Colaboradores do premiê teriam participado de uma
celebração no ano passado, quebrando as regras de restrição do Reino Unido.
O primeiro-ministro britânico Boris Johnson anunciou nesta
quarta-feira (8) uma investigação sobre uma suposta festa de Natal celebrada em
Downing Street no ano passado em meio às restrições contra a Covid-19 e
pediu desculpas no Parlamento pelas piadas de sua equipe a respeito."Pedi
ao secretário do gabinete que investigue [...] e haverá consequências se
tiverem violado as regras", afirmou durante a sessão semanal de perguntas
na Câmara dos Comuns, reiterando que "garantiram repetidamente que não
houve festa".Sob forte pressão, Johnson também pediu desculpas "sem
reservas" pela "ofensa e impressão" causada pelas piadas de
alguns de seus colaboradores a respeito do assunto em um vídeo que vazou na
imprensa."Entendo e compartilho da indignação de todo o país",
afirmou, acrescentando que está "furioso" pelo vídeo. A polêmica
sobre essa suposta reunião noturna celebrada em 18 de dezembro de 2020 na qual,
segundo a imprensa, participaram até 50 membros do gabinete de Johnson, com
comida, bebida e jogos, abala o Executivo há mais de uma semana.Também se fala
de outro encontro, uma festa de despedida de um colaborador na qual o próprio Johnson teria
feito um discurso. O primeiro-ministro não citou esta segunda reunião.Nos
últimos dias, ele negou qualquer violação das regras que, naquele momento,
proibiam qualquer encontro social em espaços fechados, até mesmo entre duas
pessoas que não conviviam. Mas o vídeo divulgado na terça-feira (7) à noite
pelo canal privado ITV parece contradizer essa versão.Na gravação, Allegra
Stratton — a então recém-contratada porta-voz de Johnson —, o assessor especial
Ed Oldfied e outro auxiliar se preparam, em 22 de dezembro, para perguntas
comprometedoras em um ensaio das novas entrevistas coletivas televisionadas ao
estilo da Casa Branca, que Downing Street queria instaurar, mas acabou
cancelando.Não havia jornalistas presentes e Stratton responde a uma pergunta
de Oldfied sobre uma suposta festa de Natal em Downing Street na sexta-feira
anterior. "Essa festa imagino que tenha sido uma reunião de negócios, com
queijos e vinho, e sem distanciamento social", brinca. "O primeiro-ministro aprovaria uma festa de
Natal?", questiona Oldfied, ao que Stratton reage perguntando: "Qual
é a resposta?". Responsáveis serão
punidos
O vídeo coloca o Executivo mais uma vez em apuros, em um momento em que analisa
aplicar novas restrições em breve, como o retorno do trabalho remoto ou dos
passaportes de vacinação, para combater a propagação da variante Ômicron do coronavírus.Políticos
de esquerda e direita dizem temer que a população burle as novas regras se
considerar que os líderes não as respeitam. A polícia de Londres afirmou que
está examinando o vídeo em busca de "supostas infrações" da
legislação anti-Covid da época.O líder do Partido Trabalhista Keir Starmer
denunciou que Johnson e equipe "estão tratando o público com
desprezo". "Agora sabemos que o governo quebrou as regras, realizaram
uma festa e agora riem disso", afirmou.A polêmica provocou indignação
também nas próprias fileiras conservadoras de Johnson, onde muitos deputados
criticaram essa aparente violação das normas e alguns lembraram inclusive que
mentir na Câmara dos Comuns seria motivo para pedir a renúncia do
primeiro-ministro.Johnson, provando mais uma vez sua habilidade para o
'escapismo político', se limitou a defender que sempre confirmaram a ele que
respeitaram as regras e que, caso não tenha sido assim, os responsáveis serão
punidos. Uma associação de famílias de vítimas mortais da Covid-19 denunciou
"o comportamento de pessoas que acham que estão acima de nós"."Não
há palavras para descrever como é irritante e constrangedor ouvir a equipe de
Boris Johnson brincar sobre a violação das normas que eles mesmos
estabeleceram, enquanto outros [...] só puderam se despedir de seus entes
queridos por meio de uma tela", lamentou a associação em um comunicado.Com
66 milhões de habitantes, o Reino Unido é um dos países mais afetados da Europa
pela covid-19, que registra mais de 145,5 mil mortes desde o início da
pandemia. O governo de Johnson foi duramente criticado pelas políticas
equivocadas aplicadas no início da crise.( Fonte R 7 Noticiais Internacional)
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