
Em Moscou, Mikhail Suetin
esperava ser detido na manifestação contra o envio de milhares de reservistas à
Ucrânia. No entanto, ele não previu que lhe entregariam uma ordem de
mobilização para ir ao front de guerra.Horas depois de Vladimir Putin ter
anunciado, na última quarta-feira (21), a mobilização de 300
mil homens e mulheres, Mikhail, músico de 29 anos,
foi protestar na avenida Arbat. Assim como outras 1.300 pessoas em todo o país,
foi detido. "Eu esperava os procedimentos habituais: a prisão, a delegacia
de polícia, o tribunal", relata o jovem, entrevistado por telefone na
quinta-feira (22) pela AFP. "Mas me dizer: 'Amanhã você irá para a
guerra', (...) isso sim foi uma surpresa", afirmou o músico. Segundo
a ONG especializada independente OVD-Info, Suetin não é o único manifestante
que recebeu ordem de mobilização na delegacia de polícia depois de ter sido
detido. O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, disse aos repórteres que não
havia nada de "ilegal" nisso.Suetin conta que, após sua prisão, os
policiais o conduziram a uma sala e queriam que ele assinasse uma intimação
para ir a um centro de mobilização do Exército. "Ou assina isso ou passa
dez anos na prisão", detalhou o opositor da ofensiva russa contra a
Ucrânia, lançada no dia 24 de fevereiro. Durante a última terça-feira (20), na
véspera da mobilização, o Parlamento votou duras penas de prisão aos desertores
e a quem se recusasse a se juntar ao Exército. No entanto, o texto ainda não
entrou em vigor. Suetin recusou-se a assinar a convocação por conselho de seu
advogado e foi liberado na manhã desta quinta-feira (22).Entretanto, os
policiais avisaram que o poderoso Comitê de Investigação da Rússia, encarregado
das averiguações criminais mais importantes, seria informado sobre a rejeição,
o que lhe traria "grandes problemas"."Infelizmente,
assinei" Andrei, que completou 19 anos na semana passada, também foi às
manifestações de quarta-feira em Moscou. Foi preso e recebeu a mesma intimação
para a mobilização.Ao contrário de Suetin, o adolescente assinou sob
"ameaça" o documento, do qual a AFP teve acesso a uma cópia digital."Claramente,
eu não poderia escapar. Olhei ao redor e decidi que não poderia resistir",
ele disse por telefone à agência de notícias. "Infelizmente,
assinei", contou. Andrei acaba de iniciar seu estudos na Universidade.
Apesar de o Kremlin e o ministro da Defesa, Serguei Shoigou, terem assegurado
que nenhum estudante seria convocado e que as forças russas privilegiariam
reservistas com habilidades específicas ou experiência militar, o jovem ainda
foi intimado."Mas, como se diz aqui, a Rússia é um país em que a expansão
do possível é infinita", ele constatou, com amargura.Andrei, que ainda
procura um advogado, acabou decidindo não ir ao centro de mobilização no
horário previsto, quinta-feira, às 10h, apesar de não saber quais serão as
consequências."Não disse nada aos meus pais, porque eles vão se preocupar",
explica. "Vou contar quando tiver uma ideia mais evidente do que vai
acontecer comigo", acrescentou o rapaz.( Fonte R 7 Noticias Internacional)
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